domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hoje chorei de saudade

Hoje eu estava fazendo uma coisa nada comum: assistindo Esquenta da Regina Casé e ouvindo pagode e funk. Por favor.... tudo que eu detesto (Regina Casé, pagode e funk), mas como não tinha nada melhor na TV, era isso ou nada.
Mesmo sendo um programa que não curto, ainda assim aprendi algumas coisas, e confirmei aquilo que eu já sabia: a gente sempre pode aprender mais.

Estava vendo o filho do gordinho do Exalta Samba cantar (nem sei o nome dele), me emocionei ao ouvir a letra da música e acabei chorando. Toda vez que vejo alguma declaração de amor entre pais e filhos, é impossível não lembrar do João Pedro. Sempre acabo lembrando que ele poderia estar aqui e acabo pensando que ele já podia estar caminhando, falando suas primeiras palavras, fervendo por aí... Impossível não pensar nessas coisas. Chorei de saudade, saudade das coisas que não vivi e que não sei como são de verdade. Esquisito sentir isso.... mas chorei de saudade. Em quanto eu chorava, o Amaral me abraçava e chorava junto. Não era aquele choro desesperador, apenas um choro de saudade, um choro de “não há o que fazer”... Logo nos recompomos e seguimos assistindo TV.

Em seguida apareceu um mulher linda, que eu não sei quem é, mas ela passou poucas e boas depois de sofrer um acidente e ficar 3 anos sem andar. Mesmo assim ela superou todas as dificuldades, teve 5 lindos filhos e hoje esta bem, se recuperando a cada dia do trauma que sofreu há 27 anos. Fiquei impressionada com a força de vontade daquela mulher e me vi nela em alguns momentos, principalmente quando ela começou a narrar a sequencia de fatos de superação: “primeiro eu quis andar, depois eu quis andar direito, depois eu quis andar sem apoio, depois eu quis andar rápido, depois eu quis correr...” e assim por diante.... Me vi nela, com determinação e disposta a superar cada fase difícil e sempre buscar um depois.

Mas o que mais me marcou foi uma frase que ela disse: “A DOR É INEVITÁVEL, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL”. Nossa... que frase! Acho que até hoje eu não tinha ouvido uma frase tão perfeita que retratasse tudo que aprendi. Isso é a mais pura verdade. 

A dor da saudade eu vou sentir pra sempre, e hoje mesmo me perguntei se isso um dia vai passar (mesmo já sabendo que não passa), mas não posso é me permitir sofrer pra sempre, pois uma pessoa que sofre, não vive, e eu quero viver. Quero viver pra poder usufruir de tudo que me foi destinado, quero aproveitar cada oportunidade da vida e fazer disso a escola da minha evolução. Doer, vai doer, mas com o tempo vou aprendendo a não sofrer mais e a viver somente com as lembranças.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carnaval de muitas emoções

Gente, como tá difícil dar atenção ao blog...

Minha vida de vez voltou ao normal (e isso é muito bom), não tenho mais tempo pra nada.... Tenho tido muito trabalho, estou me envolvendo de cabeça nos meus projetos, à noite tenho participado do grupo de estudos no centro espírita, então 3 vezes por semana vou ao Boa e nos finais de semana aproveito pra fazer as visitinhas aos amigos e à família, ou então ir à praia. Semana passada dei mais um passo à minha vida normal, pedi reingresso na faculdade. Preciso retomar de vez tudo que ficou em standby devido aos últimos acontecimentos.

Para muitos, tudo isso que aconteceu na minha vida pode ser considerado como perda de tempo, mas eu não penso assim. Pra mim foi um ganho. Um ganho de experiência, de aprendizado, de vida. Muitas vezes precisamos cair do cavalo pra poder “ganhar” com os acontecimentos.  

Neste final de semana fui à praia, passar o carnaval entra família e amigos e conversa vai, conversa vem, e lá pelas antas saiu a frase “Deus escreve certo por linhas tortas”, então uma pessoa que estava na mesma casa falou uma frase certeira “Deus escreve certo por linhas certas, nós é que vemos as linhas tortas”. Toma! Levei uma paulada daquelas, que me fez mais uma vez repensar algumas coisas. Não adianta, TUDO está certo da forma que é, e temos é que tentar sempre aprender com as situações.

Outro dia lá no Boa Nova apresentaram uma citação de Kardec: “se reconhece o verdadeiro espírita pelo esforço que ele faz para superar as provas e expiações que a vida lhe apresenta”. Hum? Falou comigo? Pois é, parecia que estavam aprontando pra mim naquele momento.... Esforço.... esse é meu lema. É isso que faço todos os dias ao acordar, e confesso que a cada dia tem sido menos difícil. E quanto menos o esforço é necessário, mais rapidamente minha vida volta ao normal, sem dor e sem sofrimento. Que ótimo, talvez eu esteja ficando pronta para encarar tudo de novo se for preciso. 

Mas bem, iniciei escrevendo com um objetivo e acabei desvirtuando... a escrita fluiu livremente e deixei minhas mãos digitarem o que veio na minha cabeça. Na verdade vim aqui pra comentar sobre meu final de semana de carnaval, que era pra ser uma festa de bagunça mas acabou virando um chororô de pura emoção.

Já contei aqui no blog sobre o Cícero, cunhado da minha irmã que tem síndrome de Down. Pois é, fomos pra casa da sogra da minha irmã nesse carnaval e então a festa era garantida, afinal, com o Cícero junto não há como não fazer uma festa.  Ah alguns dias atrás, meus pais estavam passeando com o Cícero e neste passeio conheceram a Bárbara e sua mãe. A Barbara tem 18 anos e também tem síndrome de down. Uma característica dos Downs é serem muito amorosos, e tanto o Cícero quanto a Bárbara demonstraram todo o seu amor um pelo outro. Não aquele amor que nós, ditos normais conhecemos, amor carnal, de desejo e de paixão. Não, o amor deles é o amor verdadeiro, o amor puro, o mais lindo e sublime jeito de amar. Meus pais acharam que seria legal convidar a Bárbara e sua mãe para irem na nossa festinha de carnaval.  Nós nem estávamos esperando que elas fossem, mas lá pelas tantas, a mãe dela ligou avisando que estavam chegando.

Nossa, que alegria... A felicidade que o Cícero ficou de saber que ela iria na festinha era o máximo. Quando elas chegaram, foi uma festa. A Bárbara foi vestida de princesa e o Cícero estava de Pierrô. Lindos.... Eles dançaram, brincaram, se divertiram e todos nós ficávamos admirados de ver aqueles dois anjos puros ali na nossa frente demonstrando o mais puro amor. Lá pelas tantas, a Bárbara resolveu fazer uma homenagem ao um pai, ela se ajoelhou na frente dele, pegou sua mão e começou a fazer uma declaração. Não entendi tudo que ela disse, mas falava que estava feliz por ter sido convidada pra festinha, que agradecia muito meu pai por ter levado ela até ali, que o amava muito e que ele era sua vida. Nossa, enquanto ela ia falando, ela ia chorando emocionada, e todos nós na volta estávamos nos desmanchando, sem falar no meu pai que desabou. Poucas vezes vi meu pai emocionado daquele jeito.

Presenciar aquela cena foi a coisa mais linda que vivi nesses últimos tempos. Tantas dores e sofrimentos que já passei ficaram pra trás diante dessa mais pura demonstração de amor. Não tinha quem não chorasse, o clima de amor que estava naquela festa era algo mais do que maravilhoso.  Depois a Bárbara e o Cícero resolveram fazer declarações pra todo mundo, e virou seção choradeira.

Depois nascimento do meu filho, não havia ainda sentido tanto amor como senti naquele dia. A Bárbara e o Cí me deram de novo momentos de amor sublime e real e pude novamente sentir o que é o amor de verdade. 

Nossa festa teve muitos outros momentos de emoção, mas eu ficaria dias escrevendo pra contar tudo que esses dois aprontaram. Sei que essas duas pessoinhas especiais deixaram a minha festa de carnaval mais do que especial. Não vou nunca me esquecer as cenas que presenciei. Realmente o AMOR VERDADEIRO existe.

Olhem a latinha desses dois figuras....

Cícero e Bárbara
(que a essas alturas já tinha trocado de princesa para havaiana)

Cícero, Eu, Bárbara e Amaral
(nós de Vilma e Fred Flintstones)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tem "gente" nova no pedaço

No post anterior eu contei da função que foi a tosa do Tião e esse assunto deu muito o que fala, mas tudo não “havia” passado de um susto, só que 5 dias depois... outro susto. Cheguei do trabalho, fui brincar um pouquinho com ele e percebi que ele estava com uma machinha vermelha no lombo, em cima do pescoço. Fui olhar o que era e entrei em pânico. A gravatinha que colocaram nele estava tão apertada que estava cortando o pescoço. Imediatamente cortei a fita que prendia a gravata e me apavorei mais ainda.... a gravata ficou colada na parte de baixo do pescoço, porque o corte estava tão profundo, que a fita tava colada na carne. Que pavor!!! Tirei tudo muito rápido, chamei o Amaral e ele me ajudou a colocar um spray cicatrizante e antisséptico que sempre tenho em casa, tendo em vista que chow chow seguidamente tem alergias por causa do pelo. Limpei o machucado e fui na farmácia comprar remédio pra ele. Que desespero, o machucado era tão grande, e estava tão feio que eu não tava mais nem querendo ir pra praia no final de semana pra não deixar ele sozinho. Liguei pra pet que fez a tosa pra reclamar e contar o que tinha acontecido, eles pediram mil desculpas e ofereceram a medicação pra que eu aplicasse no Tião. Nem fui lá buscar, a final, eu já tinha comprado tudo que precisava. Enfim, mais um susto.... mas graças a Deus ficou tudo bem. Todos os dias aplicamos a medicação, limpamos o ferimento e dou remédio evitando inflamação e infecção.... Tadinho, essa tosa deu o que falar.... 

Mas fora esse susto, estamos com “gente” nova na família: adotamos uma beagle. Desde que a “namorada” do Tião perdeu a cria (contei aqui sobre isso), eu estava com vontade de adotar um cachorrinho. Como eu e o Amaral trabalhamos o dia todo, o Tião fica muito sozinho então a noite ele exige muito da nossa atenção, e nem sempre estamos disponíveis, então pensamos que seria bom ele ter uma companhia, mesmo que não fosse da mesma raça.

Quando minha colega voltou de férias no início do ano, ela chegou contando que a cachorra dela havia dado cria e que ela precisava achar quem quisesse adotar. Na mesma hora liguei pro Amaral e perguntei o que ele achava da idéia. Mesmo que ele não concordasse, eu ia convencer ele hehehehe. Pronto, estava decidido, um dos filhotes seria nosso. Preferi uma cadelinha pra não correr o risco do Tião brigar por espaço. Estava então só esperando os cachorrinhos desmamarem pra poder pegar ela.

Uma vez eu comentei que, assim como minha amiga Débie, eu gostaria de ter uma cachorra com o nome de Judite, mas essa beagle não tem porte pra ter um nome forte desses, então pensei em colocar o nome dela de Natalina, já que ela nasceu no dia do Natal, só que um dia, logo depois que decidimos adotá-la, sonhei com um primo meu que há muito não vejo, e que eu sabia que estava na fila da adoção há anos. No sonho ele me dizia que finalmente ele e a esposa haviam conseguido adotar e me falava da filha dele dizendo que era o máximo adotar, que era uma realização e tanto,  e quando ele foi me mostrar sua filha, na verdade era um botão de rosa. Então ele me disse “adotar é uma ato tão bonito, que não precisa ser só adoção de bebê, podemos adotar, uma flor, um animalzinho, qualquer coisa... dando amor é o que importa”, me lembro ainda de ele ter me dito que o nome a filha dele era Rosa, Rosa Bandeira (nosso sobrenome). Achei tão linda a mensagem que ele me assou que fiquei com isso na cabeça.

Na noite seguinte, acordei de madruga ouvindo (na minha cabeça) alguém dizer “a Rosane vem vindo”, então lembrei que há algum tempo uma amiga me disse que tinha sonhado que eu teria uma filha e que ela se chamaria Rosane.  Fui pesquisar na internet e Rosane significa “Rosa Graciosa”. Comecei a ligar os fatos (adoção, amor, filha, rosa, Rosane...) e decidi então que chamaria a cachorrinha de Rosa. Rosa Natalina é o nome dela hahahaha. É muita criatividade pra escolher nome de cachorro hehehe...

Então na última segunda-feira trouxe a Rosa pra casa. Fui no mercado e comprei tudo que precisava: tapetinho, potinhos pra comida, ração, fraldinha, brinquedinhos, ossinhos pra roer... tudo pra entreter um filhote, mas nada disso foi suficiente pra fazer ela não chorar de noite. Ela berrou a madrugada inteira e só se acalmava quando eu levantava e pegava ela no colo, dava uma embaladinha e fazia ela dormir (tal e qual um bebê).

No dia seguinte, cheguei cedo e fui brincar um pouco com ela, naquela madrugada ela já chorou menos, e aí foi a vez do Amaral levantar pra acalmar ela. Só que de manhã, perto da hora de eu ir trabalhar, achei estranho que eu não estava mais ouvindo o choro dela, e minha vizinha me ligou dizendo que a Rosa tinha caído da sacada e estava no pátio dos fundos. Meu Deus, dei um salto da cama e fui correndo atrás dela. Nosso pátio dos fundos é bem mais abaixo em relação ao pátio da frente, vendo nossa casa da frente, ela está na altura da rua, mas nos fundos é como se a casa fosse de 2 andares, te até uma área grande qué é como uma sacada, tipo uns 2 ou 3 metros acima do chão. E a danada da Rosa se enfiou num frestinha minúscula e cai lá pra baixo.

Desci e procurei ela por tudo, e como ainda tem restos de obra no pátio era difícil enchergar, achei que ela tivesse fugido, porque nos fundos não temos muro e é divisa com um sítio. Então comecei a chamar por ela e ouvi ao longe os choramingos. A safada atravessou a cerca do lado e foi parar no pátio da outra vizinha. A sorte é que os cachorros da vizinha estavam no pátio da frente, senão teriam engolido ela. Minha nossa, dois dias em casa e já tá dando trabalho... bem que dizem que beagle são uns pestinhas mesmo... ainda bem que ela não se machucou.

Terceira noite e eu acabada de não conseguir dormir por causa do choro dela e preocupada se ela não cairia de novo, então resolvi então arriscar outra coisa: colocar ela pra dormir no pátio da frente com o Tião. Coloquei então um telinha no portão pra evitar que a danadinha fugisse, arrumei as coisinhas dela num cantinho e falei bem séria com os dois (Tião e Rosa): “olha aqui ó, Rosa, não é pra tu chorar e nem fugir, e tu Tião, é pra cuidar dela e não machucar”. Parece até que eles entenderam, porque dormiram a noite inteirinha num silêncio, e eu pude dormir também. Ahhh que alívio...

Percebi que o Tião tem um pouco de ciúmes dela, quando ela chega perto dele ele foge, ela corre atrás pra brincar com ele e ele não dá bola, quando eu chego em casa ele vem saracoteando pro meu lado, aí brinco com ele, e depois vou nela um pouquinho, aí ele vira de costas pra mim, como se estivesse me desdenhando. Acho que tenho que dar um tempo até ele se acostumar com ela.

To amando essa vida de cachorreira. Nunca gostei muito de cachorros, era eles num canto e eu no outro, mas depois da vinda do Tião pra nossa vida, tudo mudou. E agora com a Rosa, tenho aquele sentimento de casa cheia. Adoro ficar parada olhando eles correndo pelo pátio e ela correndo pra incomodar o Tião... acho tudo o máximo.

Segue algumas fotinhos da nova integrante da família...

 Essa é a Rosa, carinha de coitadinha, característica de begle

Dormindo com sua Mônica e o trapinho com cheiro da mamãe
 

Aqui, a família completa, e o Tião tentando fugir da foto
(dá pra ver em baixo da mão do Amaral a mancha azul do remédio que estamos colocando nele, ainda bem que não dá pra ver o machucado, porque é muito feio)