quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A proximidade das datas faz doer

Hoje dando uma olhada nos blogs que sigo, me deparei com um texto que achei fantástico.
 
Não que eu tenha gostado do que está escrito, mas achei fantástico porque a pessoa que escreveu traduziu perfeitamente a situação e atualmente vivo esses dois sentimentos juntos.
 
Este texto foi lido por Bruno Gouveia, vocalista da banda Biquini Cavadão, na missa de sétimo dia de seu filho e sua esposa que morreram em um acidente de helicóptero em 2011.

A morte de um filho
é uma gravidez às avessas
volta pra dentro da gente
para uma gestação eterna

aninha-se aos poucos
buscando um espaço
por isso dói o corpo
por isso, o cansaço

E como numa gestação ao contrário
a dor do parto é a da partida
de volta ao corpo pra acolhida
reviravolta na sua vida

E já começa te chutando, tirando o sono
mexendo os órgãos, lembrando ao dono
que está presente, te bagunçando o pensamento
te vazando de lágrimas e disparando o coração,

A morte de um filho é essa gravidez ao contrário
mas com o tempo, vai desinchando
até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti.

Daqui há alguns dias completa dois anos do nascimento e da morte do meu amado filho João Pedro e, inevitavelmente, os sentimentos estão borbulhando na minha cabeça.  
 
Hoje a situação é diferente, pois a Lívia tem me trazido a esperança de dias melhores. Só que a ausência do João Pedro sempre será sentida.
 
O texto acima traduz perfeitamente o que sinto dentro de mim: a “gravidez”, pela espera da Lívia e o “contrário” pela partida do João Pedro.
 
Com todo esse sentimento contraditório dentro de mim, fico me perguntando: “o que será de mim nos próximos dias?”
 
Sinto isso todos os dias, mas a aproximação das datas faz tudo triplicar de intensidade.
 
Torço pra que eu consiga passar os próximos dias bem e mais uma vez superar essa tristeza que toma conta do meu peito perto das festas de final de ano.
 
Quem puder, peço que ao final de ler esse post, faça uma oração por mim, pelo Amaral, para que possamos passar bem por esse dias, pela Lívia, para que ela não sinta a minha angústia, e pelo João Pedro, para que ele esteja bem onde estiver e siga o caminho traçado por Deus.
 
Um abraço a todos e fiquem com Deus. 
 
 
O texto foi retirado do blog PARTIDA E CHEGADA
(http://www.partidaechegada.com/2011/06/morte-de-um-filho-e-gravidez-ao.html)





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A escolha do nome

Bom, sem sombra de dúvidas, escolher o nome dos filhos não é tarefa fácil. Tem gente que desde pequena já diz que quando tiver filhos se chamará fulano, mas comigo isso não funciona. Talvez por eu naturalmente ser uma pessoa indecisa e que enjoa muito fácil das coisas, nunca me apeguei a um nome e desejei isso pro futuro dos meus filhos.
 
Considero a escolha do nome uma grande responsabilidade, pensem bem, é o nome que essa criança vai carregar pro resto da vida. Nossa, que compromisso.
Quando escolhemos o nome do João Pedro, até que não foi tão difícil. Procuramos pensar na combinação dos sobrenomes: o meu é Bandeira Pedro e o Amaral é do Amaral da Silva, então pros nossos filhos resta um Pedro da Silva (nossa que sobrenome de peso... hehehehe). Mas quando pensamos no nome João, logo me veio na cabeça a combinação “João Pedro da Silva”. Tadinho, teria vários homônimos se deixássemos assim. Então resolvemos usar o Pedro do meu sobrenome como segundo nome dele e incluímos o do Amaral, pra não ficar tão ruim, aí ficou João Pedro do Amaral da Silva.
 
O Amaral gostou da ideia, porque João era o nome do avô dele, então serviria como homenagem ao avô que ele nem conheceu. E se o João Pedro fosse menina, se chamaria Luíza, simplesmente porque achávamos bonito.
 
Aí chegou o momento de escolher os nomes dessa gravidez. Antes mesmo de sabermos o sexo já estávamos conversando sobre isso, pois queria que assim que soubéssemos o que era, já chamássemos pelo nome.
 
Já comentei aqui no blog que um dia sonhei que teria um menino e que ele gostaria de se chamar Bernardo. Acho um lindo nome, estava nas opções na época do JP, mas dessa vez avaliamos outras coisas pra então decidir.
 
Eu definitivamente não gosto de apelidos e diminutivos de nomes. Sei lá, é uma coisa minha, mas detestava quando se referiam ao João Pedro como “Joãozinho”. Poxa, escolhemos um nome tão bonito pra alguns ficarem diminuindo.... Maluquices da minha cabeça, mas não gosto.
 
E quando havíamos falado em Bernardo no passado, minha mãe na mesma hora disse que chamaria de “Berno”. Deusolivre.... Então esse nome foi descartado.
 
Seguimos então na busca por nomes curtos, que minimizassem a chance de diminutivos e eu ainda pensava na situação da atualidade do nome. Queria um nome que combinasse com a idade em qualquer tempo. Por exemplo, o meu nome, não é um nome que eu acho que combine com uma senhora idosa, não imagino meus netos me chamando de “vó Grayce”, ou então o Amaral sendo chamado de “vô Anderson” hahaha. E também não podia ser um nome tão velho, que não combinasse com a fase criança, mas isso já foi mais difícil. Sei lá, mais uma maluquice da minha cabeça, mas vou fazer o que se essas coisas pairam nos meus pensamentos??? hehehehe.
 
Pra menino, a escolha foi muito rápida, a primeira opção que eu citei o Amaral gostou e quando falamos pra família, todos gostaram. Se fosse menino seria INÁCIO. Não e um nome que combine muito com criança, mas acho muito bonito, forte e dificilmente alguém chamaria de Inácinho ou Inaciozinho. Bingo, era Inácio e estava definido.
 
Já pra escolher o nome de menina foi um parto... Aquela ideia de Luiza não me agradava mais, já tinha passado a fase, e a primeira opção que estava na minha cabeça era Antônia. Eu acho lindo, e pra mim servia como homenagem à Santo Antônio, meu bruxo. O Amaral gostou, mas foi só eu falar dessa opção pra minha mãe que ela encheu de apelidos (ela é campeã disso). Minha mãe disse que se fosse Antônia, ela chamaria de “Tonha”, e se por um acaso ela fosse grandona como eu, minha mãe disse que todos chamariam ela de “Tonhão”. Pronto, bastou pra eu excluir o nome da lista... Por favor, isso não se faz com uma criança. Se fosse pra chamar de Tônia, até não me importava, mas Tonha, ou Tonhão, nem pensar....
 
Aí lancei minha segunda opção: Olívia. Quando falei pro Amaral, ele me olhou com uma cara e na hora disse “Todo mundo vai chamar ela de Olívia Palito”. Argumentei que não, até porque sendo nossa filha, impossível ser magricela, aí ele disse que então chamariam ela de “Olívia Bolota”. Esse a Amaral..... vou te contar, me sai com cada uma. Insisti com ele que isso não aconteceria, porque  o desenho do Popeye é da nossa infância e não de agora e as crianças modernas nem sabem que existe uma Olívia Palito. Pedi pra ele então pensar em alguns nomes e me dizer, mas ele me trouxe cada ideia que prefiro nem citar, vai que alguém goste....
 
Eu ainda estava apostando em Olívia, mas quando falei pra família, quase me mataram. Disseram que o nome era feio, que era de velha, e voltaram com a história do Olívia Palito... Aí alguém falou “Porque não coloca Lívia então?”. Teve mais gente apoiando a ideia e eu então parei pra pensar no nome, já que essa opção nunca tinha aparecido na minha mente.
 
Lívia é um nome lindo, moderno, serve para qualquer etapa da vida, não combina com Livinha, ou Liviazinha. É... tudo estava se encaixando nos requisitos. O Amaral concordou, e enfim decidimos. LÍVIA. Eu ainda preferia Olívia, mas não vou criar caso por causa de apenas uma letra hehehe.
 
Ainda não estou totalmente habituada, as vezes me pego pensando no nome, mas logo senta a poeira e vejo que foi uma bela escolha. Acho realmente muito bonito, mas talvez por nunca ter colocado esse nome na minha lista de favoritos, é que me causa essa estranheza.
 
Ela já é chamada pelo nome desde a hora que a médica identificou no ultrassom, já estou pensando nas coisinhas que vou fazer personalizadas com o nome dela, nossa, já estou pensando em tanta coisa e sinto que tenho tão pouco tempo pela frente... afinal, já estamos no meio do caminho....
 
Bom, a escolha do nome e descoberta do sexo eram as coisas que faltavam pra eu planejar o resto, agora é só correr contra o tempo e deixar tudo arrumadinho pra quando ela chegar em abril.
 
Mãos à obra....
 
Bom feriado a todos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Vem aí uma menina: LÍVIA

Oi gente...
 
Relendo meu último post, vi que eu estava reclamona de mais. Acho que penso isso hoje porque aquelas sensações não tão boas que comentei já estão passando. Ultimamente tenho me sentido mais bem disposta e com menos efeitos colaterais da gravidez. Que bom né...
 
Mas enfim, chegou dia de ecografia e óóóóbvio que eu tava ansiosa. Andava numa curiosidade pra saber o sexo que não me aguentava mais, tava até com dificuldade pra dormir. Mas na última noite, minha ansiedade era outra e as coisas ruins que já passei me vieram à cabeça e me deixaram além de ansiosa, angustiada.
 
Toda hora vinha na minha cabeça a cena do médico me dando a notícia da HDC do João Pedro e não tinha como eu desviar o pensamento. Na noite anterior ao exame, me senti meio mal, estava ofegante, com falta de ar, pressão um pouco baixa e cheguei até a ficar trêmula. Típicos sinais de crise de ansiedade. Mas consegui controlar e não deixei isso me dominar.
 
De manhã, no dia do exame, antes de sair da cama, eu e o Amaral ficamos um pouco abraçados, conversando, não consegui disfarçar e acabei confessando que eu estava com medo. O medo era tanto que e acabei chorando.
 
Não tem como... só quem já passou por isso pra saber como é difícil aguardar o resultado de um exame. A sorte é que tenho o Amaral ao meu lado, e ele me acalma e me tranquiliza.
 
Fomos então pra clínica e o tempo de espera até o exame foi uma tortura. Quando entramos pra sala, deitei na maca e o Amaral ficou conversando com a “barriga” pedindo pro bebê mostrar o que era e principalmente mostrar que estava bem.
 
Assim que a médica entrou já foi falando “essa é a eco da curiosidade então?!” Aí eu disse pra ela que antes de saber o sexo, eu precisava saber se estava tudo bem. Aí ela foi olhando e dizendo que estava tudo excelente. Foi mostrando os órgãos e dizendo que estava tudo do tamanho adequado ao tempo de gestação e que estava tudo no devido lugar. Me mostrou a linha do diafragma e disse que até o momento ele estava completinho. Ufaaaa.... nessa hora já escorreram lágrimas dos meus olhos.
 
Aí depois que me acalmei, foi hora que matar a curiosidade. Como já fiz varias ecos, já sou craque em identificar os borrões das imagens. Aí quando a médica estava tentando ver o sexo, eu vi uma “coisa” que pra mim era um saquinho, mas achava estranho que não tinha pintinho. Aí a médica parou a imagem e mostrou: “estão vendo: aqui são os lábios e aqui no meio é a rachinha. É uma menina”.  Ainda não estava entendendo... era “muito grande” pra ser uma pepeca.  Aí a médica me disse que é assim mesmo, que é bem inchadinha. Perguntei se ela tinha certeza, se não tinha possibilidade de estar errado e ela me garantiu que era menina.
 
Nossa... quanta felicidade descobrir o sexo do bebê e ainda por cima saber que está tudo bem, tudo indo perfeito. Dá um alívio....
 
Quando a médica nos deixou sozinhos, o Amaral veio beijar a barriga e eu desandei no choro. Um choro de alívio, de alegria. Saímos da sala do exame ligando pra todo mundo contando a novidade. Tudo era alegria...
 
Angústia tirada do peito, a primeira coisa a fazer era entrar numa loja e comprar uma roupa bem linda.
 
Todo mundo dizia que se fosse menina iam encher de roupinha rosa, mas eu não sou muito adepta do “tudo rosa”. Sempre sonhei que se tivesse uma menina, ia usar um vestido azul marinho e sapatinho vermelho, e assim foi. Nem olhei as roupas cor de rosa, fui direto realizar o meu sonho e assim fiz. Escolhi o vestido e o Amaral o sapato e assim estava feita a primeira compra da nossa Lívia (em outro post conto sobre a escolha do nome).
 
O detalhe é que eu fiz as compras chorando... Tinha uma senhora na loja que me olhava o tempo todo, acho que tava apavorada com minha reação, mas eu ria e chorava ao mesmo tempo, parecia uma doida. Era tanta emoção que não cabia dentro de mim.
Olha que amor a roupitcha da moça
Eu tinha certeza que assim que descobríssemos o sexo, os presentes iam borbulhar, e não foi diferente. Meus pais chegaram lá em casa de noite cheios de presentes: cobertor, roupinhas, toquinhas, sapatinhos... um monte de coisas. Aí depois chegou minha irmã e meu cunhado (que serão dindos) com mais um monte de presentes: ursinho, bodys, tênis... nossa, tantos presentes que não cabiam em cima do sofá.
Presentes da dona Lívia
 
Ganhamos também um presente especial, o Cícero, irmão do meu cunhado, aquele que tem síndrome de down,  já falei dele aqui, aqui e aqui, fez pra gente um desenho que conforme ele era “a Deici, o Malal e a Lifa” (a Grayce, o Amaral e a Lívia) e ele escreveu “Você Amo”. Coisa mais querida. Tá guardadinho junto com as roupinhas da “Lifa”.

Minha família ficou enlouquecida, comprando presentes e já programando o que ainda vão comprar. Posso imaginar o que vem pela frente... Coisa boa saber que todo mundo esta bem feliz. Eu não tinha preferência por sexo, mas no fundo, sabia que era uma menina, assim como a maioria das pessoas também achava. Só não afirmava antes para caso viesse um menino, não queria criar expectativas.

Como sempre gravo as ecografias, fiz um apanhado do melhores momentos da Lívia com 17 semanas.
 

 
No dia seguinte, fui arrumar e guardar todos os presentes, e peguei as coisinhas do João Pedro pra organizar e ver o que poderá ser aproveitado. Nossa, que sentimento estranho que me deu. Tive a sensação de estar “substituindo” ele por ela enquanto separava as roupinhas. Isso foi horrível pra mim, cai no choro e só o que pude fazer foi rezar por ele, e dizer que ninguém nunca vai tomar o seu lugar. Mesmo com a alegria pela chegada da Lívia, existe um vazio pela ausência do João Pedro, e isso é muito conflitante dentro de mim. Logo fará dois anos que tudo aconteceu, e isso está mexendo com meus sentimentos... Vou tentar não remexer nesse assunto agora e aproveitar o momento de felicidade que estamos vivendo.