Passado o primeiro mês, onde estávamos sendo apresentadas
uma à outra e nos reconhecendo, era chegada a hora de nos adequarmos à vida
normal.
Como no primeiro mês a orientação era de mamadas por livre
demanda e pra ajudar meu leite não a sustentava, era impossível estabelecer uma
rotina, já que ela praticamente passava o dia (e a noite) pendurada na
teta. Mas com a entrada da mamadeira eu
conseguia saber se o choro era de fome ou outra coisa. E essa “outra coisa” quase
sempre eram as malditas cólicas.
Nossa... não gosto nem de me lembrar. Começou um pouco antes
de completar um mês, mais ou menos com 25 dias. Ela começou a chorar além do
normal, principalmente à noite. Tinha hora marcada: 2h da madrugada. Não era um
choro comum, eram gritos, gritos desesperadores.
Que fase complicada. Me desesperava quando ela começava a
gritar, ficava sem saber direito o que fazer e acabava chorando junto. Fazia
massagem, colocava bolsinha de água morna e em último caso dava umas gotinhas
de luftal, mas as vezes nada disso adiantava e só o que resolvia era colocar
ela pra dormir de bruços. Isso é assunto que vou contar em outro post, quando
falar sobre o sono.
Minha sorte é que o Amaral é muito, mas muito calmo. Porque
não foi uma nem duas vezes que eu entrei em desespero com o choro dela na
madrugada e comecei a chorar junto. Eu não sabia mais o que fazer, me achava
uma incompetente, incapaz de conseguir ajudar minha filha. E quando via o
Amaral com toda aquela calma, pegava ela no colo e de vagarinho ia fazendo ela
se acalmar, eu ficava com vergonha de mim, por não ter conseguido cumprir meu
papel.
Não tive depressão pós-parto, mas cheguei perto. E tenho
certeza que isso só não aconteceu porque tenho um marido muito companheiro,
compreensivo e acima de tudo, parceiro. Pra ele não tem essa de só a mãe é que
tem que fazer pelo bebê, o pai também pode, e deve ajudar. Isso foi o que me
salvou.
Além dessa função em lidar com as cólicas, no segundo mês
comecei a investir no treinamento de sono noturno. Chamo de treinamento porque
é um caminho longo e uma criança que não tem base nenhuma, precisa de atenção
total e orientação pra cumprir tarefas simples, mesmo que seja o sono. Mas não
foi tão simples essa missão.
Eu acredito que a gente aprende as coisas por repetição, por
isso insistia em manter uma rotina. Todo dia tudo igual e nos mesmos horários
para ir habituando o corpo da Lívia ao que é dia o que e noite. Era um esforço
enorme pra mantê-la acordada durante o dia e outro para fazê-la dormir num
horário adequado.
Durante a semana era mais tranquilo de fazer essa rotina,
mas nos finais de semana era impossível. Com a casa sempre cheia, todo mundo
pegando no colo e embalando, cada um se achando mais capaz do que o outro pra
fazer ela não chorar... Era aquela passação de colo em colo durante o dia e eu
pagando meus pecados durante a noite. Era fatal, final de semana ela se enchia
de mania e só queria dormir no colo.
Enfim... nem sempre as coisas são como a gente deseja, e
muitas vezes é preciso relevar pra não criar caso. Mas chegou um ponto em que
eu comecei a dar uns basta e dizer uns não de vez em quando. Não dava... quando
todos viravam as costas eu e o Amaral é que sofríamos.
Eu fazia questão de estabelecer uma rotina. Sou adepta da
organização, das coisas nos seus mínimos detalhes e de ordem e determinação. Se
é assim, é assim e ponto final. E por ser assim tão organizada sofri um pouco
quando descobri que com uma criança não é assim que funciona. Por mais que eu
quisesse, nem sempre ela dormia ou ficava acordada no mesmo horário e eu ficava
p da cara quando as coisas saíam meu controle.
Não adianta, eu já tive mil pauladas na cabeça me provando
que nem sempre consigo estar no controle de tudo e mesmo assim não aprendo....
Tenho esperança ainda de um dia eu ficar menos incomodada quando for
contrariada. Mas por outro lado, ser contrariada me chama ao desafio e se sou
desafiada vou até o fim pra conseguir vencer. E nesse caso a disputa era comigo
mesma. Era provar pra mim mesma que eu era capaz de estabelecer a tal rotina
com a Lívia.
E com muita persistência fomos estabelecendo uma rotina que
ficasse boa para todas as partes, mas tentando não ficar refém do relógio.
Nosso dia era mais regido pela frequência das mamadas do que propriamente pelo
horário das atividades. Ela mamava assim que acordava e seguia mamando a cada 3
horas e à noite era a sequencia de banho, mamá e cama. Dentro do possível,
mantínhamos essa rotina.
E assim foi o nosso segundo mês:
- Cólicas
infernais que faziam a Lívia se contorcer e berrar
- Eu desesperada
sem saber como ajudar
- Amaral
com jornada dupla: trabalhando e me ajudando com a Lívia (além de ter que me
acalmar várias vezes)
- Eu
estressada com a função de colo, pegação e embalação de todo mundo
- Rotina
sendo estabelecida
E aí umas fotinhos...
De bruços pra poder suportar as cólicas |
Passeando no parque... |
O famoso banho de balde. Ela adorou. |
Conhecendo a bendita Galinha Pintadinha |