quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Final do ano sempre é um tormento

Bom, passados os dias de tormento, finalmente criei coragem de vir aqui no blog escrever.  Digo coragem porque realmente tenho me sentido meio covarde com meus sentimentos. Não sei se tem a ver com o momento sensível que estou vivendo, mas parece que aquela força de antes não é tão forte.

Quem acompanha minha história sabe que o final do ano é muito marcante pra mim. E como falam muito na lei da atração, parece que isso se confirma pra mim, pois é uma tristeza atrás da outra e tudo parece que não vai ter fim.  As vezes penso que nunca mais vou ter um final de ano feliz.

Os dias que antecederam as datas que marcam o nascimento e a morte do João Pedro foram muito conturbados. Eu tentava compensar a angústia que sentia com os sentimentos bons em relação à Lívia, só que isso começou a ser contraditório. Eu sei que pode ser uma maluquice, mas eu me sentia culpada em estar tendo sentimentos felizes com Lívia e sentimentos tristes com o João Pedro.  Me perguntava como eu podia me sentir assim em relação aos meus dois filhos.

Isso era tão estranho e eu sofri muito imaginando que a Lívia estivesse triste comigo porque ultimamente eu pensava muito no JP e desejava ter ele de volta. Imaginei que ela pudesse pensar que eu gostasse mais dele do que dela.

Em contrapartida, imaginei que o JP pudesse estar decepcionado comigo por eu estar preparando tudo para a chegada da Lívia e não desse atenção suficiente a ele. É uma sensação muito estranha, porque sei que meu filho não está mais vivo entre nós, mas pra mim é apenas como se ele morasse em outro lugar, pois meus sentimentos por ele são muito vivos. É estranho não sei como explicar isso.

Eu me senti muito culpada por estar preparando algumas coisas pra enfeitar o quartinho da Lívia, quando minha vontade era também de estar preparando a festinha de 2 anos do João Pedro. Sentia como se ele fosse ficar triste comigo por não fazer nada por ele. É difícil me fazer entender, mas realmente foi um período muito conturbado, que sem o Amaral teria sido muito difícil de passar.

Havia dias que minha angustia era tanta, que eu aproveitava o transito de ia e vinda do trabalho pra chorar e colocar pra fora tudo que estava preso no meu peito.  Esse era o meu único momento sozinha, momento meu, com meus pensamentos. Difícil era controlar esses sentimentos durante o expediente e passar o dia sorrindo.

No dia que seria o aniversário dele, acordei muito angustiada, e chorei assim que abri os olhos. Senti muita falta dele e fiquei imaginando como seria ele ali, deitado no nosso meio brincando no domingo de manhã. O Amaral me ajudou, me acalmou e então consegui sair da cama. Até que passamos um dia agradável, tentando nos ocupar de tudo que foi jeito pra não deixar espaço livre pros pensamentos.

Na hora de deitar, fiz uma oração especial, pedindo aos anjos de luz que ajudem meu menino a cumprir o seu propósito no plano espiritual e que ele possa enfim resgatar o que fosse necessário, para quem sabe um dia poder retornar ao plano terrestre e seguir a sua evolução. Pedi ao meu filhote um carinho, disse que eu estava com muita saudade e queria sentir sua presença em nossas vidas. Enquanto rezava, imaginei isso acontecendo através da imagem de uma borboleta branca pousando em mim, simbolizando a paz dos anjos do céu.

Dormi bem naquela noite, mas no dia seguinte, dia do falecimento dele, tive que fazer um esforço pra levantar e ir trabalhar. O pior de tudo foi ter que engolir o choro e fazer cara de “tudo bem” o dia inteiro. As duas colegas que trabalham comigo sabiam o que aquele dia significava, então fizeram de tudo pelo meu bem estar e me ajudaram a passar um dia não tão tenso.

Porém não são todas as pessoas que tem esse bom senso, e nesse dia ainda tive que driblar uma tentativa de rasteira no trabalho. Mas isso não é assunto pra este blog. Porém isso me abalou bastante, e juntando com todo o sentimento do dia, logicamente cheguei em casa e desabei. Tudo era motivo pra chorar e me sentir a pior pessoa do mundo. Ainda bem que o Amaral e eu somos muito ligados um ao outro, que mesmo de longe, ele sentiu que eu estava precisando, e me ligou. Providencial, pois foi só falando com ele que consegui me acalmar. Não fosse as palavras do Amaral e meus sentimentos pela Lívia, não sei como teria sido. Mas enfim, consegui passar por esses dois dias terríveis.

Mas não bastasse isso, no dia seguinte ainda tive que me envolver em problemas de família...  Olha... esses últimos dias foram fora do comum... Ainda bem que passaram.

Num desses dias tensos, estava em casa conversando com meu pai e minha irmã, e de repente entrou pela janela da sala uma linda borboleta branca. Ela ficou rodando, pairando nossas cabeças, entrou em todas as peças da casa, por fim pousou no meu ombro e foi embora. Não pude deixar de me emocionar e lembrar do pedido que eu havia feito em oração apenas 4 dias antes. Aquilo simbolizou um “mãe, eu estou aqui com vocês até nas horas difíceis”.

Como eu acredito, isso pra mim foi um presente, como se fosse um abraço do meu filho, que confortou meu coração e deixou os dias mais leves. Com isso consegui aliviar a tensão e tirar de mim a angústia que eu estava sentido.

Hoje, estando mais “lúcida”, sei que todas as minhas angústias foram em vão e que não há motivo para me sentir culpada. Cada filho é único e com cada um é uma situação diferente. Não há como dividir o amor dos dois, nem um substituirá o outro. O jeito é conciliar os sentimentos e saber que cada um tem seu espaço no meu coração independente do plano em que vivam.

Depois de toda essa angústia curada, agora vem a boa fase de aguardar a eco de amanhã e ver como anda a dona Lívia. Logo trago notícias.

Beijos e boa noite a todos.