segunda-feira, 24 de junho de 2013

As dores da amamentação

Saudades do blog... mas tá difícil de conseguir parar pra escrever, e se for pra fazer meia boca, prefiro não fazer.
Hoje a Lívia tá que só dorme. Está com uma crise alérgica, nebulizando e por isso acorda, mama e dorme de novo. Resolve fazer festinha só na madrugada, mas é passageiro (assim espero hehe).
Mas não é sobre isso que eu venho falar hoje. Tem um assunto que eu não quero deixar muito tempo sem desabafar. Vamos lá: AMAMENTAÇÃO...
Nossa, eu sempre tive muito medo de não conseguir amamentar. Primeiro pelo bem que o leite materno faz ao bebê e depois pelo alto custo que é manter uma criança a leite em pó. Então desde sempre eu dizia pra mim mesma: vou fazer de tudo pra amamentar.
Já aos 4 meses de gravidez começou a sair o colostro, então fiquei um pouco mais tranquila, mesmo sabendo que isso não era garantia de fartura. Mas aí a Lívia nasceu e já primeira hora colocaram ela a mamar em mim.
Que momento.... me senti a mulher mais feliz do mundo. Gerar uma criança, trazer ela ao mundo e prover o seu sustento naturalmente é uma coisa que só podia ser de Deus mesmo, de tão sublime que é isso tudo.
Estava radiante que a Lívia mamava bastante e fazia a pega correta. As visitas iam nos ver no hospital e eu me gabava muito por estar conseguindo amamentar. Estava realizada com isso. Toda hora mostrava pro Amaral que os peitos estavam cheios, redondos... chegavam estar lustrosos de tão grandes.  Mal sabia eu o que isso causaria mais na frente.
Tivemos alta na sexta de noite e a primeira noite em casa foi até engraçada (digo isso hoje, porque no dia achei uma atrapalhação). A Lívia passou praticamente a noite inteira mamando e como os médicos orientam à livre demanda, eu deixei ela sugar.
Sábado de tarde eu tava que não aguentava a dor nos bicos dos seios, e então fui apresentada às tais fissuras que a amamentação pode causar.
Fiz tudo que me indicaram: passava um oleosinho que deram no hospital (não lembro o nome), colocava casca e mamão, passei a pomada Massê,  Ceralip e nada, mas nada mesmo fazia parar de doer.
Dar de mamar estava sendo torturante. Cada vez que a Lívia grudava o seio eu gritava de dor que assustava todos que estavam nos visitando. Mas eu não queria desistir. Podia doer o que fosse que eu estava disposta a dar o peito.
Mas no sábado de noite as coisas ficaram muito piores. Além das fissuras, aconteceu o empedramento de leite. Eu produzia tanto leite que ela não dava conta de sugar tudo, então foi empedrando tudo e meus seios ficaram encaroçados e doloridos ao extremo. Estavam quentes, pesados e vermelhos. Ninguém me alertou que eu precisava ir tirando leite com a bombinha. Eu achava que quanto mais tivesse, melhor.
A dor era tanta que tarde da noite meu pai e o Amaral saíram atrás de comparar uma bombinha e minha irmã e minha mãe se grudaram a fazer massagem nos meus seios e eu só tinha condições de chorar. Era cada uma num seio, massageando e apertando pra tentar extrair o leite, mas não saia. Era como se o leite tivesse congelado lá dentro.  Não aguentando mais de tanta dor, fui pro chuveiro e deixei escorrer água quente. Passei os dentes de um pente pra “abrir valetas” nos seios e ainda assim não saia.
Estava no meu limite, só chorava e sentia muita dor, então minha mãe sugeriu que o Amaral fosse pro banho comigo e sugasse meus seios com toda força que pudesse. Nem a bombinha nem a Lívia tinham força pra desempedrar, então constrangedoramente deixei que o Amaral fizesse o que minha mãe sugeriu. Ele sugava com força e quando cuspia, tinha sangue. Claro, os bicos estava rachados.
Foram umas duas horas em função de desempedrar os seios. Dor torturante, mas eu não queria desistir. Aliviou um pouco e eu segui sugando com a bombinha nos intervalos das mamadas pra ajudar a esvaziar. O empedramento resolveu dentro de uns 2 ou 3 dias, mas as fissuras seguiram por bastante tempo. Só consegui aliviar usando as conchas de silicone e pomada bepantol depois de cada mamada.
Conforme passavam os dias, a reserva energética da Lívia ia diminuindo e cada vez mais ela ia sugando. E sugava tão desesperada que fazia a pega errada, e por conta disso, fissurava cada vez mais. Depois que ela grudava, eu não conseguia tirar a boca dela do sei de jeito nenhum, e isso doía muito.
Passei a dar mamá com uma fraldinha na minha boca, pra que os meus gritos não assustassem ela nem os vizinhos. Era desesperador e minha mãe e o Amaral enchiam os olhos de lágrimas cada vez que eu ia dar de mamá.
Já estava acostumada com a dor, mas o tempo das mamadas estava acabando comigo. A Lívia ficava cerca de 1 hora e meia mamando e quando largava o peito chorava o tempo todo. Eu não achava que aquilo fosse normal, então liguei pra pediatra e ela pediu que eu fosse ao consultório. Lá pesamos a Lívia e ela que deveria ter ganho no mínimo 400gr naqueles 20 dias, ganhou apenas 120gr.
Que decepção pra mim. Todo meu esforço não estava sendo suficiente, pois meu leite não a sustentava. Não teve jeito, tivemos que complementar com leite em pó. O assunto do leite em pó ficará para outro post.
Depois de cada mamada no peito, eu tinha que dar um complemento de 30ml de leite em pó. Até fazer a Lívia pegar a mamadeira foi um custo. Tentei no copinho, de colherinha, de seringa e nada, não tinha jeito dela sugar outra coisa que não fosse meu peito, até que finalmente ela aprendeu a sugar a mamadeira e pra minha tranquilidade, começou visivelmente a ganhar peso e espaçar as mamadas.
O grande problema foi que sugando a mamadeira ela desaprendeu a sugar o peito e todas as fissuras que já tinham sido curadas voltaram de novo e lá estava eu com dor, bicos rachados e sangrando. Mas ok, tudo pela amamentação natural.
Na consulta de um mês, a pediatra constatou que a Lívia tinha ganho peso suficiente e poderíamos ir aos poucos tirando o complemento de leite em pó. Ok, fui reduzindo a oferta da mamadeira e proporcionalmente a Lívia foi aumentando o tempo de mamada até que estava novamente levando 1 hora e meia mamando. E o que era pior, aumentou a frequência das mamadas. Era 1 hora e meia mamando, no máximo duas horas de descanso e ela já gritava de fome de novo e lá íamos nós mais 1 hora e meia de mamada. Adivinhem o que aconteceu? Rachou o peito de novo.
Nossa, que terror... Fomos até quase os dois meses dela assim, sofrendo a cada mamada.
Conversei com a pediatra, afinal, sempre ouvi dizer que não existe leite fraco, mas ela me disse que as coisas não são bem assim, e que pode acontecer sim de o leite não ser nutritivo suficiente. Não tem uma explicação lógica para afirmar o por que meu leite não sustenta a Lívia. Eu tomo bastante água (nessa fase da amamentação) e procuro me alimentar bem. Mas essa história de que toda mãe é capaz de produzir leite suficiente pra seu bebê aqui em casa não colou.
Não tivemos escolha e tivemos que partir para o leite em pó em maior quantidade. Segui dando o peito e depois o complemento, mas conforme ela foi crescendo, a demanda foi aumentando e hoje estamos com 150ml de leite em pó a cada 3 horas.
Por conta da facilidade com que o leite sai da mamadeira, nem sempre ela quer mamar no peito. Já conversei com a pediatra sobre tirar de vez o peito, já que não a sustenta. Mas a dra pediu que eu mantenha enquanto puder pelo fator de proteção e imunidade que o leite materno dá ao bebê.
Só por isso ainda estou mantendo, porque é duro ofertar à uma criança um leite que não sustenta. Com o leite do peito e como se ela tomasse água. Enche a barriga mas em seguida fica com fome de novo.
Hoje procuro dar o peito só à noite, pois é um momento em que ela se acalma e consegue dormir melhor. As vezes ela dá duas ou três sugadas e já pega no sono.
Sei que vou ter problemas mais lá na frente, na hora de desmamar de vez, pois vejo que hoje ela é emocionalmente dependente do peito pra dormir bem. As vezes que tento fazê-la dormir sem o peito e um chochorô e ela acorda mais cedo. Mas vou deixar pra resolver esse problema quando for a hora dele, por agora deixa assim.
Enfim... digo com orgulho EU FIZ DE TUDO PRA AMAMENTAR, mas infelizmente não consegui manter só com a amamentação natural. E hoje eu reconheço e tiro o chapéu praquelas mães que conseguem manter um bebê só com leite do peito. Isso não é pra qualquer um.
Para aquelas que estão grávidas ou pensando em engravidar, eu alerto: a amamentação não é esse mar de rosas que a mídia mostra. Tem que ter muita vontade, disposição e força pra aguentar a dor. Mas todo esforço vale a pena. Eu daria minha vida pela minha filha, então ter os bicos dos seios rachados não é nada perto disso.
Se puder amamentar, amamente. Além de ser saudável para o bebê, é um momento único que só a mamãe tem com a criança.
 
E agora seguem umas fotinhos dos nossos momentos...
 
Primeira mamada no hospital

Primeira mamada em casa. Eu com rosto vermelho de tanto chorar de emoção

Tentando dar o complemento de colherinha 

Enganando ela com a seringa

E enfim, com a mamadeira
 
Hoje em dia, tão adaptada que até segura sozinha