segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Descobrindo várias coisas

Na última sexta-feira, dia 26, teve uma palestra no centro espírita com o título “A criança e seu desencarne”. Lógico que eu ia participar. A palestrante era uma médica pediatra de Brasília que usa a espiritualidade no atendimento aos seus pequenos pacientes.

Fomos eu, o Amaral e a Daia (minha cunhada) para assistir a palestra. A casa estava lotada, e a maioria das pessoas eram trabalhadores do Boa Nova e pessoas que perderam crianças na família.

A palestrante iniciou falando que decidiu abordar esse assunto nas suas palestras porque a morte de uma criança é sempre mais dolorosa, e por ser tão dolorosa, é pouco tocado no assunto, mas ela achava que exatamente por isso é que deveria se falar mais, porque o sofrimento da família nestes casos é tão grande, que precisa um respaldo. E que que na maioria dos casos, quando há o desencarne de uma criança, mesmo que não haja culpa de ninguém, as mães acabam se culpando, sempre acham que poderiam ter feito algo a mais pra salvar a vida de seu filho.

A medida que ela ia falando, eu ia me identificando e era impossível conter a emoção. Eu me culpei muito no início, tanto na perda do João Pedro quanto quando houve o aborto. É impossível a gente não se sentir inútil, responsável por tudo o que está acontecendo. Eu me sentia uma incompetente, incapaz de poder gerar um filho sadio e por um certo tempo acreditava que era culpa minha o João Pedro ter tido HDC e a outra gestação não ter evoluído. Mas graças a Deus e ao auxílio espiritual que tive no Boa além do apoio total da minha família eu consegui me desligar desse sentimento.

A palestra seguiu e foi sendo falado sobre o plano espiritual, sobre quem recebe as crianças desencarnadas, onde elas ficam, quem as cuida. A palestrante foi falando exatamente aquilo que eu tinha dúvida. Acredito que exista vida em um outro plano, mas sempre me perguntava como o João Pedro estaria vivendo neste plano sendo tão pequeninho e indefeso. A medida que a palestra foi transcorrendo as minhas dúvidas foram sendo respondidas e o meu coração foi ficando menos apertado.

Teve alguns fatos que me chamaram muito a atenção.

Explicaram que no plano espiritual existem creches e escolinhas iguais as aqui da Terra. Nessas escolinhas há um trabalho mútuo, pelo bem da criança desencarnada e das mães que ficam aqui neste plano.
Lá as crianças estudam, brincam, cantam, fazem todas as atividades normais de uma criança para o desenvolvimento e evolução de seu espírito e durante o sono físico das mães aqui na terra, as babás dessas creches, vêm até aqui, buscam o espírito destas mães e as levam ao encontro de seu filhinhos. Quando a palestrante falou isso, ela concluiu perguntando quantas mães que perderam filhos já não haviam sonhado com seus pequenos, que estavam se encontrando em um lugar belo, cheio de vida e que aquele “sonho” parecia real..... Eu não suportei o engasgo na minha garganta e cai no choro. Diversas foram as vezes que tive esse tipo de “sonho”. Num deles lembro nitidamente e eu estar num campo lindo, com uma árvore enorme e de repente ver o João Pedro, aparentando ter uns 2 aninhos, bem branquelo, vestindo um macacão de jeans azul correndo de bracinhos abertos e na pontinha dos pés vindo ao meu encontro, e quando nos abraçamos foi como se realmente estivesse acontecendo. Agora sei, que realmente estava acontecendo.

Sempre me perguntei porque toda vez que eu sonhava com o João Pedro, ele nunca era uma bebezinho de colo e sempre parecia ser uma criança na faixa dos 2 aninhos. Lá na palestra e nos livros que tenho lido eu encontrei essa reposta: quando uma criança desencarna, ela é imediatamente resgatada e levada a uma local tipo um hospital, onde passa por um período de recuperação. Por mais que fisicamente se pareça com uma criança, seu espírito é um espírito maduro, pois já viveu outras vidas e tem consigo uma bagagem. A medida que esta recuperação vai acontecendo no plano espiritual, o espírito da criança vai tomando consciência de sua situação e quando enfim se dá conta de tudo e percebe que está do outro lado, começa a por em prática o conhecimento que seu espírito adquiriu em outras vidas, e pode assumir a forma física que desejar, podendo ser um bebê de colo, ou uma criança maior. Tudo depende do grau de evolução do seu espírito e do seu merecimento.

É sim um pouco complexo isso tudo, eu mesma ainda tenho minhas dúvidas. Tanto que tomei a decisão de iniciar oficialmente no grupo de estudo doutrinários. Eu tenho muitas curiosidades e dúvidas. Sempre fui o tipo de pessoa que pra acreditar em algo, preciso me convencer por mim mesma, e pra isso eu preciso buscar as evidências. Já vivi tantas experiências confortadoras, mas ainda quero mais, não quero apenas me contentar com o que me dizem, quero entender tudo que acontece.

Durante a palestra foi falado também nos porquês da morte na infância, e neste momento me vi totalmente dentro do exemplo citado. A palestrante explicou que toda morte, com exceção do suicídio, está programada. Que todos nós antes de nascermos já fizemos um acordo de tudo que iremos passar neste plano, inclusive de como e quando morreremos. Ela explicou que muitas vezes, um espírito pede e combina uma vida curta para fazer com que os pais que receberem este filho busquem o caminho de Deus através dele. Deus é tão perfeito em suas obras, que sabe que se não for pelo amor a um filho,  talvez os pais não se mobilizariam em buscar o amor divino.

Me vi totalmente nesta situação. Desde adolescente eu sempre tive vontade de ir a um centro espírita, mesmo tendo sido criada para uma educação católica, mas não praticante. Fui batizada, fiz 1ª comunhão, crisma e recentemente me casei na igreja católica, mas sempre tive curiosidade de conhecer o espiritismo, pois desde cedo eu sempre fiquei impressionada com meu sexto sentido e queria saber o que é que tem por trás disso, mas acabei nunca procurando uma casa espírita.

Até tentei umas vezes ir, mas no meio no caminho alguma coisa me desviava, ou um passeio com as amigas, ou o local estava fechado.  Talvez naquele momento Deus já estivesse me chamando, mas eu, pelo meu livre arbítrio, optei em me omitir. Só que quando descobrimos a HDC do João Pedro, depois que eu recobrei a consciência, foi a primeira coisa que eu quis fazer. Liguei pra minha prima e pedi que ela me levasse no Boa Nova. E desde esse dia, não parei mais de frequentar. As pessoas buscam uma casa espírita pelo amor ou pela dor. Na maioria das vezes, como foi o meu caso, pela dor.

Deus viu que a única forma de me levar a Seu encontro era através da minha busca pelo meu filho, e quem sabe essa foi a forma que Ele encontrou de me levar até Ele e fazer ficar ao Seu lado.

Claro que tudo isso é muito hipotético. Para muitos isso é um absurdo, uma ilusão, uma coisa sem pé nem cabeça. Muitas pessoas me perguntam se me faz bem ir ao centro espírita, se eu não estou me iludindo. Se estou, eu não sei, mas que me faz muito bem, ah faz....

Vi uma frase no facebook de uma amiga e achei bem interessante: “a nossa vida tem a cor que a gente pinta”. Fui a fundo nessa analogia e interpretei que nós é que escolhemos como queremos ver a vida, se cinza ou cor-de-rosa. Nós é que escolhemos a forma como queremos viver, se felizes ou tristes. Óbvio que para uma pessoa tomar estas decisões sozinhas e conseguir aplicar na realidade ela tem que ser um ser muito iluminado. Como eu ainda não cheguei neste patamar, busco formas que me ajudem a me manter cor-de-rosa, alegre e acreditando que um dia tudo será explicado.

O que quero dizer é que nem eu mesma sei se isso que eu acredito é realmente verdade, mas alguém sabe me dizer o que é a verdade? A verdade está dentro do coração de cada um, a verdade é quilo que te faz bem, a verdade é aquilo que te conforta e que te deixa feliz, independe de que verdade seja essa. Eu sou feliz porque sou gremista, o Amaral é feliz porque é colorado, cada um à sua escolha, feliz à sua maneira. O que temos que aprender é a não julgar as pessoas. Cada um tem o direito de ser o que quiser e de acreditar no que quiser acreditar e não temos o direito de julgar e criticar as escolhas de cada um.

Enfim, acabei desviando do assunto inicial que era a apalestra, mas me empolguei tanto escrevendo que deixei fluir....

Bom, no final das contas, a palestra foi muito proveitosa. Mesmo sendo um assunto delicado, que me fez aflorar a emoção, aprendi mais algumas coisas que confortaram meu coração e que com certeza me darão força para seguir meus passos.

Nesta semana inicio uma nova caminhada, em busca de mais conhecimento e quem sabe com isso, poder ajudar as pessoas, se elas se permitirem, claro. Quero aproveitar e dedicar este momento da minha vida ao meu filho, que só por ele é que estou vivendo, e só por ele é que encontrei o caminho de Deus. Mesmo não tendo ele em meus braços, esse anjinho mudou a minha vida. E hoje posso repetir com firmeza uma frase de Chico Xavier: “Só existe algo mais marcante que perder um filho: descobrir que ele continua VIVO”.

Fiquem com Deus.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Para além do sofrimento

Depois de tudo que se passou em minha vida nesses últimos meses, tenho dedicado parte do meu tempo à estudar um pouco sobre a doutrina espírita. Só assim consigo entender e aceitar com menos dor todos estes acontecimentos.

Eu que não tinha o hábito da leitura e nem se quer lembro quando havia sido a última vez que tinha pego um livro, da perda do João Pedro até hoje, nunca mais fiquei sem ler. Isso ocupa minha mente, não me deixa ociosa, além de sempre agregar algo interessante ao meu conhecimento.

Gosto mais das leituras técnicas, que expliquem a doutrina e que a relacionem com a psicologia. O último livro que li foi o "Conversando com os Espíritos" do autor James Van Praagh. Achei o livro interessantíssmo, como todos os outros que já li deste autor.

Mas um dos capítulos deste livro me marcou muito. Me vi durante praticamente todo o texto, em todas as etapas descritas. Mesmo a quem não acredita no espiritismo, penso que este tipo de leitura fará bem, pois muito além de uma colocação religiosa, é feita uma colocação da realidade.

Scanneei as páginas do capitulo 9 e vou postá-las aqui, para dividir como todos. Todos nós um dia já perdemos alguém, e infelizmente ainda vamos perder. É a lei da vida, um dia todos partirão para outro plano, e cabe a quem fica aqui, decidir como levar o resto da vida.

Livro Conversando com os Espíritos, James Van Praag
Capítulo 9 - Para Além do Sofrimento




















domingo, 21 de agosto de 2011

Uma fantástica experiência

No post de hoje eu vou contar uma experiência que tive e achei fantástica: Cirurgia Espiritual.

Assim que soube que eu havia perdido meu bebê com 8 semanas de gestação, fui ao centro espírita em busca de uma orientação pra tentar entender tudo isso que estava se passando na minha vida. Conversei com a diretora da casa e ela me explicou algumas coisas sobre o plano espiritual, sugeriu que eu lesse um livro e tentou me deixar mais tranqüila dizendo que isso não era por acaso. Ela me pediu que assim que eu fizesse o procedimento de curetagem, que eu voltasse à casa para participar do grupo de cura, pois seria feito um trabalho junto ao plano espiritual pela minha recuperação.

O grupo de cura lá no Boa Nova funciona da seguinte maneira: a pessoa participa de 4 encontros semanais que são chamados de pré-operatórios. No quinto encontro acontece a cirugia espiritual e depois segue mais quatro encontros que são chamados de curativos. Durante a seção é feita uma prece inicial, depois tem uma palestra sobre assuntos relacionados à saúde, aí vem os atendimentos de pré e pós operatórios e por último a fluidificação da água. É como se estivéssemos fazendo um tratamento físico. Normalmente vamos antes no médico, fazemos os preparativos, realizamos o procedimento e depois seguimos nos tratando. A água fluidificada é como se fosse o remédio. Precisa ser ingerida pequenas doses diárias durante o tratamento.

No primeiro dia que participei era casualmente dia de cirurgia, então haviam várias pessoas que já estavam em pré-operatório que fariam suas cirurgias naquele dia. Eu tinha curiosidade de saber como isso funcionava, pois não fazia nem idéia. O coordenador do grupo iniciou a seção com uma oração, explicou a mecânica do grupo e disse que como teria cirurgia naquele dia, não teria a palestra de costume. Pouco depois começaram a chamar as pessoas de duas em duas, as encaminhavam para uma salinha onde os médiuns estavam e uns cinco minutos depois elas saíam e podiam ir embora. Fiquei mais curiosa ainda, pois não podia ver o que se passava naquela salinha. Enquanto esperava na sala do grupo, todos ficavam lendo, rezando em silêncio, ou qualquer outra coisa, menos conversando.

Quando acabaram as cirurgias, veio então o momento de atendimento dos pré e pós operatórios. Na verdade é um atendimento simbólico, pois é feita uma prece e depois o coordenador vai citando pausadamente os nomes das pessoas que estão em tratamento e solicita que os médicos e enfermeiros do astral possam realizar o seu trabalho e todos os participantes ficam em oração silenciosa.

Eu estava caindo de sono, quase não conseguia segurar a minha cabeça. Estava até com vergonha, mas era mais forte do que eu. Achei isso um tanto estranho, pois eu cheguei lá normal, não estava cansada. Só que meu sono foi interrompido quando o coordenador citou o meu nome na hora da prece e imediatamente eu senti uma cólica absurda, cheguei a pular na cadeira. Que sensação estranha, era como se eu tivesse fazendo um exame ginecológico, sentia contrações no útero. Achei aquilo tão incômodo e fiquei um pouco assustada, mas logo passou.

A prece seguiu para as outras pessoas e depois foi o momento de fluidificação da água e encerramento do grupo. Fiquei pensando: “só isso?” Achei tão ligth que fiquei até desapontada. Pensei que veria manifestações de espíritos e que assistiria as cirurgias, mas não. Só fiquei muito intrigada com aquele sono e com a cólica.

Senti cólicas o resto da semana, então associei ao procedimento de curetagem que tinha acabado de fazer e não dei muita importância, ia deixar pra falar quando fosse na consulta com meu médico. Na semana seguinte, voltei ao grupo de cura no Boa e desta vez, mal eu entrei e o sono me dominou. Não consegui prestar atenção em nada da palestra, acho que deve ter sido muito boa, pois no final vi várias pessoas parabenizando a palestrante.

Desta vez o sono era mais que absurdo, como se eu estivesse desmaiada e não conseguisse me firmar. Fora a cólica de novo na hora da prece. Fiquei muito encucada com isso, e quando o grupo encerrou, fui até a coordenadora da noite perguntar por que isso estava acontecendo comigo.

Ela me disse que eu deveria agradecer, pois o sono era nada mais do que um anestésico e a cólica era o resultado do trabalho do plano astral. Fiquei muito impressionada. Pude sentir fisicamente as sensações transmitidas pelo plano espiritual. Nas semanas seguintes o sono e a cólica diminuíram e eu pude prestar atenção às palestras. Os assuntos abordados sempre foram muito interessantes, e aprendi várias coisas.

Chegou então o dia da minha cirurgia. Foi feita a prece inicial e logo começaram a chamar as pessoas. Eu estava um pouco ansiosa, curiosa pelo que ia acontecer. Quando me chamaram, me pediram que eu deitasse na maca indicada, me cobriram com um lençol branco e vários médiuns se colocaram na volta. Dois destes médiuns conheciam a minha história e percebi que eles estavam emocionados. A Léia, que uma das pessoas que tenho muito carinho, falou baixinho no meu ouvido que durante o trabalho era pra eu me imaginar grávida, que tudo daria certo.

O coordenador do grupo veio então confirmar meus dados, e falou “tiveste um aborto recente né!?” e eu respondi que sim. Então ele me perguntou se eu já tinha filhos, aí contei a ele que tinha tido um filho no final do ano mas que ele havia falecido, então ele e os demais médiuns se entreolharam e fizeram uma prece. Fiquei intrigada, pois pareceu que eles se falaram com os olhos.

Pediram então que eu fechasse meus olhos e que durante o trabalho eu só pensassem em coisas boas. Assim que fechei meus olhos, imediatamente acendeu dentro da minha cabeça uma luz verde. Achei estranho, pois eu não estava fazendo esforço pra pensar em uma luz verde, mas também não impedi que esta luz se misturasse aos meus pensamentos. Fiz então como a Léia havia sugerido, fiquei me imaginando grávida. Vinha na minha memória os momentos em que eu estava grávida do João Pedro, que eu ficava fazendo carinho na minha barriga, quando eu passava na ruas as muitas pessoas ficavam me olhando admirando a beleza da minha barriga.

Foi super rápido e não aconteceu nada de mais. Apenas foi feita uma prece pedindo a presença do Dr. Bezerra de Menezes, depois todos ficaram em silêncio apenas irradiando energia positiva enquanto um dos médiuns ficava com a mão na região dos meus órgãos reprodutores. Tudo sem toque físico, apenas emanando energia.

Senti uma sensação tão boa, uma paz tão grande. Senti muito forte a presença do João Pedro e da minha avó materna. Fui criada por ela, e tenho certeza que ela cuida de mim até hoje de onde ela está. Com certeza ela não me deixaria sozinha numa hora dessas.

Saí de lá bem tranquila, como se tivesse tomado um calmante. Mas estava curiosa com o fato daquela luz verde ter invadido a minha mente. No dia seguinte fui pesquisar o significado da cor verde na cromoterapia e me impressionei. Encontrei várias teorias, mas todas elas afirmavam algo em comum: Verde é a cor da cura. Uma das frases que achei mais simples e completas foi: Verde é a cor básica para o processo de cura. Está ligada ao crescimento, à saúde, à segurança e à recuperação. Representa o caráter individual e o ego.

Eu não pensei em verde propositalmente, nem sequer sabia o significado desta cor, mas achei tão interessante o fato dela ter invadido a minha mente. Tem coisas que acontecem que parecem não ter explicação.

Nas semanas seguintes eu entraria no processo de pós operatório e a cada dia que eu participava do grupo, as cólicas iam diminuindo o sono não aparecia durante as palestras e eu ia me sentindo mais leve.

A minha participação no grupo de cura acabou e pouco tempo depois meu médico me pediu que eu fizesse uma ecografia pra verificar clinicamente como tudo estava. A médica que realizou o exame brincou dizendo que meu útero e meus ovários estão lindos, grandões e com aparência bem saudável, só esperando a hora de fecundar.

Nunca foi atestado nada de problema físico com minha saúde reprodutiva, mas mesmo assim acho que o plano astral trabalhou muito para que eu ficasse mais forte, mais resistente e pronta pra quando eu resolver ter uma nova gestação.

Lá no Boa eles deixaram bem claro que o tratamento espiritual não pode ser feito sozinho. Ele é um complemento do tratamento médico. A medicina tradicional cuida do corpo físico, da matéria, e a espiritual cuida da alma. O importante é ter fé e acreditar. O pensamento positivo é que faz toda a diferença.

Eu adorei esta experiência e recomendo a todos que têm interesse. Mas ressalto a importância de se avaliar a idoneidade da casa espírita em questão. O amor de Deus não tem preço e esse tipo de tratamento jamais pode ser cobrado.

Para quem tem interesse, deixo aqui o contato da Casa Espiritual Boa Nova, onde realizei a minha cirurgia.
Rua Sto Inácio, 133 - Cristo Rei
São Leopoldo - RS, 93020-450
(51) 3589-7771

Já me recomendaram também o Templo Espírita Tupyara do RJ que operam pelo espaço. A força da Luz Divina não tem barreiras e vai em qualquer lugar.
Rua Luiz Bezerra, 116, Engenho Novo
Rio de Janeiro – RJ, CEP 20.710-160
(21) 2581-3399  /  (21) 2581-3499 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um dia dos pais incompleto

Sem sombra de dúvidas esse dia dos pais não foi como a gente sonhou um dia.

No dia dos pais do ano passado eu estava grávida e um dia antes o Amaral tinha feito uma cirurgia, então passamos aquele dia no hospital, com ele ainda meio grogue por causa dos efeitos da anestesia. Mas mesmo assim foi um dia especial. Todos que foram visita-lo desejaram Feliz dia dos Pais, inclusive médicos e enfermeiras. Naquela época, fazíamos planos de como seria nosso próximo dia das mães e dia dos pais.

No dia das mães deste ano a tristeza parecia menor, porque naquele dia estávamos dando a notícia pra nossa família que um novo bebê estava a caminho. Havia uma expectativa, uma chance de um recomeço, uma esperança de que dias melhores viriam. Mas infelizmente aconteceu tudo que todos já sabem...

Então veio se aproximando o dia dos pais e eu fui ficando angustiada. Como fazer esse dia ser agradável pro Amaral sem entrarmos num clima triste????

Convidei nossos familiares pra fazermos o passeio de Maria Fumaça em Bento Gonçalves, e todos toparam. Comprei os ingresso antecipados e estávamos só aguardando o domingo.

O Amaral é super centrado, ele sempre me ajudou a tentar sair do desespero que eu ficava por causa de tudo isso que aconteceu com a gente. Ele sempre foi muito forte, sempre tratou a coisa com consciência, nunca se deixou abalar, mesmo eu sabendo que ele também sofria. Ele estava se mostrando bem, forte, e que aquele dia dos pais seria apenas mais um, mas no meu íntimo, eu tinha medo. Medo de ele estar sufocando um sentimento, medo uma hora ele acabar explodindo.

Assim que passou a meia noite de sábado pra domingo, eu o abracei e disse que sonhava outra coisa praquele dia dos pais, mas que diante de tudo, eu só podia abraça-lo e estar com ele. Ficamos abraçados, choramos um pouco, conversamos sobre os últimos acontecimentos na nossa vida e então eu lhe dei um bilhetinho que escrevi desejando Feliz dia dos Pais e relembrando um fato que nos marcou.

Durante a semana, tivemos uma experiência no centro espírita que nos fez sentir muito a presença do João Pedro em nossa vida e reforçou muito o amor que existe entre nós. Até então somente eu sentia, somente eu recebia os sinais do plano astral, mas desta vez o Amaral é que recebeu um recado através do plano espiritual e traduzimos isso como uma presente de dia dos pais.

Chegou então o domingo de manhã e fomos rumo à Bento Gonçalves. Fomos, eu, o Amaral, meu pai e minha mãe, meu sogro e sua esposa, minhas cunhadas, nossos sobrinhos e o cunhado do Amaral. Só faltou a minha irmã, que estava viajando e não pode estar presente, mas era um legítimo passeio em família.



Família trapo reunida

O trajeto que a Maria Fumaça faz, tem uma parada em Garibaldi, cidade onde mora a Débie, (mãe da Cecília que teve HDC, sobreviveu e está muito bem. Nos conhecemos no hospital em função dos nossos filhos e nos tornamos amigas virtuais). Comentei com a Débie que estaria lá no domingo e então ela me disse que se o tempo estivesse bom, passaria na estação pra gente se ver. Só que o tempo esta um horror, um absurdo de frio, com uma chuva chata. Simplesmente horroroso, um dia daqueles de não botar a cara na rua. Tinha certeza que a Débie não se arriscaria a sair com a Cecília naquele tempo feio, então nem estava esperando que as encontraria.


Eu tinha certeza que a Débie não iria, mas mesmo assim, quando o trem estava parando na estação, olhei meu celular pra ver se ela não tinha me mandado mensagem. Não tinha nada, então fiquei mais certa ainda.


Descemos na plataforma do trem e estavam servindo vinho e suco para degustação. Peguei uma tacinha e resolvi ir pra ponta da plataforma, no lugar onde a Débie disse que estaria se pudesse ir. Vai que ela tivesse resolvido aparecer.... Fui indo pelo meio das pessoas e arrastando comigo as outras 10 pessoas que estavam com a gente. E não é que a Débie estava lá mesmo.

Eu nem tinha percebido, mas de repente o Amaral olha pro lado e com um sorriso gigante, todo eufórico ele me grita “olha lá a Débie e a nenê”. Olhei e a Débie estava nos abanando pela janela do carro. Meu Deus, parecia que eu estava vendo alguém que há muitos anos eu não via. Saí correndo como uma louca e deixei todo mundo pra trás.

Não imaginava que a Débie iria até lá, mas no fundo acho que minha vontade de vê-los era tão grande que eu tinha uma pontinha de esperança, mesmo sabendo que era impossível. Mas o impossível aconteceu.

A Débie não desceu do carro, nem podia, com o tempo feio que estava não dava pra expor a Cecília. Conversamos pela janela mesmo. Tava uma garoa fininha mas eu não tava nem aí se ia me molhar ou não. Todo pessoal que tava com a gente foi ver a Cecília e saber quem era a guriazinha que eu tanto falo. Ela é simplesmente L I N D A... Muito simpática, fez caras e bocas com a gente, se riu o tempo todo. Imagina, nunca tinha nos visto, pensei que ela fosse estranhar. A Cecília se encantou pelo Renan, sobrinho do Amaral, ficava com os olhos vidrados nele.

Quando eu vi a Cecília no hospital, ela tinha uns 2 meses e era bem picorruchinha. Vi só de longe, pois na neo, eu de fora, não podia ter contato com os bebês, e agora ver ela ali, tão linda, tão gordinha, sabendo por tudo que ela tinha passado, me deu uma felicidade enorme. Uma paz tão grande, de saber que é possível sim vencer a HDC. O nosso foi um caso sem sucesso, mas é possível sim.

Pessoalmente eu só conversei com Débie duas vezes, e as duas vezes foi no hospital, se somar o tempo em que conversamos nessas duas vezes não deve chegar há 3 horas, mas quando a vi no domingo, parecia que nós éramos amigas de infância, ficamos tão a vontade e a conversa fluiu normalmente. A mesma coisa aconteceu com o Rafa, e isso que ele eu só tinha visto uma vez. Mas quando o abracei, desejando feliz dia dos pais, era como se eu tivesse abraçando alguém da família.

Uma pena é que não tínhamos muito tempo, pois o trem só fica 20 minutos parado na estação, então precisávamos voltar. Por mim não tinha problema nenhum ficar alí, mas toda nossa família estava junto, e as crianças queriam ir tomar suco, tirar fotos, aproveitar o passeio... entendo eles né...

Então tivemos que nos despedir, mas deixamos combinado que assim que esquentar um pouquinho, vamos fazem um passeio aqui no Zoo. Aí a gente vai botar todo papo em dia.

Nossa, foi tão bom, tão bom ter visto eles, que fiquei eufórica o resto do passeio. Mesmo a distância, e nos falando apenas pela internet, considero a Débie uma grande amiga.

Nós com a Débie e a Cecília (o Rafa estava na direção, por isso não aparece)

Amanda, Cecília e Renan (ela tava encantada por ele)

Mas voltando ao nosso passeio.... seguimos com a Maria Fumaça e estava muito legal. Várias apresentações dentro do trem, música, teatro... Mas durante vários momentos a minha cabeça se voltava pensando no João Pedro, imaginando que ele poderia estar ali com a gente, que já estaria com uma tamanho bom pra levar nesse tipo de passeio.  No vagão que estávamos tinha uma casal com um bebezinho que me lembrava muito ele, bem branquelinho e bicudinho. Olhava praquele menino e não conseguia deixar de comparar. Mas tentava disfarçar e não deixava a tristeza me dominar. Me dei conta também de que além de estarmos com o João Pedro junto, podíamos estar com outro bebezinho crescendo na minha barriga... mas infelizmente não tínhamos isso...

Quando estávamos quase chegando ao final do passeio, a guia do nosso vagão pediu que todos os pais que estivessem presentes ficassem de pé, pois receberiam um presentinho. O Amaral me olhou, não sabia o que fazia, e eu disse pra ele que ele tinha que ficar de pé e receber o presente dele. Entregaram então uma medalha de chocolate escrito super pai. Acho que eu fiquei mais sem jeito do que ele, sei lá, é estranha essa relação de ser pai e mãe mas não ter nosso filho nos braços.

Amaral com sua medalha de super pai


Seguimos nosso passeio, assistimos a apresentação da Epopeia Italiana e acabamos nosso roteiro de dia dos pais num café colonial. Nos divertimos bastante, rimos, brincamos, todos estavam muito felizes, mas ainda assim, falta algo.

Voltamos pra casa no final da tarde. Estávamos tão cansados que tomamos um banho e fomos descansar um pouco e tomar um chimarrão. Começamos a conversar, falamos dos acontecimentos do dia e acredito que isso tenha feito criar um clima nostálgico. Fui preparar algo pra comer e lá da cozinha percebi que o volume da televisão do quarto estava aumentando, aí me dei conta que era a música da Paula Fernandes (Eu quero ser pra você, A alegria de uma chegada, Clarão trazendo o dia, Iluminando a sacada...). Imaginei então que o Amaral estava querendo um carinho. Quando cheguei lá, ele já estava com os olhos vermelhos, e bastou eu chegar perto, pra ele desabar.

Eu sabia que aquele dia estava sendo pesado, e como falei antes, tinha muito medo de um dia ele não aguentar e explodir. Ele sempre foi o forte a situação, sempre matou no peito e me carregou quando eu não tinha mais força, e domingo foi minha vez de fazer isso.

Eu não tinha o que dizer, então só o abracei e disse pra ele chorar. Choramos juntos, pois eu, mais do que ninguém sei bem o que ele estava sentindo. Aí quando ele se acalmou um pouco, começou a desabafar. Disse que estava com dois sentimentos, que sabia que o que aconteceu tinha que acontecer, mas que não conseguia deixar de desejar que nossos filhos estivessem com a gente. Disse que cada vez que via aquele menino no vagão do trem, se imaginava no lugar do pai dele, disse que desejou o tempo todo estar com o João Pedro no colo, mas que sabia que onde o JP estava, estava bem cuidado.


Enfim, desabafou tudo o que estava sentindo, e posso garantir, foi tão forte e tão intenso quanto os meus sentimentos. Todo mundo fala que não existe nada maior que amor de mãe, mas amor de pai é tão grande quanto.


Quando ele se acalmou, já tinha desabafado, então ele me abraçou e me disse: “agora, nós vamos cuidar de nós, dar atenção pra gente. Vamos dar um tempo, ficar fortes de novo, e quando estivermos preparados, a gente vai tentar de novo e aí se Deus quiser, vamos conseguir realizar tudo que a gente sempre sonhou”.


Eu não tenho dúvidas disso. Nós ainda vamos concretizar o nosso sonho e vamos montar a nossa família aqui neste plano, sob o olhar dos nossos anjos no céu, sem pressa.








sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Minha vida em uma música

Ainda no embalo do nativismo....

Na última terça-feira dia 09/08 teve na minha cidade um evento nativista beneficente à APAE.
Há 11 anos acontece esse evento e nele se reúnem grandes artista da música nativista. Nesta edição tinha Elton Saldanha, Daniel Torres, Wilson Paim, Dante Ramon Le Desma, Raul Quiroga, Cesar Oliveira e Rogério Melo, entre vários outros.

Fomos com um casal de amigos, os dindos do JP que seriamos dindos do segundo bebê também, nossos amigos inseparáveis. Levamos nosso chimarrão, rapadurinha e estávamos curtindo as apresentações.

A primeira apresentação foi do grupo de dança da APAE. Eram 5 casaisinhos trajados tipicamente que apresentaram duas das nossas danças tradicionais. A maioria deles tinha síndrome de down e me impressionou muito a força de vontade, a alegria e disciplina deles dançando.

Eles não estavam nem aí se estavam fazendo certo ou errado, o importante é que estavam alí, se apresentando pra cerca de mil pessoas e todos estavam aplaudindo muito. Aquilo era uma vitória. Ver a alegria daquelas crianças especiais me fez lembrar muito o João Pedro e, assistindo o grupo dançar, me emocionei e algumas lágrimas rolaram. Minha amiga também se emocionou. Era lindo ver a lição de vida daqueles pequenos. Fiquei emotiva o resto da noite...

Seguiram as apresentações, o clima estava muito agradável, e lá pelas tantas subiu ao palco o intérprete Flávio Hansen, muito conhecido no meio nativista por ser campeão em vários festivais. Eu já conhecia seu trabalho e admiro muito. O show dele foi muito legal e a última música que ele cantou me marcou muito: Tocando em Frente, de Almir Sater.

Eu já conhecia a música, mas nunca tinha prestado a atenção. Tenho esse defeito: sei cantar as músicas, sei quem canta, curto e gosto, mas na verdade nem sei o que estão falando. Só que ouvir a música com toda aquela interpretação fez toda a diferença.

Prestei atenção em cada frase dita e me identifiquei com cada uma. Foi emoção até a última palavra.

Trouxe a letra da música para compartilhar aqui no blog, e pra quem é como eu, que não presta atenção nas letras, leia esta, pois é muito linda......



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Homenagem ao João Pedro

Eu nasci e fui criada em uma família que cultua as tradições do nosso estado. Desde criança eu vivia no CTG, usava vestido de prenda, participava de rodeios, grupos de dança e A D O R A V A...

A família do Amaral nunca foi envolvida com isso, mas ele gosta bastante e quando começamos a namorar era evidente essa nossa afinidade. Tanto que, quando saíamos, não íamos à pubs e danceterias como a maioria dos jovens fazem, nós íamos à bailes de CTG.
Na nossa casa aos domingos, sempre temos o sagrado churrasco ao som de música gaúcha tradicional. É um gosto nosso, e da maioria dos nossos amigos também.

Na nossa primeira gravidez, quando descobrimos que seria um menino, na hora já fiquei imaginando como seria a primeira pilcha dele (pra quem não conhece, pilcha ou indumentária é o nome que se dá a roupa tradicional do gaúcho). Estávamos todos “loucos de faceiros” (como dizemos aqui) com o gaudériozinho que chegaria na família, e pra já que comprei uma camisetinha que representaria o amor pelo Rio Grande.


O mês de setembro aqui no RS é um mês de festa, pois é quando comemoramos a Revolução Farroupilha que aconteceu entre 1835 e 1845, onde o objetivo dos gaúchos era se separar do restante do país e se tonar uma república independente. Infelizmente não vencemos esta guerra, mas em homenagem aos grandes guerreiros, o povo que cultua a tradição se reúne e faz um grande evento.

Na minha cidade, esta festa é bem tradicional. Durante uma semana, os CTG´s, Piquetes e pessoas simpatizantes se reúnem, fazem acampamento e a churrascada rola dia e noite. É uma festa muito bonita. Têm apresentações de danças tradicionais, músicas, shows... é muito legal.

Todo ano nós vamos, inclusive meu pai fica acampado direto. Ano passado, nesta época eu estava grávida e a barriga já começava a pesar e quando conversava com as pessoas o assunto era em função do João Pedro e que no ano seguinte (este ano) ele já estaria curtindo a festa vestido de gauchinho. Enfim, a expectativa de todos era muito grande e só se falava no netinho gaudério dos meus pais.

Uma coisa bem engraçada é que, como eu gostava de muito de escutar música gaúcha, o João Pedro acabou gostando também, e bastava ouvir o primeiro toque de gaita que ele se remexia todo na minha barriga. Eu até brincava que quando fosse ganhar ele, levaria pro hospital um CD de música gaúcha pra hora do parto, pra ele já nascer ambientado hehehe. Brincávamos também que ele tinha dedinhos de gaiteiro, pois dava pra ver pela ecografia que tinha dedos finos e compridos.

Naquela época eu ainda não sabia da HDC, e jamais poderia imaginar que tudo que planejávamos, não aconteceria. Enfim, o final dessa história todos já sabem...

Só que há algumas semanas atrás eu tive um sonho. (eu e meus sonhos né...)
Sonhei que estávamos no Acampamento Farroupilha, o João Pedro estava no colo do meu pai, chupando com um ossinho de costela assada e usando sua roupinha de gaúchinho tal qual eu sempre imaginei. A música estava alta e de repente chegou ao nosso acampamento o músico Renato Borghetti. (Um gaiteiro muito tradicional aqui no RS que faz shows pelo mundo inteiro). Quando vi o Borghettinho (assim que ele é chamado) chegando, falei pro João Pedro: “olha filho, esse aqui é o titio que toca aquelas músicas que tu adora, vamos tirar uma foto como ele.” Então peguei o João Pedro no colo e fomos tirar foto com o Borghetti. Neste momento eu acordei.

Acordei com a aquelas imagens nítidas, vivas em minha memória. Era tão real, como se realmente estivéssemos vivendo aquele momento tão sonhado por nós um dia. Me senti feliz, como se eu pudesse ter vivido pelo menos um pouquinho aquele momento com meu picorrucho.

Os dias passaram, contei este sonho pra algumas pessoas e elas se impressionavam com a clareza dos detalhes.

Aí no final de semana passado teve na minha cidade um evento que acontece todos os anos: a Guyanuba da Canção Nativa. É um evento tradicional, onde se revelam novos cantores da música nativista gaúcha. Fui olhar a programação do evento, e pra minha surpresa, na sexta-feira teria show do Renato Borghetti. Claro que eu não ia perder esta oportunidade. Falei com o Amaral e resolvemos ir no show. Pra mim aquilo seria como prestar uma homenagem ao meu filho. O Borghettinho não é um cara muito acessível, vive em turnê pela Europa, não faz shows por aqui com tanta freqüência e diante das circunstâncias, eu não podia deixar isso passar.

Era um show beneficente e a entrada eram 2kg de alimentos. Pensei que estaria lotado, mas me surpreendi. Tinha muito lugar sobrando, inclusive na área reservada. Infelizmente eventos assim estão sendo cada vez menos prestigiados, nossa cultura está cada vez menos sendo difundida... mas lamentos a parte....

Com o pouco público que tinha, conseguimos um lugar bem na frente, praticamente uma área VIP. Assistimos ao show na primeira fila, há poucos metros dele.
O show é simplesmente S E N S A C I O N A L, ao meu gosto claro. O cara literalmente dá um show na gaita. Toca muito.

Quando acabou o show, nosso amigo que é secretário de cultura da cidade nos convidou para visitar o camarim. Claro que topamos. Só deixamos as autoridades entrarem primeiro, mas logo depois entramos nós.

Imaginei que pela fama e importância do artista, que ele fosse um nojo, que não desse muita atenção aos fãs e que nem dos daria bola. Muuuuuito pelo contrário. Fomos recebidos por uma cara muito simples, simpático, que nos tratou super bem.

Contei a ele porque eu estava ali, falei do sonho que eu tive e ele ficou me olhando com os olhos de quem estava sentido ao ouvir aquilo. Mas não deixei a tristeza dominar o clima. Falei a ele que estava ali pelo meu filho, pois tinha certeza que ele adoraria estar naquele lugar com a gente. Então entre risos o Borghetti nos abraçou e com seu sotaque forte nos disse assim: “olha, eu tenho uma coisa com esse negócio de fertilidade... eu tenho cinco filhos, e cada vez que eu cuspo no chão, nasce uma árvore. Só tenho uma coisa pra dizer pra vocês... vocês chegaram perto de mim, e pegaram esse negócio, tá a caminho, pode ter certeza que tá a caminho. Esse show de hoje, eu dedico ao filho de vocês, João Pedro, e vocês vão me prometer que a próxima vez que eu vir em Sapucaia, vocês vão trazer no meu show os outros filhos que vocês tiverem e vão trazer no camarim pra eu ver”.  

Foi tão engraçado ele nos dizer tudo isso. O jeito como ele falou foi hilário. Mas enfim, nos divertimos e rimos muito com ele. O clima estava muito agradável, batemos várias fotos e tivemos que deixar as outras pessoas entrarem.

Saí dali como se eu tivesse feito um agrado ao João Pedro. Como se aquele sonho que eu tive, realmente tivesse acontecido e o JP tivesse ali com a gente. E quem disse que não estava????

Fiz isso por ele, pra ele e, com certeza, com ele.

No camarim...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Finalmente entendendo algumas coisas

Depois de ter ‘aceitado’ que minhas duas gestações eram coisas diferentes, comecei a me dar conta de uma série de coisas...

Eu sempre tratei aquela segunda gravidez como sendo o espírito do João Pedro que havia retornado, e depois de toda essa ‘descoberta’ pensei: “meu Deus, se esse bebê era outro, eu nunca dei a ele o devido carinho, sempre tratei ele como sendo o João Pedro”.

Quando fazia um carinho na minha barriga, era sempre pensando no JP, quando rezava pedindo proteção, era sempre pensando no JP, quando descobrimos que a gravidez não evoluiu, pensava que era o JP que estava me deixando de novo, quando passei pela curetagem, rezei pelo espírito do JP, depois da curetagem, rezei pela evolução e recuperação do JP.... Tudo pro João Pedro, só o João Pedro.....

Me coloquei no lugar desse segundo bebê e fiquei pensando: e se fosse comigo????  E se minha mãe me tratasse sempre como se eu fosse a minha irmã? Se não me visse como eu mesma, se me visse sempre como outra pessoa, como seria isso????

Me deu um peso na consciência, de nunca ter dedicado o meu amor a este ser que me foi dado. Nunca pensei nele como outro, como outro ser que não fosse o João Pedro. Quando me dei conta disso, chorei muito pedindo perdão a este filho, perdão por nunca ter lhe dado diretamente o meu amor, perdão por nunca ter entendido a sua vinda, perdão por ficar comparando ele/ela sempre com o JP. Passei a rezar o tempo todo, pedindo à ele/ela que me entendesse e que não ficasse triste comigo por ter agido daquela forma, rezava pedindo que não tivesse ciúmes do irmão mais velho, pois ele não tinha culpa.

Senti como se eu tivesse sido a culpada da gestação não ter evoluído. Acreditei que este espírito destinado a ser meu filho, tivesse desistido de ficar comigo porque eu não o tratava como devia, não respeitava sua individualidade, o tratava sempre como sendo outro. Fiquei desolada, chorando o tempo todo me sentindo culpada.

Descobri aí como uma mãe pode amar igualmente seus filhos. Percebi que não existe diferença de amor, que cada filho tem o seu espaço reservado dentro do nosso coração e um não interfere o sentimento pelo outro. A minha dificuldade era entender que eram dois, e não um só, mas finalmente entendi.

Passei então alguns dias pesados, embora estivesse feliz por ter entendido tudo o que estava acontecendo, tinha esse sentimento de culpa de não ter ‘aproveitado’ aquele tempinho de gestação do segundo filho, só que até chegar na semana seguinte, na próxima consulta de terapia, esse sentimento já tinha aliviado um pouco e nem foi o principal assunto.

Conversamos sobre o bem que tinha me feito enxergar a realidade, falamos sobre minha missão neste plano, sobre a missão dos meus filhos. Neste meio tempo, a revista Pais&Filhos já estava nas bancas e estava tendo uma boa repercussão do assunto, então falamos da minha facilidade de comunicação, do sentimento que tive ao ver a revista nas bancas, dos elogios que eu havia recebido pela forma como estava lidando com o problema e principalmente falamos sobre a minha vontade de ajudar as mães e pais que vivem o drama da HDC. Desta vez a consulta foi muito mais conversa do que propriamente desabafo, até rimos durante o tempo que fiquei lá.  

Só que no final da consulta o Régis teve outra vez uma reação diferente da habitual. Ele se recostou na poltrona, mudou o tom de voz, me olhou e disse: “tu tem uma missão muito bonita aqui neste plano. Deus te deu um dom, e tu deve usufruir deste dom para fazer o bem. E se algum dia tu te sentir culpada por alguma coisa, o ‘astral’ quer que tu saiba que ninguém te culpa de nada, que se algum dia tu fez algo que te fez sentir assim, já é entendido que tu não agiu propositalmente”.

Enquanto ele ia falando, as lágrimas corriam no cantinho dos meus olhos. Entendi perfeitamente o recado que ele estava me passando e fiquei feliz por poder receber. Finalmente se fechou um ciclo. Um ciclo onde só circula amor, carinho e bondade.

Entendi também de que dom estávamos falando... a comunicação. Sempre fez parte da minha vida, desde criança me comunicava bem, adorava um palco e um microfone, sempre participei de eventos sociais e adorava ser representante das coisas em que me envolvia. Quando criança, ouvi muitas vezes a frase “essa guria vai dar uma bela advogada de tanto que gosta de falar”, mais tarde ouvi “porque tu não faz jornalismo já que tu gosta tanto de escrever e escreve tão bem?”. Nenhum desses ‘achismos’ virou realidade, mas o fato é que ser comunicativa está no meu dia a dia, tanto no pessoal quanto no profissional.

Já que esse é um dom que eu recebi, preciso usar ele a favor do bem. A forma que posso fazer isso hoje é o que tenho tentado: ajudar mães e pais que passam pelo desespero de descobrir a HDC. Não sei se estou conseguindo, mas estou tentando fazer a minha parte.

Nesse caminho árduo até aqui, encontrei pessoas que dividem comigo esse mesmo objetivo, e juntas fazemos o que está no nosso alcance. Espero poder fazer muito mais, mas isso não depende só de mim, preciso de permissão e impulsão do plano astral.

Acredito que estou no caminho certo. Cada vez mais tenho a certeza de que sou uma pessoa abençoada, embora isso não me exima de ter quedas e sofrimento. O sofrimento faz parte da evolução do espírito.

Mas a maior certeza que tenho é que Meus Anjos estão sempre comigo, não é a toa que Eu fui inspirada pra colocar este nome no blog.