terça-feira, 25 de outubro de 2011

Cabeça vazia é a oficina do diabo

Outro dia ouvi uma frase na televisão que é a mais pura verdade... “cabeça vazia é a oficina do diabo”. É forte, mas é verdade. E é por isso não tenho tido muito tempo para escrever pro blog.

Estamos numa época do ano que é muito marcante pra mim. Comentei em outro post sobre o dia do meu aniversário, que recém passou e que é uma época que eu sempre fico pra baixo, aí tem a época que antecede as festas de final de ano que sempre acho triste, e não bastasse isso, agora é a época que começa a fechar um ano de cada etapa que vivemos em função da HDC.

Essa semana fez um ano que essa maldita doença apareceu na nossa vida. Não fosse por isso, talvez hoje tudo fosse diferente. Mas quem pode saber quais são os planos de Deus pras nossas vidas???

Hoje tenho consciência de que tudo isso que passei me fortaleceu e me tornou uma pessoa melhor. Não pelo fato em si, mas pela situação que se criou. Óbvio que eu preferia continuar sendo a pessoa que eu era, e ter meu filho comigo, mas já que não foi isso que Deus quis pra mim, tento tirar algum aprendizado de toda essa história e usar em meu favor.

Muitas pessoas me perguntam como eu consigo superar. A resposta nem eu sei, acho que é porque não tenho saída: ou vivo bem, ou morro também. E confesso que as vezes eu penso que talvez teria sido melhor morrer também. Mas, logo dou um jeito de sair dessa vibração inferior.

E como comentei antes, essa é uma época do ano em que é difícil conseguir me manter alto astral, e pra não deixar minha cabeça se transformar em “oficina do diabo”, me enfiei de cabeça no trabalho. Estou trabalhando tanto, mas tanto, que as vezes me esqueço até de comer, e olha que pra eu deixar de comer, em que se algo muuuuito sério.

Não bastasse o tanto de trabalho que eu tenho no meu emprego, quando chego em casa não tenho descanso. Só troco de roupa e vou trabalhar de “ajudante de construção”. A mão de obra está muito cara, e a essas alturas, já estamos com os cofres arrombados, e como eu não sou de ficar sentada esperando as coisas caírem do céu, eu mesma meto a mão e faço acontecer. Então todos os dias, eu e o Amaral fazemos alguma coisa em casa pra ir adiantando a obra: passamos massa corrida, lixamos, pintamos, aplicamos decorflex... qualquer coisa que possamos ir adiantando e, principalmente, economizando.

O único dia da semana que não abro mão de ter folga é na segunda-feira, que é meu dia de ir no CE Boa Nova, recarregar minhas energias, recobrar meu equilíbrio espiritual e rezar. E pro conta de todo esse envolvimento com o trabalho, com a obra e com o centro espírita, eu não tenho conseguido tempo pra escrever. Posso até demorar, mas deixar de escrever.... não mesmo. Aqui e um complemento da minha terapia....

Esse final de semana tivemos festinha de aniversário de um aninho e foi impossível eu não me abalar. Era aniver do filho do primo do Amaral, o Victor. Um alemão lindo, branquelo, dos olhos azuis. E não é só eu que acho, mas o João Pedro era a cara desse priminho. A boquinha então... meu Deus, idêntica. Boquinha dos Amaral....

Quando chegamos na casa deles e vi o Victor todo arrumadinho pra festa, não pude deixar de imaginar o João Pedro. Fiquei viajando o tempo todo, pensando que se ele estivesse aqui com a gente, logo seria a festinha de um aninho dele. Me imaginei correndo em função de organizar a festinha, que já tinha até decoração escolhida: ia ser tudo do Sherek.  Foi impossível não passar um filme na minha cabeça e durante a festinha vinha na minha memória vários flashes de tudo que aconteceu.

Eu estava me sentindo sufocada, louca pra ir embora. Não que não estivesse gostando da festinha, pelo contrário. Mas todas aquelas lembranças estavam me apertando, eu não estava me sentindo a vontade e claro que eu não podia deixar transparecer que não estava legal e acabar estragando a festinha. Segurei o que deu, só que começou a me dar uma dor de cabeça terrível e foi ficando insuportável, até que não agüentei e pedi pro Amaral pra virmos pra casa. Acho que ele deve ter percebido, pois na mesma hora levantou e viemos. Me senti tão mal, com uma pressão tão grande que no carro eu já apaguei. Vim o caminho todo “meio” desmaiada e quando chegamos em casa eu só lembro de ter pedido um travesseiro e me atirei no sofá da área. Fiquei lá um tempão, e me acordei com o Tião me lambendo.

Na maioria das vezes eu estou bem, não deixo as energias negativas me pegarem. Mas nem sempre consigo.

Sinceramente tenho medo. Medo de como será esse final de ano, ou melhor, medo que como serão todos os meus finais de ano. Parece uma bobagem, porque a dor da perda independe do dia, dói sempre, mas quase sempre consigo administrar. Mas agora que está fechando um ano, aprece que revivo todos aqueles momentos tristes de novo, os pensamentos brotam na minha cabeça de uma hora pra outra. Estou caminhando na rua normalmente e de repente vejo as imagens de quando recebemos a notícia, cenas do velório, do enterro... que coisa horrível. Parece um filme me perseguindo.

Não sei como vai ser... só sei que não quero deixar espaço pra oficina do diabo na minha cabeça, então vou me manter o mais ocupada possível. Por isso já sabem, se eu demorar a escrever, é porque estou me ocupando...

Beijos e até a próxima...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um dia de sogra

Bom, eu já falei aqui nos blogs, sobre meu bicho de estimação...
                                                                                       
Quando eu era criança, eu adorava animais, sempre tive gato e cachorro em casa. Tive até uma macaca.... E como minha amiga Débie postou outro dia, eu também sonhava em ter uma cachorra chamada Judite. Mas depois de adulta, me desapeguei, e quando casei nunca pensei em ter bicho em casa. Só que praticamente o nosso cachorro foi jogado no meu colo. Não é que eu não gostasse, eu só não me imaginava no compromisso de cuidar de um bichinho.

Meus pais têm um casal chow chow de cor caramelo (os mais comuns): o Tigrão e a Bel. Meu pai ganhou o Tigrão de um primo dele lá em Criciuma / SC e a Bel, é uma cria do Tigrão com uma cachorra que levaram lá pra ele cobrir. E como no mundo animal não existe incesto, a Bel que é filha, virou também a esposa do Tigrão hehehe...

No primeiro cio da Bel, nasceram 5 filhotes, todos de cor escura e meu pai vendeu todos. Só que no segundo cio, em abril de 2009, aconteceu um fenômeno... nasceram 2 filhotes de cor clara, um branco e um bege. Chow chows de cor clara são raros, branco então, é raríssimo. Meu pai não quis vender o branco, queria deixar na família pra procriar, só que no pátio dele não tinha espaço pra mais um cachorro desse porte, muito menos pra outro macho, já que deixar eles juntos, é briga na certa.

Então minha mãe nem me perguntou, chegou e disse que o branquinho seria meu. Ah não.... eu não queria ter cachorro, é um compromisso que eu não estava afim de assumir. Ter que cuidar água e comida, banho, tosa, pelos... ah isso definitivamente não era pra mim. E se era pra eu ter e não cuidar, preferia não ter. Só que todos os dias que eu chegava na minha mãe ela me mostrava ele e dizia “olha o teu, que coisa mais linda”. Bah, não tava querendo, mas o bichinho ficava cada vez mais lindo e o Amaral começou a gostar da idéia. Ele me pediu pra gente tentar, e se não desse certo, a gente arranjava alguém pra dar, e é certo que ia ter gente pra querer. Tá bom, aceitei ter o cachorro, mas estava cheia de medos. 

Demos a ele o nome de Sebastião, que é pra ser uma mistura do nome dos pais dele (Bel+Tigrão), mas sempre o chamamos de Tião. Depois das vacinas, começamos a levar ele com a gente nos finais de semana, pra ele ir se acostumando com a casa. Como a gente morava num sobrado, eu deixava ele no lavabo lá em baixo e nós dormíamos no quarto de cima. No primeiro final de semana, me acordei de madrugada com a choradeira dele e o Amaral não estava na cama. Desci pra ver o que estava acontecendo e o Amaral estava xingando o cachorro, mandando ele dormir. Como se o bichinho fosse entender!!!! Então peguei o Tião no colo, enrolei numa mantinha, fiz uma mamadeira (é... mamadeira mesmo, com leitinho morno) e dei pra ele. Nossa, o bichinho ficou doido. Mamou e dormiu, e quando fui largar ele na caminha, acordou e abriu o berro. Igual criança.

Fiquei sentada do lado da caminha dele só com a mão do lado dele pra deixar ele lamber. Não queria ficar com ele no colo, pra não acostumar. Fiquei ali uns 40 minutos até ele dormir. Naquela noite comecei a entender o que era ser mãe e mesmo estando cansada e com sono, fiz aquilo com o maior amor do mundo. Nascia ali o meu amor pelo Tião.

Seguimos assim por uns 3 finais de semana, até que levamos ele definitivamente e começou então a etapa de “educação canina”. Estava apaixonada por ele, mas cachorro dentro de casa, neeeem pensar.... então comecei com as técnicas que aprendi assistindo o programa do Dr Pet. Teve também a função de “pode e não pode”, ensinando ele onde fazer as necessidades. Meu Deus, não pensava que era tão difícil educar um cachorro. Mas insisti tanto, e aos pouquinhos ele foi aprendendo. Hoje ele é super obediente.

Fizemos batizado dele, levávamos ele pra passear, era uma curtição. Ele era lindo, parecia um ursinho e na rua todo mundo parava pra ver.

No natal de 2009, ele já estava com 7 meses, e eu na minha reles ignorância, achei por bem de enfeitar a casinha dele com luzinhas de Natal. Passou o noite inteira com aquele pisca pisca e o cachorro deve ter ficado doido, porque no dia seguinte, eu mal abri o portão e ele saiu em disparada. Meu Deus.... Eu estava saindo pra trabalhar, mas qdo ele fugiu, joguei minhas coisas no chão e sai correndo atrás dele. Corri tanto, que não tinha mais folego. Liguei pro meu pai pedindo ajuda, só que eu acho que fiz um “leve” fiasco no telefone que todos os meus vizinhos saíram pra ver o que estava acontecendo. Eu chorava desesperada e corria como uma louca. Na rua, todo mundo tentava atacar ele mas ninguém conseguia, ele fugia de todo mundo. Até que chegou numa rua sem saída e finalmente consegui pegar. Quando meu pai chegou eu já estava com ele na coleira e meus vizinhos rindo da minha cara. Tá louco, nunca corri tanto.

Entrei no carro do meu pai, me abracei no Tião e cai no choro. Deusolivre ficar sem meu cachorro, quase tive um treco. Naquele dia, me apavorei, achei que ele estivesse doente, porque ele nunca tinha agido daquela forma.

Levei ele na emergência do veterinário, e o médico só faltou rir da minha cara. Contei tudo que tinha acontecido e o médico me diz: “teu cachorro está com 7 meses, o equivalente a um adolescente de 15 anos. Coloca luzinhas de natal do quarto de um menino de 15 anos pra ver se ele não vai querer fugir de casa”. Toma.... o veterinário me deu nos dedos e eu quase morri de vergonha. Quem ria da minha cara depois era o Amaral..... ai que ódio....

Passamos tantas coisas legais com o Tião... vibramos quando ele aprendeu a levantar a pata pra fazer xixi. Adorávamos quando as pessoas nos paravam na rua pra ver ele. Eu dizia que ele era um lord, pois era o mais lindo dos chows que eu conhecia e caminhava na coleira com uma pose.....

Quando engravidei do João Pedro então.... meu Deus, como ele me cuidava. Ele percebeu que a minha barriga estava crescendo e quando vinha pular em mim, cuidava pra não machucar. Passou a pular de lado e se apoiar nas minhas pernas. Faz isso até hoje. Será que ele pensa que ainda estou grávida???? Nossa... teve tanta coisa durante a minha gravidez, que já citei nos blogs outras vezes.

Eu já achava que estava na hora dele ter uma namorada. Ele já tinha virado homenzinho, mas não aparecia a cachorra perfeita, hehehe. Com a mãe dele eu não podia colocar pra cruzar, porque o veterinário disse que não seria adequado. Pai com filha pode, mas filho com mãe não pode, pode dar filhotes deformados. Precisava então de uma terceira....

Até nisso o destino deu uma ajudazinha, hehehe... Quando nos mudamos, minha vizinha viu o Tião e disse que a sobrinha dela tinha duas cachorras chow e estava a procura de macho para cruzar. Eu disse que ela poderia trazer as cachorras sem problema. A menina me ligou então pra saber quando podia levar. Marcamos pra um sábado e naquele dia até mandei ele pro banho, pra ficar bem cheiroso pra conhecer a namorada.

A menina trouxe uma das cachorras. Eles se conheceram, se cheiraram e só isso. A Cindy ainda não estava bem no cio e a dona dela ficou de trazer na época certa. E quando trouxe... minha nossa, que festa que ele fez.

A Dani (dona da Cindy), deixou a cachorra lá em casa e foi embora e eu fiquei ali cuidando dos dois. Que sensação bem estranha. A primeira namorada dele já vem pra dormir em casa. De certa forma eu estava com ciúmes dele. Qualquer barulhinho que eu ouvia, levantava pra ver o que tava acontecendo. O Amaral me deu um xingão e disse que do jeito que eu tava sendo chata, o Tião não ia conseguir cobrir a Cindy.

Me senti um sogra, enxerida, ciumenta, metida... ai que coisa horrível. Na noite que a Cindy ficou lá em casa, eu nem dormi direito. Estava preocupada se eles não iam brigar, se o Tião não ia machucar ela, ficava olhando toda hora. E de certa forma senti um alívio quando a Dani veio buscar a Cindy. Fico imaginando se eu agi assim com o Tião, como seria com o João Pedro???? Eu acho que teria ciúmes até de pegarem ele no colo.....

Essa semana a Dani me disse que a outra chow está entrando no cio, e perguntou se podia trazer. Pode né, o Tião ficou comigo justamente pra isso, pra procriar e ver se nasce mais uns branquinhos....

Sempre que um cachorro cobre uma cadela, é de praxe um filhote ficar com o dono do cachorro. Nesse caso, um filhote de cada cadela. Vou ficar pra mim com uma fêmea, pra futuramente ser a namorada oficial do Tião e eu poder começar a minha criação e venda de chow chows....

Perto do Natal deve nascer os filhotes da Cindy, então no meio de fevereiro já teremos uma nova integrante na família. Já estou pensando em que nome dar a ela, já que Judite vai ser a cachorrinha da Cecília hehehe....

Alguma sugestão???

Vejam algumas fotinhos do meu lindão... é ou não é um lord???


O dia que ele nasceu (25/04/2009)

branquelo no meio dos irmãos

bebezinho

O batizado (Renan e Amanda foram os padrinhos)


Crescendo e criando carinha de Chow


Chowzão


 Carinhoso com a prima Thyphanie 


 Tosado pra suportar o verão


 A foto de família 










terça-feira, 11 de outubro de 2011

O dia que minha mãe virou mãe

Dia 10 de outubro é um dia muito especial: é o dia em que a minha mãe se tornou mãe.

Não sou muito fã de comemorar aniversário. Não sei porque, mas fico meio deprimida e sempre tenho vontade de chorar no dia do meu aniver. Ano passado eu estava grávida, a gravidez estava indo tudo bem (ainda não sabia da HDC) então tinha muitos motivos pra comemorar. Resolvi de ultima hora fazer uns salgadinhos lá em casa e chamar alguns amigos, só que me empolguei tanto que chamei todo mundo e não tinha lugar nem pra sentar, tinha gente sentada até o ultimo degrau da escada.

Era um momento especial, seria meu último aniversário como filha, pois no ano seguinte (este ano) eu já seria mãe, e comemoraria com meu filho nos braços. Talvez isso me desse mais alegrias e me desse motivos pra querer comemorar. Mas infelizmente não foi assim, e tudo o que aconteceu tornou o dia do meu aniversário mais deprimente ainda.

Com toda essa função da obra aqui em casa, me envolvi tanto que nem percebi que o dia estava chegando e não tive tempo de ficar deprimida. No domingo, dia 9, conseguimos dar um “jeito de casa” na nossa casa. Conseguimos organizar a cozinha e até sobrou espaço pra poder receber visitas. Como minhas cunhadas disseram que viriam aqui em casa, aproveitei e fiz uns cachorrinho quente para caso viesse mais alguém. Dito e feito: meus amigos irmãos Vivi e Eder vieram, meus padrinhos da casamento Mara e Lécio e meus pais também.  

Isso era pra ter sido a minha “festa” de aniversário antecipada, mas minha mãe insistiu que queria fazer um churrasco no dia 10. Eu disse que não queria, não estava no clima e não estava afim, então ela me disse que se eu não quisesse, tudo bem, mas que ela ia fazer uma festa, porque era o dia em que fazia 29 anos que ela havia se tornado mãe. Me coloquei no lugar dela, e percebi como isso era importante. Então nem questionei. Se era a vontade dela, que fosse feito então o tal churrasco.

No dia 10, segunda-feira, eu estava envolvida em treinamentos e auditoria no meu trabalho que não consegui nem acompanhar as mensagens que recebi dos meus amigos no celular. Foi bom estar super cheia de trabalho, assim não prestei atenção que era dia de aniversário.

Não sei porque tenho essa relação com o dia do meu nascimento. A maioria das pessoas gosta de fazer aniversário, de fazer festa, ganhar presente.... mas eu sou esquisita com isso, não sei porque fico triste nesse dia. E isso não é de agora, é desde sempre. E os dias que se seguem até as festas de final de ano são mais tristes ainda. Sei lá, uma coisa meio maluca, mas o final do ano pra mim é sempre um época de tristeza... E agora então, nem sei como vai ser....

No final do dia de trabalho ofereci uns salgadinhos pros meus colegas de equipe como é de praxe. Sempre o aniversariante oferece os comes e os colegas dão um presente. Ganhei uma blusa linda, pena que não serviu e tive eu trocar....

De noite, fui pra casa dos meus pais, pois o churrasco seria lá. Pensei que seria uma coisa básica, só nós da casa, mas tinha um monte de gente. A felicidade dos meus pais era tanta que eles convidaram um monte de gente.... Só amigos íntimos, mas era um monte...

Até então não tinha caído minha ficha ainda. Eu estava tão cansada e tão envolvida com meu trabalho e com as correrias da obra que não tinha percebido que era uma festa pra mim, mas quando meu pai veio me dar um abraço, e me falou umas coisas lindas... abalei. Comecei então a me dar conta da diferença do meu aniversário do ano passado pra este, da mudança de planos, de tudo que se passou, e cai no choro. Tentei disfarçar,  mas não sei se consegui. Fiquei emotiva o resto da noite, e de vez em quando, algumas lágrimas rolavam escondidinhas...

Na hora do bolo, eu não sentia que aquela festa era pra mim, mas como todos insistiram, cantamos parabéns. Cortei o bolo e o primeiro pedaço eu dei pra minha mãe, e aproveitei a oportunidade pra fazer uma coisa que não é comum entre nós... declarei o meu amor por ela. Só hoje eu entendo qual é o papel de uma mãe, mesmo não tendo podido viver na prática. E hoje eu entendo que o dia do meu aniversário deve ser comemorado sempre, mas não por causa de mim... a comemoração é dela. Não tenho dúvidas que o dia que eu nasci foi o dia mais feliz da vida da minha mãe.

Teve o nascimento da minha irmã também, que com certeza foi o outro dia mais feliz da vida dela, mas foi no dia do meu nascimento que a minha mãe se tornou mãe. Foi nesse dia que ela entendeu o valor da minha avó. Foi no dia 10 de outubro de 1982 que a minha mãe deixou de ser filha e passou a ser mãe, e hoje eu sei que o dia do nascimento de um filho é um dia mágico, de transformação, todo especial e que nunca sai da memória de uma mãe. Já ouvi milhares de vezes a história de como foi o dia que eu nasci, e há 29 anos ouço exatamente a mesma coisa com toda riqueza de detalhes que jamais serão esquecidos.

Acho que depois disso, meus aniversários nunca mais serão os mesmos. Talvez eu continue me sentindo triste, deprimida quando for chegando a data, mas com certeza essa será sempre um dia de comemoração... comemoração pelo dia que a minha mãe virou mãe.

Depois das emoções da noite, vim pra minha casa e na hora de dormir fui fazer meus agradecimentos à Deus, por mais um dia superado. Durante minha oração, o barulho emitido pelo mensageiro  dos ventos que minha vizinha tem pendurado na área me chamou a atenção. Era um som singelo, parecia uma harpa, totalmente diferente do barulho que faz todos os dias. Durou alguns segundos, e silenciou. Durou o tempo suficiente pra fazer me arrepiar e pensar nele. Senti uma sensação de paz, de calma e então em oração pedi um sinal. Pedi que se o que eu estava sentindo fosse real, que o mensageiro dos ventos soasse outra vez. Pedi, pedi, pedi e quando estava quase desistindo de acreditar, o sinal se confirmou: novamente um barulho de harpa, dessa vez mais baixo e mas rápido, mas o tempo suficiente pra eu entender o recado. Agradeci a Deus pela oportunidade, pelo merecimento e ao meu filhote, por estar sempre perto de mim.

Depois disso, o mensageiro dos ventos silenciou  e enquanto eu estive acordada, não soou mais.

Com certeza, não foi um aniversário como eu gostaria que fosse, mas sem sombra de dúvidas, foi muito especial.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Um problema arquivado

Eu já tinha comentado aqui que a negociação de venda da nossa antiga casa tinha dado muita dor de cabeça e que falaria sobe isso em outro post. Pois bem, falarei sobre isso hoje.

Quando decidimos vender nossa casa, tínhamos pressa, pois encontramos a casa que queríamos (nossa atual casa) muito rápido. Mas não estava sendo fácil, não encontrávamos compradores. Muitos iam ver a casa, diziam que gostavam, mas não fechavam negócio. Nossa sorte era que também ninguém mais se interessou pela casa de nosso interesse. Ficamos um ano com a casa anunciada na imobiliária e nada, até que resolvemos dar um ultimato: baixamos o preço e nosso corretor se empenhou ao máximo.

Apareceu então um casal que gostou tanto da casa que ficou fazendo várias propostas até fecharmos negócio. Eu não estava gostando muito, pois parecia que o cara só queria tirar vantagem, mas como queríamos muito vender, aceitamos uma negociação que nos fosse favorável.  

O casal tinha um prazo de 90 dias para providenciar o financiamento com a Caixa e nesse meio tempo, poderíamos continuar no imóvel. E na semana seguinte à venda da nossa antiga casa, asinamos o contrato de compra da nossa casa atual. O dinheiro que recebemos de entrada, repassamos diretamente como entrada do outro imóvel.

Isso tudo aconteceu no início de setembro, então o prazo final era início de dezembro. Só que nesse meio tempo, descobrimos a HDC do João Pedro e nossa atenções se voltaram totalmente a isso. As negociações da casas estavam sob cuidados do nosso corretor.

No início de dezembro, que era para concluir as negociações, aconteceu tudo que todos já sabem, e qualquer outra situação não recebia nada da minha atenção. Até que aos poucos fui retornando à realidade e me dei conta que os prazos haviam expirado. Então fomos atrás do nosso corretor pra saber em que pé andavam as coisas.  Ele tentou contato com o casal e não conseguiu, então fomos orientados por um advogado à proceder de acordo com a lei: mandamos uma notificação extra judicial intimando-os a cumprir o contrato assinado, caso contrário, cumprirímos as cláusulas onde estava descrito que em caso de não pagamento o contrato seria encerrado e ficaríamos com o imóvel livre para uma seguinte negociação.

Assim que receberam a notificação, o casal nos procurou dizendo que não poderiam mais concluir a compra e que queriam o dinheiro de volta.

Pera lá..... Como assim???? Mais de 100 dias se passaram sem darem satisfação, aí eles vem querer desfazer a negociação e ainda querer dinheiro de volta..... Que é isso????

Além do mais, o dinheiro que eles nos deram na entrada, nós repassamos como entrada do outro imóvel. E aí que me liguei que desfazendo a venda da nossa casa, perderíamos a compra da outra. Minha nossa, era uma bola de neve, pois o cara de quem compramos a casa também já havia comprado outra.... Por causa de uma pessoa que não honrou sua palavra, várias pessoas seriam prejudicadas, e esses bonitos ainda queriam dinheiro de volta..... Ah, me poupem né.....

Explicamos pra eles que não tínhamos como devolver e também os refrescamos a memória de que estava escrito no contrato que quem desistisse do negócio perderia o valor investido e ainda teria que pagar uma multa de 20%. Nós ainda estávamos sendo bonzinhos e não estávamos cobrando a multa.

Pois bem, passado um mês mais ou menos, recebemos um intimação para comparecer ao fórum, pois estávamos sendo processados por dano moral. Hã???? Não entendi....

Conversando com nosso advogado, ele leu os autos do processo e a causa diz que os fulanos sentiram-se prejudicados moralmente por terem recebido em casa uma notificação extra judicial. Como assim??? Por acaso quando entregam notificações vão fantasiados de palhaço, gritando em uma megafone e estourado balões chamando atenção da vizinhança???? Que desmoralização se pode sofrer em simplesmente receber uma carta e assinar confirmando que recebeu????

E nós??? Eu  o Amaral não fomos lesado por ter que ficar correndo atrás disso, num momento de fragilidade pela perda do nosso filho, pra resolver toda a situação, ter quase perdido a negociação de compra da nossa nova casa e ter atrasado 6 meses a nossa mudança por causa da falta de palavra dessa criatura?????

Enfim, o cara entrou na justiça contra nós, pedindo uma indenização de 40 salários mínimos. Hã????? Por favor.... faz a conta....
Tivemos duas audiências de conciliação na cidade de Esteio, onde não conciliamos nada, e nosso advogado pediu transferência de fórum, visto que o imóvel é na cidade de Sapucaia. A primeira audiência em Sapucaia foi hoje, e este casal simplesmente não apareceu.  

Será que eles perceberam que estavam sendo injustos  cobrando da gente uma coisa absurda e resolveram desistir da causa???? Duvido.... mas vou fingir que penso assim. Mas graças a isso, o processo foi arquivado e dado por encerrado.

Eu confesso que mesmo sabendo que estávamos totalmente dentro da lei, que o contrato registrado estava bem amarrado e que as conseqüências para quem desistisse do negócio estavam bem explicitadas, eu tinha um certo medo de que pudesse dar errado pra gente. Vai saber né, essa justiça no nosso país é tão injusta que a gente nunca sabe.  Mas felizmente, desta vez aconteceu o certo, mesmo que por desistência deles.

Foi melhor assim, pois só o fato de imaginar ter que ficar me explicando pra um juiz já me dá dor de barriga. Sou uma pessoa muito justa e sempre fui extremamente correta. Pago todas as minhas contas em dia, nunca cheguei nem perto de SPC e Serasa. Ficar devendo pra alguém me deixa doente. E pensar na hipótese de ser condenada por um fato injusto, me dá até calafrios...

Sou justa e correta sempre e assim espero que as coisas aconteçam comigo. Finalmente um problema resolvido.

Deus é justo, Esse não erra nunca.

sábado, 1 de outubro de 2011

Tudo muito estranho...

Essa semana está meio estranha pra mim, tá todo muito bagunçado na minha cabeça. Foram tantos acontecimentos que nem sei dizer como estou me sentindo.

Tive uma experiência maravilhosa na quarta-feira. A empresa que eu trabalho ganhou o prêmio Top Ser Humano e a entrega do prêmio aconteceu em um jantar (podre de chique) no Grêmio Náutico União em POA. Nossa, nunca tinha participado de uma festa desse nível. Estavam presentes no evento as empresas ganhadoras do prêmio, aquelas consideradas praticantes das melhores práticas de RH. Eu, uma profissional da área de Gestão da Qualidade, com visão para Gestão de Pessoas, visto que estudo Gestão de RH, estava maravilhada.

O evento era regado à espumante do início ao fim, o jantar tinha entrada, prato principal  sobremesa, cada um com um nome mais estranho e desconhecido que o outro. Participar de um evento desse, foi uma grande experiência pra mim. Com certeza vai ficar registrado pra sempre na minha memória.

No dia seguinte, era dia de terapia. Já estou há 3 meses fazendo terapia semanalmente e notei que nas duas última semanas, na verdade fiquei apenas conversando com um psicólogo, e para minha surpresa, nesta última consulta, ele me disse que observou uma grande evolução minha, que já aprendi a lidar com as minhas perdas e que a cada dia elas terão um peso menor na minha vida graças a maturidade espiritual que eu adquiri. Ele me disse também que na próxima consulta nós repensaremos a forma da minha terapia, se iremos espaçar os encontros o se buscaremos trabalhar outros aspectos.

Fiquei tão feliz com isso, tão empolgada, porque isso significa que realmente eu estou melhorando e me permitindo à mudanças. Eu sinto isso, sinto que a cada dia eu sou uma pessoa melhor, mas que a cada dia eu preciso melhorar muito mais. Percebo que consigo lidar melhor com os acontecimentos da mina vida. Isso não significa que eu tenha esquecido o que se passou e muito menos que eu não sinta saudade. Sinto sim, sinto muuuuuita saudade. Mas tenho conseguido assimilar essa saudade e tocar a minha vida sem sofrimento.

Mas aí, em meio a coisas boas acontecendo, tem essa função da reforma da minha casa que está me perturbando. Chegou numa etapa que não rende. Chego em casa todos os dias e parece que não foi feito nada, não vejo a evolução. Só vejo montanhas de cimento, destroços, bagunça e sujeira, muuuuita sujeira. Outro dia cheguei em casa, e não tinha lugar nem pra largar a minha bolsa, porque tudo está empoeirado e a única peça habitável da casa é o quarto, que virou sala de jantar tbm...

Nossa, eu tava tão irritada que cheguei a chorar, pq não agüento mais chegar em casa e não ter meu sofá pra sentar, olhar o RBS notícias e tomar meu chimarrão. To tão cansada com essa função que nem sei o que dizer. Não vejo a hora de acabar....

Aí tinha também a expectativa da Ariella, que conheci através do blog, estava grávida e seu bebê também tinha HDC. Começamos a nos falar quando ela estava com 25 semanas de gestação, e desde lá mantínhamos contato toda semana. Eu e a Débie (mãe da Cecília) tentávamos dar um apoio, escutávamos as ânsias e angustias da Ariella, enfim, tentávamos mostrar a ela que mesmo sendo difícil, existe uma luz no fim do túnel.

A Ariella estava com cesárea marcada para dia 29/09, e às 7:30hs da manhã o pequeno Rafael nasceu, só que infelizmente não sobreviveu. Resistiu por 12 horas, e foi viver ao lado de Deus e dos anjinhos. Saber disso não foi nada fácil. Recebi essa notícia enquanto estava no meu trabalho e não suportei. Tive que ir pro banheiro chorar escondida. Meus Deus, revivi os momentos de quando recebi a notícia que meu João Pedro tinha nos deixado.

Chorei, chorei muito e rezei muito também. Rezei pedindo que Deus e os anjinhos recebam o Rafinha e que Deus abençoe a Ariella e sua família, porque eu sei como é difícil esta situação.

Eu havia tido contato com algumas mamães que esperavam bebês com HDC. Mas a maioria eu sabia das notícias pelo blog da Débie, já que é mais natural que as pessoas procurem contatos de quem teve um resultado positivo. O meu contato direto era mais com mamães que também perderam seus anjinhos. Mas a Ariella, era diferente. Eu tinha uma carinho especial por eles. Mandei por correio um medalhinha de Santo Antônio com a trezena que considero milagrosa. Eu torcia muito por eles, mesmo sabendo que as estatísticas não enganam.

Infelizmente aconteceu assim. Neste último mês foram 3 notícias devastadoras de bebês que não resistira à HDC. Porque tem que ser assim hein???? Quando isso vai mudar???

Mesmo depois dessa notícia, mesmo não estando legal comigo mesma, eu precisava cumprir o que havia prometido: levar os sobrinhos e afilhados no circo. E lá fomos eu e o Amaral com nossa penca de crianças rumo ao circo Vostok que está instalado em Sapucaia. Desta vez tivemos uma ajudinha, pois mais alguns adultos foram junto pra ajudar a controlar o povo. Levamos a Camila (4), a Natieli (3), o Renan (9), a Amanda (7), o Vinícios (12) e o Cauã (2). Parecia passeio de escola.

Enfrentamos meia hora de fila pra comprar os ingressos e mal entramos no circo e desabou a chuvarada. Choveu tanto, que tudo virou um lodo. Na hora de ir embora, eu pisava e meu pé atolava no lodo até o tornozelo.... meu Deus, era um terror, mas valeu muito a pena. Ver a alegria, a euforia das crianças assistindo os espetáculos, não tem preço que pague. Saí do circo um pouco mais leve, mesmo estando com os pés molhados e cheio de lodo.

Aí venho pra casa, cansada, acabada e encontro minha casa daquele jeito....

Ai sei lá.... essa semana foi conturbada. Coisa boas, coisas ruins, tudo acontecendo junto. Não é fácil controlar as emoções, sair de uma situação de tristeza e entrar em uma de alegria assim tão rápido. Tudo estranho... não sei bem como estou me sentindo. Acho que preciso descansar um pouco, talvez isso ajude.