Ahhhh... o blog.... que saudade de escrever. Mas atualmente
tempo é um elemento raro na minha vida....
O assunto de hj já não é mais atual, mas queria muito
escrever sobre ele: o retorno ao trabalho.
Eu sabia que um dia isso ia acontecer, mas não imaginava que
o tempo fosse passar tão rápido...
Ilusão minha né... o tempo passou do mesmo jeito que sempre
foi, porém desta vez, eu tinha coisa mais importante pra me preocupar e o tempo
era o de menos. Mas aí quando me dei conta que minha licença maternidade tinha
acabado e que só me restavam 30 dias de férias, é que caiu a ficha de que
estava na hora.
Hora de quê perguntou eu?
Não de voltar à vida normal, porque minha vida continua
normal. O fato de ter entrado mais um membro pra família não tornou minha vida
anormal. Tornou diferente, mais corrida, mas continua normal.
Então era hora de voltar a ter atividade profissional e
aprender a conciliar vida de mulher, mãe, dona de casa, estudante, filha, amiga
e também profissional. Ufa... cansei só de pensar em administrar tudo isso.
Brincadeiras a parte, mas chegou enfim o momento de ter que
me afastar da pequena durante o dia inteiro e só poder ficar grude nas poucas
horas que nos restam à noite.
Que dó, que dó, que dó.... mas não há como ser diferente. Se
eu tivesse condições financeiras, eu até poderia me dar ao luxo de ficar com
ela por mais tempo, mas como PRECISO trabalhar, prefiro nem pensar em como
seria.
Sempre disse pra mim mesma que escolinha só em último caso,
se não tivesse outra opção mesmo. Nada contra, mas tenho minhas dúvidas quanto
aos cuidados, já que são em torno de 6 bebês por titia, e também pela questão
da saúde. Crianças são incubadoras de vírus e elas juntas formam praticamente
uma bomba atômica hehe, então é fato que assim tão bebezinhos, as chances de
ficarem pestiados junto com outras crianças são muito maiores.
Graças a Deus eu tenho a opção de ter uma babá. E graças a
Deus mesmo, porque uma babá dessas não se acha em qualquer lugar. Ela tem 40
anos de experiência em ser cuidadora de crianças e digo com toda certeza que
esse é o dom que ela recebeu de Deus. Sei lá quantas crianças já passaram por
ela, mas até de mim ela já cuidou.
Chamo ela de Dinda Mara. Ela é amiga de adolescência da
minha mãe, praticamente se criaram juntas e seria minha madrinha, mas por um
desvio no meio do caminho acabou não sendo, mas mesmo assim eu sempre a chamei
de dinda.
Quando eu era criança, minha mãe trabalhava num posto de
saúde ao lado da casa da dinda Mara, que por sinal era na esquina da nossa casa
em frente à pracinha. Como eu era uma ruaceira, ou eu estava no trabalho da
minha mãe, ou estava na pracinha ou eu estava na casa da dinda Mara. Ela me viu nascer, crescer, me tornar mulher
e mãe e eu sempre tive a certeza de que se um dia tivesse filhos, só teria
coragem de deixa com ela.
Dito e feito. Assim que a Lívia nasceu, a dinda Mara se
transformou em “Dinda Bá”.
Combinamos os detalhes de como as coisas aconteceriam e
enfim chegou o nosso primeiro dia. Era um dia só, a Lívia estava com 3 meses, eu
tinha prova na faculdade e precisava estudar um pouco. Então a Lívia ficaria
com a dinda Bá numa tarde de sexta pra eu ir pra Ulbra.
Como a dinda Bá tem uma vasta experiência, ela foi me dando
dicas de como agir na hora do “desligamento” para que fosse o menos traumático
possível para ambas as partes. Então eu entreguei a Lívia pra dela, dei um
beijinho e saí em seguida. Conforme a dinda Bá, assim o bebê sente mais
segurança, pois percebe que a mãe não tem medo em deixá-lo.
Ok, concordo. Mas que dor que dá.... Méu Deos.... Saí de lá
com uma batata na garganta. Não por medo de deixá-la, mas pelo fato e ficar
longe, e de ser o início de uma nova etapa.
A dinda Bá ainda disse que “deixava” eu ligar pra saber da
Lívia. Óbvio que eu liguei. Antes de entrar pra prova eu liguei. Mas me diz pra
que???? De longe eu ía poder fazer o que caso não estivesse tudo bem????
Maaaassss, eu liguei.
Quando fui buscar a Lívia, estava esperando que ela fosse me
receber com um sorrisão. Que nada, não expressou emoção nenhuma ao me ver. Isso
era bom ou ruim???? Sei lá, mas esperava mais de uma pobre criança de 3 meses.
Oh mãe desentendida....
A dinda Bá disse que ela tinha passado um dia ótimo, não
estranhou nada, não chorou. Disse que era só alegria. Maravilha.
O próximo passo seria a adaptação para o definitivo. Então
15 dias antes de eu retornar, comecei a deixar a Lívia com ela só na parte da
tarde. Por volta das 13:30hs eu levava a Lívia e voltava pra casa. Nada de
batata na garganta e também em casa eu estava tão envolvida com os trabalhos da
faculdade que nem via o tempo passar, qdo me dava conta, já era hora de buscar
a mocinha.
Dinda Bá me colocava a par de como as coisas estavam indo,
mas só me falou do choro dias depois. Depois de uma semana que ela foi me dizer
que no primeiro dia da adaptação a Lívia chorou de fazer lágrima, de soluçar.
Claro né, agora maiorzinha já começa a sentir mais o afastamento. Mas isso foi
só nos dois primeiros dias, depois já entrou no embalo e não chorou mais.
Que bom que ela não me contou nos primeiros dias, senão eu
teria chorado junto.
Enfim, chegou o dia do retorno ao trabalho e da Lívia ficar
o dia inteiro.
Voltei numa segunda, então o combinado era que eu levasse
uma malinha de roupas para a semana. No domingo de noite quando estava
arrumando a malinha já me deu um nó na garganta, mas fiz o possível pra não
transparecer.
Embora Lívia tenha dormido a noite toda, eu dormi muito
pouco. Ansiosa, medo de perder o horário, medo do que viria pela frente, medo
do que encontraria no trabalho... Sei lá, tantos medos e inseguranças. Mas
tinha que acontecer né....
Na segunda, levei a Lívia, dei um beijinho e saí. Fui o
caminho todo tentando não pensar, desviar o pensamento para outras coisas. Tava
difícil, mas tinha que dar.
Na empresa fui muito bem recebida. Meus colegas estavam
felizes com meu retorno, mas volta e meia tinha alguém que vinha até mim e
perguntava “e aí, coração dividido?” “e aí, como foi se separar da pequena?”.
Nossa, cada vez que um me perguntava, me dava uma angústia. Se ninguém falasse
nada, eu entrava de cabeça no trabalho e nem pensava. Mas com todo mundo
perguntando, não tinha como não pensar.
Eu respondia que não estava de coração dividido, dizia que
estava sem coração. Pq se eu tivesse com metade dele, ela estaria junto, e com
pelo menos metade do pensamento nela, eu não conseguir trabalhar. Então decidi
me focar no trabalho e “tentar” não pensar.
Finalmente aquele looooongo dia acabou. Nunca fui tão ágil
ao vir pra casa. Quando entrei na sala e me deparei com aquela coisa linda me
olhando e sorrindo, não aguentei e desabei. Abracei minha princesa e chorei,
chorei. O Amaral não falou nada, só deixou eu chorar abraçada.
Nossa, que difícil. O problema não era voltar ao trabalho,
era ficar longe o dia todo. Chego em casa passado das 19hs, é tão pouco tempo
que tem até a hora de dormir. Fazer esse tempo ser proveitoso tem sido o mais
difícil.
Nos dias que seguiram eu não chorei mais, e com o passar do
tempo, foi ficando mais fácil driblar a falta que sinto dela durante o dia.
Porém percebi que ela foi dando sinais de que também estava sentindo o
afastamento.
Ela ficou mais grude, as vezes faz uma manhazinha pra
dormir, as vezes faz uma manhazona. Tem vezes que acorda na madruga e quer
colo, tem vezes que só dorme se for no colo. Outra vezes segue tudo como vinha
sendo: deito na cama e paga no sono sozinha, dorme a noite toda e acorda
felizona. Voltamos a etapa de que todo dia é uma novidade.
Aliado a toda essa mudança de rotina, tem o incômodo dos
dentinhos. Isso estressou demais (ela e eu). Graças a Deus os de baixo já
nasceram e diminuiu muito o stress por conta disso.
Hoje estamos bem adaptadas com o ciclo dormir, levantar
cedo, ir pra dinda Bá e mamãe ir trabalhar. Retornamos no final do dia e nos
curtimos os 3 no pouco tempo que sobra.
A tarefa mais árdua é, nesse pouco tempo que sobra, conseguir
dar conta dela, da casa, do marido, da faculdade e da aula de ginástica que
resolvi me meter. Pq até isso entrou na rotina agora. Nunca fui de fazer
exercícios, mas a necessidade de nunca morrer me fez perceber que preciso viver
o mais longe que puder e com maior qualidade de vida. Então pra colocar as
coisas nos eixos, preciso fazer exercícios, caso contrário, com 40 anos vou
estar atrofiada hahaha.
Fácil não é, mas é possível. Hoje quando olho pra trás e
vejo o tanto de dificuldades que já passei, percebo que só me afastar dela por
algumas horas não é nada. Porque a felicidade que eu sinto quando volto pra
casa e vejo que ela está ali, viva, me olhando e sorrindo, é algo sem tamanho.
A vida continua, é preciso retomar os passos e seguir
adiante. Já aprendi que as coisas nem sempre acontecem como a gente quer, nem
sempre são como a gente gostaria que fosse, e lamentar isso só faz doer o
coração. Então se não há remédio...
Não adianta lamentar o impossível. Se PRECISO trabalhar,
bora adaptar as situações e fazer o possível pra viver bem dentro desse novo
cenário.
Beijos a todas e fiquem fotinhos...
![]() |
Dinda Bá e Tio Zeco no batizado em casa.
Dinda Bá que fez a oração principal
|
![]() |
Dinda Bá e suas meninas. A amiguinha Mikaela já está em adaptação |
![]() |
Imitando o trabalho da mamãe. Cercada de normas ISO e indicadores |
![]() |
Visitando o trabalho da mamãe antes de ir pro acampamento Farroupilha. |