sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

Janeiro: iniciamos 2011 cheios de expectativas e esperanças. Praia com os amigos, momentos felizes e participação assídua no centro espírita Boa Nova.

Fevereiro: criação do blog do João Pedro (http://joaopedro-anjoguerreiro.blogspot.com) acompanhamento médico e preparação para encarar um novo desafio

Março: iniciamos as tentativas

Abril: descobrimos que estávamos grávidos... quanta felicidade....

Maio: sangramento, ecografias, retorno ao trabalho, mudança pra casa nova, descoberta da gestação interrompida, casamento religioso, curetagem (é... o mês de maio realmente foi o ápice)

Junho: desespero, culpa, insanidade atormentando

Julho: início da terapia semanal criação do blog Meus Anjos e Eu (http://meusanjoseeu.blogspot.com)

Agosto: a paz pareceu retornar

Setembro: inicio da reforma na casa

Outubro: stress com a reforma, aniversário deprimente, medo do final do ano

Novembro: muito stress com a reforma, aperto financeiro, desentendimentos, tristeza e desespero, acompanhamento médico, psicológico e espiritual (pretendo escrever um post sobre esse assunto)

Dezembro: fechamento de um ciclo, confraternizações de final de ano, natal muito agradável sem tristezas e esperança de dias melhores.

Bom, mesmo 2011 tendo mais motivos em verde, os momentos em vermelho foram tão pesados e tão sofridos que não consigo dizer se o ano que passou foi bom ou ruim. Mas uma coisa de bom aconteceu: passou.... e amanhã é outro dia, outro ano...

Não faz muito sentido dormir e acordar achando que tudo vai mudar apenas porque mudou o último dígito do ano, mas quem inventou a divisão do tempo em anos, meses, dias, horas, minutos e segundos, foi perfeito. Costumamos sempre dar tempo as coisas, e essa divisão é ótima quando queremos empurrar as coisas pra frente. Ah ano que vem eu faço isso, amanhã eu faço aquilo, daqui tantas horas eu vou em tal lugar.... isso é ótimo quando se quer usar uma desculpa para não fazer as coisas agora.

Enfim... não vim aqui pra ficar filosofando, vim aqui pra dizer que mesmo com tudo que aconteceu, mesmo com todas as tristezas que vivi neste ano que está acabando saio dele feliz. Aprendi muitas coisas com tudo isso, aprendi a dar valor aos sentimentos e às pessoas, principalmente à família e os amigos. Aprendi a respeitar as opiniões e entendi que ninguém é igual a ninguém e que isso é que faz a vida ser dinâmica.

Chega de ficar escrevendo e escrevendo.... o que quero dizer é que o ano de 2011 é o ano que marca a minha vida pois neste ano eu me tornei uma outra pessoa, e olhando para trás, acredito que me tornei uma pessoa melhor.

Fechando o post de hoje (e do ano), quero desejar a todos que me acompanharam  nessa caminhada, que 2012 seja uma ano de muita saúde, pois tendo saúde, as outras coisas dependem só da gente.

Digo, a quem desejar, que continuem acompanhando o blog, pois vou usar este espaço sempre quiser desabafar, contar alguma novidade e compartilhar conhecimentos e experiências.

Um dia recebi um e-mail que traz uma mensagem perfeita, e acho que ele cabe para o momento.

Um Feliz 2012 a todos. Que 2011 fique apenas na lembrança e que possamos usar nossas dores como instrumento para nosso crescimento.




 Senhor , está muito pesada, vou cortar um pedaço...



 Senhor, cortarei um pedacinho mais...
Eu assim poderei carregá-la melhor....

 Obrigado Senhor!

 E agora?
 Use sua cruz como ponte , atravesse e siga em frente....
 Ahhhhh! è muito pequena a minha cruz, eu não posso atravessar.....
Moral da história:
Nada nesta vida é por acaso !
Muitas vezes queremos nos livrar da "cruz" que nos é dada.
Mas para tudo tem um 'para quê' e um 'por quê'...
Deus nunca nos manda algo que não possamos suportar...

E se formos abreviar estes caminhos, certamente teremos problemas !
Não é preciso dizer MAIS NADA!!!
 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ah o Natal...Passou!

Quando eu era criança, bem criança, tipo 4 ou 5 anos, lembro dos Natais serem na casa  da minha vó, mãe do meu pai. Era sempre m monte de gente, meu pai soltava fogos e mais tarde se vestia de papai Noel pra distribuir os presentes pra criançada, claro que só depois de muito tempo fui saber que o Papai Noel era na verdade o meu pai, mas naquela época, era sim o Papai Noel que tinha vindo do Pólo Norte. Eu não entendia o por quê daquela festa toda, só sabia que era um dia de ganhar presentes, e eu adorava.

Em 1991, 3 dos meus 4 avós faleceram: o pai do meu pai em fevereiro, a mãe do meu pai em maio e o pai da minha mãe em dezembro. Foi um ano bem difícil e então a família do meu pai de da minha mãe se uniram e pela primeira vez passaram no Natal todos juntos e desde lá tem sido sempre assim. Em 1998, minha última avó nos deixou, então reforçou mais ainda a união da nossa família no Natal.

Durantes esses últimos anos a família vem aumentando. Tem os “agregados” fixos (Amaral e Leandro), e tiveram também aqueles que foram “temporários”. Tem também um que está em teste hehehe, mas fora os agregados, tem os novos integrantes de sangue: A Sofia, que nasceu em 2008 e o João Pedro que permaneceu fisicamente entre nós por pouco tempo.

O Natal do ano passado sem sombra de dúvidas foi o pior de todos. Meus avós já tinham partido, e já sabíamos como era a dor da saudade, mas uma coisa é partida de quem é mais velho, é a lei da natureza, outra coisa é a partida de uma criança. Então por mais que já soubéssemos o que era a dor da ausência, a ausência do João Pedro naquele Natal era inexplicável.

Este ano foi um ano de renovação, não só pra mim, mas pra toda minha família. Com a morte do JP todos nós aprendemos e repensamos muitas coisas. Eu tive que partir para o tratamento psicológico e até para medicamentos, senão seria impossível segurar a barra. Além disso, o tratamento espiritual, que me deu base para sustentar os outros tratamentos.

Eu estava com medo do Natal. Meu psicólogo andou falando em me dar alta lá m outubro, mas com a chegada do final do ano, a proximidade das datas, os medos foram aparecendo e ele resolveu postergar a dita alta. Foi a melhor coisa que podia acontecer, assim eu me senti mais segura e pude encarar melhor as temidas datas.

Meu desejo era que o Natal fosse na minha casa este ano, mas como a obra ainda não acabou, isso não foi possível. Então como sempre, a ceia foi na casa da tia Néia. Antes de sair de casa, estava arrumando algumas coisa no quarto quando de repente olhei pra cabeceira da minha cama e avistei o livro “Abrindo Portas Interiores” de Eileen Caddy. Esse livro trás mensagens para cada dia do ano, e o segredo está em ler apenas quando sentir vontade e não como uma obrigação. Como meus olhos foram atraídos para o livro, senti vontade de ler, e me deparei com a seguinte mensagem:

“Dia 24 de dezembro: A rapidez das mudanças poderá chocá-lo. Você tem sido preparado para elas há muito tempo. Através dos tempos, dia a dia, mês a mês, ano a ano, Eu preparei o cenário para estas mudanças acontecerem. Foram lhe dadas todas as oportunidades para você se preparar e se ajustar; portanto, você deveria estar preparado para ir em frente sem dificuldade. É uma questão de conscientização, de ser capaz de elevar sua consciência e ajustá-la ao que está acontecendo. As almas que já estão abertas para a consciência Crística estão sendo atraídas umas para as outras como imãs neste momento. Elas podem não perceber isto o tempo todo, mas ficará tudo cada vez mais claro no futuro próximo. Esta conscientização que atrai cada vez mais almas para um mesmo grupo permite que você reconheça o seu Cristo interior e dê graças eternas por esta percepção.”

Com sempre, esse livro acertou em cheio. A mensagem foi perfeita pra mim, pra minha situação e ocasião. Sempre que leio este livro é como se eu tivesse recebendo um recado de Deus. As palavras do texto caíram como uma luva e de certa forma me deram segurança, certeza de que estou sempre acompanhada por Ele.

E então chegou o momento da nossa ceia. Como de praxe,  dono da casa faz um agradecimento e inicia a oração. Quando foi a minha vez de agradecer, agradeci a minha família pelo apoio que nos deram este ano, e principalmente agradeci a Deus por eu estar ali, por eu eu ter conseguido superar as dificuldades e as dores e estar conseguindo viver bem, dentro do possível.  Li o texto que citei acima e mesmo que eu estivesse com lágrimas nos olhos, essas lágrimas não eram de tristeza, eram apenas e emoção, pois durante este ano que passou, aprendi a ser mãe de uma outra forma e eu sabia que ele não queria me vê sofrendo.

Seguimos nossa ceia, fizemos a entrega do amigo secreto e enfim a noite de comemoração do Natal passou. Passou e eu não sofri como eu “achava” que sofreria. Passei a noite alegre, rindo e brincando com todos. Depois da meia noite passamos na casa da minha cunhada e lá o clima continuou o mesmo e finalmente a data mais emotiva do ano passou e não me deixou seqüelas. Acredito que ele estava presente o tempo todo, pelo menos em pensamento, pois eu não deixei de pensar nele um segundo sequer, mas graças a Deus, aprendi a pensar sem sofrer. Pelo menos desta vez eu consegui.

Agora não tenho mais porque temer o Natal, nem data nenhuma. Sei que só depende de mim fazer com que eu fique bem em todos os momentos, independente de datas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aprendendo uma lição

Fazia tempo que eu tava querendo escrever um fato que aconteceu, mas nunca sobra tempo.....

As coisas andam bem, tudo dentro da normalidade. Esquecer o que passou? Nunca... mas é possível viver sem sofrer. Afinal, o que passou já passou e não vai mudar, então se não há remédio, remediado está. Mas outro dia aconteceu um fato que me marcou e que achei que era importante contar aqui no blog.

Comprei uma progressiva nos sites de compra coletiva e fui me arriscar num salão de beleza que eu nunca tinha ido. Ou seja, eu não tinha a mínima intimidade com ninguém do salão. Estava sentada no meu cantinho esperando ser chamada, e enquanto isso aproveitava pra ler as últimas páginas do livro que ganhei de aniversário. Estava lendo “A Cabana”, história de um pai que perde sua filha com 4 anos de idade e se encontra com Deus na cabana onde teria sido o assassinato da menina. Já tinha recebido grandes recomendações sobre o livro, tinham me dito que era lindo e que a história fazia nos revoltarmos e nos perguntarmos porque Deus fez aquele homem sofrer tanto... Mas sinceramente, eu não aguentava mais ler aquele livro. Quando chegou na metade, se tornou insuportável, uma história repetitiva e chata. Mas como eu não gosto de ler um livro pela metade, aguentei firme até o final.

Quando a cabelereira veio me chamar, ela fez uma exclamação em tom de pergunta: “lendo A Cabana!?” e eu respondi que já estava no final, então ela me perguntou o que eu achei, e eu na mais pura sinceridade falei que estava achando um saco. Que tinham me dito que eu morreria chorando, que iria me apavorar de como aquele pai suportou tanto sofrimento mas que eu não tinha achado nada de mais. Então a cabelereira me disse que também tinha achado uma droga, que não sabe de onde tiraram que o livro era emocionante. Até achei estranho encontrar alguém que concordasse comigo, pois TODOS me disseram que era muito bom.

Comentei com ela então que talvez eu não estivesse achando tudo isso porque eu havia passado por situação igual, então nada daquele sofrimento era novidade pra mim. Aí ela me disse “ah então estamos falando a mesma língua, porque eu também passei por isso”. Pronto, entendi o que aquela conversa significava e tratei de puxar outro assunto, pois sei o quanto é dolorido pra uma mãe falar sobre essa dor, ainda mais com uma pessoa estranha.

Seguimos então conversando sobre livros, espiritismo, várias coisas e quando o assunto acabou, ela não se aguentou e teve que perguntar: “quanto tempo faz?” respondi que fazia um ano, e ela perguntou de novo “que idade tinha?” respondi que nasceu num dia e faleceu no outro, e então ela me disse bem tranquila “ah, mas se tu frequenta uma casa espírita, já deve ter entendido os motivos disso tudo”. Respondi que tentava entender, e então ela me disse “faz 5 anos que minha filha morreu, ela tinha 17 anos, o namorado matou”. Nossa quando ela me disse isso, me deu um calafrio, um sensação tão ruim, e por um momento imaginei que deveria ser mais dolorido quando um filho nos deixa já adulto, depois de ter convivido juntos....

Não sabia bem o que dizer quando ela falou isso, então iniciei falando “quando perdi meu filho...” e ela imediatamente me cortou e disse: “aí tá uma coisa que tu precisa mudar se tu quiser te curar. A gente só perde aquilo que um dia nos descuidamos. Eu nunca vou dizer que perdi a minha filha, pois a coisa que eu mais fiz nesse  mundo foi cuidar dela pra que ela ficasse comigo. A gente só perde um brinco se descuidar da tarraxa. Então nunca diz que tu perdeu teu filho, pois eu aposto que tu fez de tudo pra cuidar dele.”

Diante disso o que eu poderia dizer? Concordei com ela e fiquei quieta, pensando no que ela tinha me falado. Quando o Amaral foi me buscar, entrei no carro e contei pra ele sobre isso e ele parou pensativo, me olhou e disse que isso era a mais pura verdade. E que realmente nós não perdemos nosso filho, pois fizemos de tudo pra que ele pudesse ficar aqui. Não perdemos também a segunda gravidez... ela foi interrompida, pois o que mais fizemos foi tomar cuidado para que tudo desse certo.

Depois fiquei pensando em como as coisas acontecem.... Eu estava num lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas e saí de lá com uma lição de moral, um aprendizado que tocou lá no fundo e de certa forma foi até apaziguador o que aquela mulher me disse, porque querendo ou não, sentia uma certa culpa por tudo o que aconteceu... por não ter conseguido impedir.

Sei que depois daquele dia, nunca mais usei o termo “perdi” e nunca mais vou usar, afinal, eu não descuidei um só instante. Tudo que aconteceu foi inevitável. A maior prova de que eu não tenho o controle de tudo e nem posso mudar aquilo que já está traçado.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Promessa é dívida [a minha tá paga]

Quando descobrimos que o João Pedro teria HDC, eu entrei em desespero (como todas as mães que descobrem isso) e me apeguei a tudo que me desse esperança de poder ter meu filho comigo.

Fui batizada, crismada e me casei na igreja católica. Quando criança cheguei até ser coroinha e na adolescência tentei participar de grupo de jovens, mas isso nunca durou muito e nunca fui assídua á religião. Era bem daquele tipo de pessoa que só lembra de Deus na hora que precisa. E foi justamente na hora em que mais precisei que me grudei a Ele por todos os caminhos. Busquei auxílio pela igreja Católica, no centro Espírita e amigos de outras religiões compartilhavam orações em meu nome. Universal, Batista, Graça de Deus, Luterana.... em tudo que era igreja as orações eram feitas e eu acreditava no poder de todas. Por algum caminho Deus tinha que me ouvir.

Hoje quando me perguntam qual é a minha religião, eu não sei direito o que responder, prefiro dizer que sou de Deus, e Deus pra mim é uma fonte de energia. Frequento muito mais o centro espírita, pois lá é onde encontro repostas pras minhas perguntas. Mas nem por isso deixei de ter fé e acreditar no poder dos santos da Igreja Católica.

Dia 8 de dezembro é dia de Nossa Senhora da Conceição. Ela é padroeira da minha cidade e da igreja em que me casei. Essa igreja é a mais movimentada de Sapucaia, e quem reza as missas lá é o famoso Padre Adilson. Todos os anos nesse dia é feita uma missa campal (no pátio da igreja) e ao fim dela todos seguem em procissão.

Eu havia feito uma promessa de que se Deus permitisse que o meu filho  ficasse comigo, eu o levaria na procissão vestido de anjinho durante 7 anos. Não foi permitido que ele ficasse comigo, mas Deus me deu a graça de tê-lo, por apenas 28 horas, mas eu o tive e pude vê-lo com vida. O que para muitos não significa nada, pra mim hoje vale como um grande presente. Por isso resolvi que iria na procissão mesmo assim. Claro que não foi uma promessa completa, eu não tinha ele no meu colo vestido de anjinho, mas tinha ele no meu coração.

Chegamos cedo e procuramos um lugarzinho pra se enfiar no meio da multidão. Estava muito ruim de acompanhar a missa, pois tinha um pouco de vento e isso dificultava pra ouvir os padres. Mas mesmo assim ficamos acompanhando e rezando. Rezei muito e pedi a Deus que acalentasse o coração de todas as mãezinhas que perderam seu filhos, nãos só por HDC, mas todas que sofrem a falta de um filho. Rezei também pelas crianças que deixaram seus pais, pedi que Deus permitisse que todos eles fossem bem recebidos e que encontrassem a alegria no céu. Rezei muito por todas essas crianças que tiveram HDC que hoje estão com suas famílias, pedi que Deus as proteja e que permita que possam gozar de boa saúde e que suas famílias tenham força para encarar as dificuldades.

A missa seguiu e na hora da comunhão , eu preferi não comungar, afinal não sei mais se sou católica, tendo em vista tantas experiências que tenho no centro espírita. Então optei por ficar em oração, pensando no João Pedro enquanto as pessoas comungavam. De repente fui atraída a olhar pro céu e me deparei com uma linda e enorme lua. Só no sábado entrou a lua cheia, mas na quinta, (dia 8) ela já estava enorme e praticamente completa.

Senti aquilo como um sinal de que ele estava ali comigo. Eu tenho essa coisa de relação da Lua com o João Pedro, já falei sobre isso no blog em vários posts, e pra mim, aquele momento foi sim um sinal de “comunhão” = “comum união” = “estamos juntos”. Me arrepiei, me emocionei e chorei na hora que vi a lua. Certamente ele sabia que eu estava ali rezando por ele, e cumprindo a promessa que fiz por ele.

Estava cheio de mamães com seus filhinhos vestidos de anjinhos, provavelmente pagando promessa também. Várias pessoas distribuindo flores, durante a procissão teve chuva de papel e pétalas. Seguimos o caminho em oração e a procissão terminou na frente da igreja com a coroação da Santa e em seguida iniciou as festividades do Natal Luz da cidade com fogos de artifício e acendimento das luzes da praça central.

A procissão estava muito bonita. Ano passado eu já quis participar, mas como tudo tinha acontecido recentemente e eu ainda estava com os pontos da cesárea, o Amaral me pediu que eu não me expusesse a este desgaste, então acabamos não indo. Mas esse ano não tinha escapatória. Minha promessa foi paga e meu dever foi cumprido.

Com relação a essa “dupla religiosidade”, não me incomodo com isso. Não sei se sou católica, não sei se dou espírita, sei que acredito em Deus e isso sim pra mim tem importância. Hoje vivo em Deus e Deus vive em mim, e não me importa por qual meio ele chegue a mim ou eu chegue a ele.

Não acredito em pecado, não acredito em castigo, e não acredito em demônios, nem em ressureição. Acredito sim que tudo está relacionado com energias (positivas ou negativas) e acredito que cada um é livre pra fazer, pensar e agir como quiser, mas que pra toda ação existe uma reação. A frase “aqui se faz, aqui se paga” eu prefiro trocar por “colhemos sempre os frutos do que plantamos”.

Plante amor, e colherá amor, plante ódio, e colherá ódio.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Passou... (assim espero)

E os dias mais temidos do ano passaram...

Eu estava “tentando” não sofrer por antecipação, pensando na chegada dos dias 2, 3 e 4 de dezembro, mas foi impossível conseguir resistir aos pensamentos e lembranças desses mesmos dias do ano passado. Tanto que uma semana antes eu praticamente surtei e não aguentei o tirão....
Porém, surpreendentemente os temidos dias foram bem menos aterrorizantes do que eu estava esperando.

No dia 2, dia que o João Pedro comemoraria seu aniversário de um aninho, eu estava com uma certa sensação de felicidade, comentei sobre isso no post anterior.

Naquele dia minha mãe me ligou cheia de dedos, sem saber direito como falar, e então captei a sua intenção e respondi “mãe, não se preocupa que eu to bem, bem mesmo, até me sentindo um pouco feliz”. Minha mãe começou a chorar no telefone, porque na verdade ela tinha me ligado pra me dar os parabéns porque fazia um ano que eu havia me tornado mãe. Ela ficou tão contente de saber que eu estava bem que se emocionou e me disse “filha, nós temos que ficar feliz hoje, porque a final, hoje faz um ano que Deus nos deu o João Pedro”. E realmente foi essa a sensação.

À noite eu fui no centro espírita e rezei muito, conversei com ele nos meus pensamentos e pedi a Deus que tomasse conta do meu menino. E pedi também que onde ele estiver, que pudessem fazer uma festa de comemoração pelo aniversário dele. Mas aí é que me dei conta que no céu, a comemoração só seria no dia seguinte...

Antes de dormir rezei pedindo a Deus que nos desse a permissão de sonhar com nosso pequeno. Que eu e o Amaral pudéssemos nos encontrar com ele em sonho e melhor ainda seria se pudéssemos nos lembrar disso no dia seguinte.  Mesmo estando bem, eu tinha medo de como me acordaria no outro dia, e naquela noite ao invés de um, tomei 2 remédios pra dormir (com o desespero das últimas semanas, tive que me render aos calmantes).

Não sei se Deus atendeu meu pedido, pois quando acordei não lembrava de nada daquela noite. O sono foi tão profundo que poderiam ter levado minha casa e eu não veria nada. Mas estranhamente eu estava bem. Estava consciente do que o dia 3 de dezembro representava na nossa vida, mas sabia que não tinha o que fazer. Então optei por encarar que aquele seria um dia de festa no céu. Sei que é muito “fantasioso” pensar assim, que pareço até infantil acreditando nisso. Mas essa é a saída que eu encontrei pra conseguir driblar o desespero.

Estava em casa, dando um jeito na bagunça, quando minha vizinha me chamou pra me contar sobre a cadelinha que estava grávida do Tião. Contei aqui no blog sobre a importância do Tião na nossa família e do dia em que ele “namorou” pela primeira vez. Pois é, estávamos esperando que a Cindy ganhasse os filhotes perto do Natal, porém ela entrou em trabalho de parto prematuro (igual a mim) e ganhou um filhote antes do tempo. Nasceu dia 2 (mesmo dia que JP), só que na madrugada do dia 3, o cachorrinho morreu (mesmo dia do JP).

A Dani (dona da Cindy), levou ela no veterinário e não tinha uma explicação para o acontecido e para saber se tinha mais cachorrinhos, só esperando ou pagando (caríssimo diga-se de passagem) pra fazer uma ecografia. A Dani optou por esperar pra ver o que aconteceria, já que é praticamente impossível cachorros do porte de chowchow terem apenas um filhote. Até ontem, ainda não tinha nascido mais nenhum e a Cindy estava em depressão e começou a perder bolas de pelo.

Quando recebi a notícia que o cachorrinho tinha morrido, na mesma hora relacionei as coisas, foi tudo igual, até as datas.... Impossível não pensar... Tudo que passamos no ano passado estava se repetindo desta vez com nosso cachorro. Cheguei a comentar com o Amaral que isso parecia uma sina da nossa família, que nem nosso cachorro era capaz de ter um filho. Fiquei triste, comecei e entrar naquele clima de relembrar as coisas, mas graças a Deus e ao Amaral, que me encheu de carinho, logo consegui sair disso. Estava decidida a não sofrer e ia fazer de tudo pra não pensar. O fato de não termos mais um filhote do Tião me deixou triste, mas certamente não faltará oportunidade...

O resto do dia consegui me manter legal. Almoçamos com a família do meu cunhado e nos divertimos muito. À noite jantamos na minha cunhada e espaireci. Todos estavam colaborando e o assunto que era temido para aquele dia não era comentado. Vencemos mais um dia.

Então chegou dia 4, que era o dia que marcava a despedida. Realmente esse é um dia terrível de relembrar, mas este ano, minha irmã e meu cunhado nos convidaram a participar da festa de final de ano da empresa que eles trabalham. A festa acontece numa fazenda e tem o dia livre com piscina, atividades esportivas, barraquinhas de petiscos e bebidas. Era um dia cheio, e não daria tempo de pensar em nada além de aproveitar o dia.

O meu cunhado tem um irmão com síndrome de Down e o levamos junto na festa. Passei o dia junto com o Cícero e por diversas vezes parei pra observar o quanto ele é especial. Especial não por ser “especial”, mas sim porque ele é como qualquer outra pessoa, se relaciona com todo mundo e tem uma vida ativa que bota qualquer um no bolso. Aquele dia pra mim foi um dia de aprendizado em todos os sentidos.

Embora o Cícero tenha 16 anos, ele é como uma criança, e meu dia foi dedicado a fazer o dia dele mais feliz. Então fui com ele pra piscina, dançamos, comemos, fiquei com ele na fila pra chegada do papai Noel... enfim, foi um dia muito cheio e divertido, que encerrou com a nossa ida pra casa ouvindo o frustrante Gre-Nal e rindo com o desespero do Cícero a cada lance do Grêmio.

Segue uma fotinho dele com o bom velhinho...
Acabou.... os dias 2, 3 e 4 de dezembro passaram e eu consegui sair viva deles. Todo aquele medo que eu sentia estava apenas na minha cabeça, mas quando eu me decidi a ouvir a voz de Deus e não dar atenção à tristeza, eu consegui perceber que o medo é uma coisa que nós mesmos inventamos.

Senti como se um ciclo estivesse se fechando, como se estivesse completado e encerrado um período de sofrimento e lembranças tristes.  É claro que todo ano estas datas serão lembradas, mas pelo menos agora eu sei que o “medo” da chegada delas, não faz sentido nenhum. Durante estes dias percebi que estava rolando na televisão a propaganda de final de ano da Globo, e desta vez a famosa letra da música me tocou.

“Hoje, é um novo dia de um novo tempo que começou
Nesses novos dias, mais alegrias serão de todos é só querer
Todos os nossos sonhos serão verdade, o futuro já começou...”

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

1 ano se passou

Depois de passado um período de forte turbulência, parece que a paz voltou a reinar na minha vida.

Realmente as últimas semanas foram terríveis e por diversas vezes fraquejei e pensei em acabar com todo esse sofrimento. Mas graças a Deus e aos meus anjos da guarda consegui me livrar desse tipo de pensamento.

Fizemos um trabalho no Boa Nova chamado “pesquisa cármica”. Um estudo de vidas passadas com vistas ao que pode estar atrapalhando a minha evolução nesta vida. Entendi e compreendi várias coisas e vi exatamente onde está o problema. Conseguimos trabalhar e encaminhar os obsessores e foi como se uma cortina tivesse se aberto na minha frente, eu desse um passo e simplesmente saí daquele nível horroroso de energia em que eu estava enfiada. Quem é espírita entende o que estou falando...

E então chegou o dia 2 de dezembro. Estranhamente e surpreendentemente eu estou bem, até com uma sensação de felicidade.

Acordei bem cedo, o Amaral e eu ficamos um tempinho a mais juntos na cama, conversamos, choramos, nos fortalecemos e decidimos encarar o dia de hoje como um dia de comemoração, afinal, independente de tudo que aconteceu, hoje completa um ano que nos tornamos pai e mãe. Um ano do dia mais feliz da nossa vida.

Claro que não há clima para festa, mas querendo ou não, hoje é nosso aniversário.  Aniversário do dia em que ganhamos o maior presente que poderíamos ganhar.

Nossa felicidade durou pouco, e isso doeu de mais. Ainda dói de mais. Mas no dia de hoje estamos completando um ano de uma nova vida. A vida que nos deu a oportunidade de aprender o que é o amor incondicional, o que é sentir ser capaz de dar a própria vida em troca da vida de um filho, o que é amar um ser antes mesmo dele nascer.

O dia de hoje representa muitas coisas em nossa vida. Independente do João Pedro não estar presente fisicamente entre nós, ele SEMPRE está entre nós, vivo dentro no nosso coração.

Sou mãe e o Amaral é pai, em condições diferentes da maioria das pessoas, diferente de todas as pessoas com quem convivemos, mas somos sim PAI e MÃE de um anjinho, que hoje vive no céu ao lado de Deus e de seus amiguinhos de caminhada. 

Hoje, exatamente 8h05min (hora que ele nasceu), me coloquei em oração, pedindo a Deus que cuide do meu filho por mim e dando os parabéns pelo “aniversário” do meu pequeno.

Não vou lamentar o que passou, até porque não vai mudar a situação, apenas vou viver esse dia e tentar reviver nele a felicidade que vivi no ano passado, quando jamais podia esperar o que vinha pela frente.