Bom, depois da amamentação a coisa mais difícil de
administrar foi a hora de dormir. Na verdade até agora são as únicas duas
situações difíceis e frustrantes que vivi com a maternidade, porque o resto é
maravilhoso...
Eu sempre tive a opinião de que os filhos vêm pra unir o
casal, jamais devem ser motivo de separação. E quando falo em separação, não me
refiro só à separação/divórcio, falo em separação de tudo aquilo que o casal
sempre fez junto.
Então uma coisa era certa, na hora de dormir seria cada um
no seu quadrado. Isso mesmo: nada de dormir no meio.
Já vi casamento de amigas minhas irem por água abaixo e o
estopim foi justamente a cama compartilhada, ou muitas vezes a expulsão do pai
para colocar a filha no lugar. Nunca, jamais. Eu bati pé com o Amaral e comigo
mesma pra não deixar isso acontecer.
Que dá uma vontade, ahhh dá... mas além de ser perigoso (porque
existem grandes chances dos pais pegarem no sono e acabarem machucando o bebê)
eu sempre preferi fazer o que seria melhor pra ela. Colocar ela pra dormir no
nosso meio, eu acredito que causaria dependência e a tornaria insegura diante
de situações em que tivesse que ficar longe da gente. O Amaral sempre tentou me
convencer, mas minha resposta era sempre NÃO. Exceto nas crises de cólica, que
daí ela dormia no peito dele, já que o homem tem a temperatura mais elevada que
a mulher, mas nunca, nunca mesmo dormiu no nosso meio.
Lógico que eu não seria maluca de colocar a Lívia sozinha no
seu quartinho logo que viemos pra casa. Eu ainda não conhecia suas necessidades
e nem me sentiria segura, então o negócio era colocar pra dormir no nosso
quarto, mas numa caminha só dela.
Comprei um moisés com várias funções: 3 posições de reclino
incluindo deitado, balanço e vibração. Era o objeto ideal para os primeiros
dias do bebê em casa. Recomendo!
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No início era uma atrapalhação, ela acordava toda hora pra
mamar, tinha que colocar pra arrotar e só então deitá-la. Mas mal eu colocava
pra dormir e ela já acordava pra mamar de novo. Nossa, não gosto nem de lembrar
dessa fase, ainda bem que já foi.
Nos 2 primeiros meses a Lívia chorava muito à noite. Já
comentei aqui sobre as cólicas e sobre a fome em função do meu leite não
sustentar. E muitas vezes ela chorava e a gente não sabia por que, então a
único jeito de fazer ela se acalmar era no colo. Eu sempre achei que todo esse
choro sem razão era puramente manhã, já que durante o dia ela passava o tempo
todo no colo das visitas, aí de noite só queria colo também, e quem pagava o
pato era eu e o Amaral.
No início eu me preocupava em não deixa-la chorar, mas ficar
a madrugada inteira acordada embalando a Lívia não estava dando certo, até
porque ela dormia no colo e quando largava na cama, ela despertava e aí
começava tudo de novo... Então optamos pelo “deixa chorar”, pelo menos um
pouco, pra ver como seria. E por incrível que pareça, funcionou. Lógico que
dava uma dó de deixar chorando, mas eu acreditava que uma hora ela fosse cansar
e se entregar.
Meu parâmetro era deixar chorar por 7 minutos. Se dormisse
antes, era só manha, se passasse de 7 minutos, é porque ela estava sentindo
alguma outra coisa. Li isso num livro uma vez e nunca mais esqueci. Quando
começamos a usar essa técnica, no início demorava mais, mas depois, ela chorava
dois minutos e logo dormia. Não era fácil, várias vezes me doía o coração de
vê-la chorando, mas eu tinha que ser firme e forte, por ela.
Conforme o tempo foi passando, fomos conhecendo suas
necessidades e já sabíamos como agir. O grande problema sempre foi que ela não
dormia por muitas horas seguidas, e quando acordava estava desesperada de fome.
Esse era o mal da teta vazia, que graças a Deus foi solucionado com a entrada
definitiva do leite em pó.
Eu investia pesado no treinamento de fazê-la entender o que
era hora de dormir e hora de ficar acordada e observei que ela sempre ficava
mais relaxada depois do banho, então deixei esse momento pro final do dia.
E como ela sofria muito com cólicas, eu apelei pra massagem
shantala. Aquecia o quarto, colocava uma musiquinha agradável, fazia shantala,
dava banho, mamá e cama. Eram duas horas em função disso, mas valia a pena.
Quando eu colocava ela na cama estava capotada.
Fiz isso uma semana inteira e ela entendeu a diferença de
noite e dia. Mas passou uns tempos e ela desregulou de novo. Então lá fomos
nós... tudo de novo. Só que dessa vez não tinha mais tanta cólica então resolvi
usar a técnica que nossa pediatra ensinou: psicoterapia.
A psicoterapia se baseia em conversar com o subconsciente do
bebê. Falar com ela enquanto dormia, pra que o que fosse dito fosse registrado
em seu subconsciente e posteriormente o subconsciente se comunicaria com o
consciente e imprimiria essas informações em seu organismo. Pode parecer
maluquice, uns me diziam que isso era bruxaria, mas na verdade isso são
técnicas utilizadas por psicólogos e psiquiatras, ou seja, tudo cientificamente
comprovado.
Então eu dava banho, mamá, colocava pra arrotar e quando ela
pegava no sono eu entrava com a psicoterapia. Eu enchia a bolinha dela dizendo
que ela é linda, que todo mundo (citava nomes) gostava muito dela, que ela foi
muito desejada blablabla... falava que todos os órgãos do seu corpinho (citava
os órgãos) funcionavam perfeitamente, que ela soltaria muitos gases e nada
ficaria preso, ia falando sempre tudo positivamente. Afirmando pra ela como as
coisas deveriam ser, não em como “não deveria”. Sempre positivo. Aí por fim eu
dizia que ela teria uma noite de sono maravilhosa, que sonharia com os anjinhos
e brincaria muito durante o sono. Que ela dormiria tão bem, e que só iria
acordar no outro dia de manhã, tendo uma noite tranquila e agradável.
Podem não acreditar, mas a primeira vez que apliquei a
psicoterapia, ela dormiu por 5 horas, mamou e dormiu mais 5horas. Na segunda
noite dormiu 8 horas seguidas, na terceira dormiu 10 horas e chegou até a
dormir 12 horas seguidas sem acordar pra mamar. Santa psicoterapia.
O segredo é ser positivo, só falar coisas boas e
principalmente acreditar. Se fizer a psicoterapia achando que é bobagem, não
vai adiantar.
Enfim... dona Lívia estava com pouco mais de dois meses e
dormindo a noite inteira. Raras vezes acordava pra uma mamada no meio da noite,
não regurgitava mais com tanta frequência e volume e não vomitava mais pelo
nariz [sim, porque isso aconteceu váááárias vezes e eu quase morria do coração],
então era chegada a hora de dar o primeiro passo para sua independência: dormir
sozinha no seu quartinho.
Fizemos um quarto tão lindo pra ela que ficaria para as
moscas? Dinda Glaucia deu um berço tão lindo pra ficar vazio? Não, aqui em casa
não seria (e não é) assim.
O Amaral sempre foi mais temeroso que eu relação a dormir
sozinha, então tínhamos combinado de esperar completar 3 meses. Mas aí surgiu
uma oportunidade em que estávamos de festa em casa e eu a coloquei pra dormir
no bercinho e ela seguiu dormindo, então resolvi não tirar ela dalí. Isso
mesmo, assim de sopetão, sem termos nos preparado antes.
Levei umas duas horas instalando a babá eletrônica tentando
não fazer barulho, fechamos a porta do quartinho e fomos dormir. Dormir não né,
deitar, pq foi impossível eu dormir hehehehe. Eu não tirei o olho da babá eletrônica
um minuto. Eu fechava os olhos, mas logo vinha aquela vontade de mais uma
olhadinha se tava tudo bem. Foi assim a noite toda, e ela dormiu
maravilhosamente bem a noite toda.
Pronto, sobrevivemos. Uma vez feito isso, não voltaria mais
atrás. Estava definido: Lívia passaria a dormir sozinha em seu quartinho.
Lembro até o dia: 15 de junho. Foi um marco na nossa vida.
Não sei o que seria de mim sem a babá eletrônica com câmera.
Ganhei dos meus colegas de trabalho e acho que nunca na vida vou ganhar um presente
tão útil.
Nos primeiros dias era tensão pura. Várias vezes levantei da
minha cama e fui no quartinho colocar a mão no peito dela e ver se estava
respirando (quem nunca???). Eu ficava olhando pela câmera, aquele rostinho tão
lindo, imóvel, mas que eu não podia tocar e ver se ela se mexia.
Foi tenso, mas com o passar do tempo eu fui aprendendo a
reconhecer os sons que ela fazia, se era de se mexer, se era de espirrar,
tossir, gemer, chorar. Com o tempo aprendi se eu precisava levantar e ir olhar
ou se eu podia só olhar pela câmera e deixar que ela voltasse a dormir sozinha.
Viva a babá eletrônica.
Mas essa função de passar ela pro quartinho me rendeu muitas
críticas. Poucas foram as pessoas que aprovaram. Teve gente que disse que eu
era loca em deixar um bebê dormindo sozinha nesses tempos de frio. Mas vem
cá.... um bebê que dorme a noite inteira sem reclamar, não pode estar achando
ruim, não acham???
Outra pessoa me disse que eu era a única pessoa que ela
conhecia que o marido não passou a dormir no sofá depois que o bebê nasceu. Que bom né... Não é porque virei mãe que deixei
de ser esposa. Não acho justo simplesmente despachar o marido depois que nasce
o filho.
Confesso que eu não devia, mas me incomodei bastante com
tanta gente dando pitaco.
Maaaaassss... segui firme no propósito.
Depois que passamos ela pro quartinho, bagunçou um pouco o
sono. Cheguei até conversar com a pediatra sobre isso e ela me falou sobre
insegurança.
Quando a Lívia estava dormindo no nosso quarto, por mais que eu
não visse, as vezes ela acordava de noite, via que estava ali e voltava a
dormir. Quando foi pro quartinho dela, ela acordava de noite e não reconhecia o
lugar onde estava. Por mais que não fosse nada ameaçador e que de dia ela
ficasse ali, era uma mudança e ela sentiria.
Notei que ela ficou mais apegada na hora do sono, tanto em
mim quanto no Amaral, ela agarrava nossa roupa pra dormir. Dormia no colo e na
hora de colocar na cama acordava e já fazia um berreiro.
Mas como eu falei, repito e direi quantas vezes for
necessário: eu faço o que é melhor pra ela. Então se precisar ficar até
madrugada, ou levantar da cama quantas vezes for necessário, eu faço. E fiz (no
período mais frio do inverno affff).
Agora o Amaral está num emprego de turno normal, então
acorda muito cedo, consequentemente eu privo ele à noite. Não peço mais tanta
ajuda, pq ele precisa dormir cedo e descansar. Então essa função de adaptar ela
ao quartinho ficou toda comigo. Já adaptada à vida de um bebê, me senti
totalmente segura em fazer isso sozinha.
Só que estava ficando muito complicado essa coisa da Lívia
só dormir se fosse no colo e quando colocada na cama acordava. Então
conversamos e decidimos de novo encarar o deixa chorar.
Dava o mamá, fazia arrotar e a colocava na cama ainda
acordada. Pra já que começava o berreiro. Deixava 7 minutos, passando disso,
pegava no colo, acalmava e colocava na cama de novo. Teve noites que fiquei 3
horas tentando fazê-la dormir. Persistência é palavra chave.
Insisti nisso: mamá e cama ainda acordada. Eu ficava no
quarto até ela pegar no sono. Não ficava com ela no colo, mas pelo menos ela me
via e sabia que eu estava por perto.
Com o temo ela foi acostumando, foi chorando cada vez menos
e hoje eu boto na cama, dou o bico e o naná (almofadinha), beijo, boa noite,
dorme com os anjinhos e vou pro meu quarto.
As vezes leva uns 20 ou 30 min pra ela ferrar no sono, outras vezes eu
mal chego no meu quarto, ligo a babá e ela já está ferrada.
Hoje o único inconveniente é que se ela perde o bico ainda
acordada, ela chora, aí eu levanto , vou lá, coloco o bico e saio do quarto sem
falar com ela.
Agora o banho já não é mais antes de dormir. Percebi que ela
estava ficando elétrica depois do banho então desvinculei banho e sono. Dou
banho no horário que é mais conveniente. Mas a hora de dormir é quase sempre a
mesma. Por volta das 22:30hs e ela dorme normalmente até as 8 ou 9h da manhã.
As vezes um pouco mais, outras um pouco menos. Raríssimas vezes acorda na
madrugada, e quando isso aconteceu é por causa do bico.
Aí depois dessa fase, vieram as críticas de “como t tem
coragem de dar boa noite e virar as costas?”, “ah, mas um embalinho pra dormir
é tão bom”... Vários foram os comentários, e mais uma vez eu não tava
aguentando.
Cheguei a me questionar se estava fazendo correto, mas me
tranquilizei um dia em que minha mãe disse que me achava muito durona, que eu
não sedia nunca e o Amaral saiu em minha defesa. Ele disse que no início também
me achava durona, mas depois que ele viu que era assim mesmo que tinha que ser
e que dava resultado eu realmente me tranquilizei. Ter o apoio de quem está
próximo é confortante.
Então dane-se o que as pessoas pensam e falam. O fato é que
depois que a Lívia foi pro quartinho, tudo ficou melhor: a rotina dela
estabilizou, as noites de sono se tornaram completas e a função de ficar
embalando acabou. Além de que eu e o Amaral retomamos o “dormir de conchinha”
hehehe.
Noto que as pessoas se surpreendem quando digo que ela já
dorme sozinha no quartinho e que dorme a noite inteira. Muitas pessoas me
perguntam como eu consegui essa façanha. Eu confesso que não foi fácil, mas a
palavra chave é PERSISTÊNCIA, mas antes de ter persistência, tem que querer, porque
é muito comum eu ouvir “fulaninho não dorme sozinho”, mas aí eu me pergunto “você
já tentou?”
É muito fácil jogar a culpa nas crianças pra esconder uma
fraqueza nossa. Se não quisermos, não fizermos o esforço, as coisas não vão
acontecer mesmo.....
Beijos a todas.