Saudades do blog... mas tá difícil de conseguir parar pra
escrever, e se for pra fazer meia boca, prefiro não fazer.
Hoje a Lívia tá que só dorme. Está com uma crise alérgica,
nebulizando e por isso acorda, mama e dorme de novo. Resolve fazer festinha só
na madrugada, mas é passageiro (assim espero hehe).
Mas não é sobre isso que eu venho falar hoje. Tem um assunto
que eu não quero deixar muito tempo sem desabafar. Vamos lá: AMAMENTAÇÃO...
Nossa, eu sempre tive muito medo de não conseguir amamentar.
Primeiro pelo bem que o leite materno faz ao bebê e depois pelo alto custo que
é manter uma criança a leite em pó. Então desde sempre eu dizia pra mim mesma:
vou fazer de tudo pra amamentar.
Já aos 4 meses de gravidez começou a sair o colostro, então
fiquei um pouco mais tranquila, mesmo sabendo que isso não era garantia de
fartura. Mas aí a Lívia nasceu e já primeira hora colocaram ela a mamar em mim.
Que momento.... me senti a mulher mais feliz do mundo. Gerar
uma criança, trazer ela ao mundo e prover o seu sustento naturalmente é uma
coisa que só podia ser de Deus mesmo, de tão sublime que é isso tudo.
Estava radiante que a Lívia mamava bastante e fazia a pega
correta. As visitas iam nos ver no hospital e eu me gabava muito por estar
conseguindo amamentar. Estava realizada com isso. Toda hora mostrava pro Amaral
que os peitos estavam cheios, redondos... chegavam estar lustrosos de tão
grandes. Mal sabia eu o que isso
causaria mais na frente.
Tivemos alta na sexta de noite e a primeira noite em casa
foi até engraçada (digo isso hoje, porque no dia achei uma atrapalhação). A Lívia
passou praticamente a noite inteira mamando e como os médicos orientam à livre
demanda, eu deixei ela sugar.
Sábado de tarde eu tava que não aguentava a dor nos bicos
dos seios, e então fui apresentada às tais fissuras que a amamentação pode
causar.
Fiz tudo que me indicaram: passava um oleosinho que deram no
hospital (não lembro o nome), colocava casca e mamão, passei a pomada Massê, Ceralip e
nada, mas nada mesmo fazia parar de doer.
Dar de mamar estava sendo torturante. Cada vez que a Lívia
grudava o seio eu gritava de dor que assustava todos que estavam nos visitando.
Mas eu não queria desistir. Podia doer o que fosse que eu estava disposta a dar
o peito.
Mas no sábado de noite as coisas ficaram muito piores. Além
das fissuras, aconteceu o empedramento de leite. Eu produzia tanto leite que
ela não dava conta de sugar tudo, então foi empedrando tudo e meus seios
ficaram encaroçados e doloridos ao extremo. Estavam quentes, pesados e
vermelhos. Ninguém me alertou que eu precisava ir tirando leite com a bombinha.
Eu achava que quanto mais tivesse, melhor.
A dor era tanta que tarde da noite meu pai e o Amaral saíram
atrás de comparar uma bombinha e minha irmã e minha mãe se grudaram a fazer
massagem nos meus seios e eu só tinha condições de chorar. Era cada uma num seio, massageando e apertando pra tentar
extrair o leite, mas não saia. Era como se o leite tivesse congelado lá dentro. Não aguentando mais de tanta dor, fui pro
chuveiro e deixei escorrer água quente. Passei os dentes de um pente pra “abrir
valetas” nos seios e ainda assim não saia.
Estava no meu limite, só chorava e sentia muita dor, então
minha mãe sugeriu que o Amaral fosse pro banho comigo e sugasse meus seios com toda
força que pudesse. Nem a bombinha nem a Lívia tinham força pra desempedrar,
então constrangedoramente deixei que o Amaral fizesse o que minha mãe sugeriu.
Ele sugava com força e quando cuspia, tinha sangue. Claro, os bicos estava
rachados.
Foram umas duas horas em função de desempedrar os seios. Dor
torturante, mas eu não queria desistir. Aliviou um pouco e eu segui sugando com
a bombinha nos intervalos das mamadas pra ajudar a esvaziar. O empedramento resolveu dentro de uns 2 ou 3 dias, mas as
fissuras seguiram por bastante tempo. Só consegui aliviar usando as conchas de silicone e pomada bepantol depois de cada mamada.
Conforme passavam os dias, a reserva energética da Lívia ia
diminuindo e cada vez mais ela ia sugando. E sugava tão desesperada que fazia a
pega errada, e por conta disso, fissurava cada vez mais. Depois que ela grudava, eu não conseguia tirar a boca dela do sei de jeito nenhum, e isso doía muito.
Passei a dar mamá com uma fraldinha na minha boca, pra que
os meus gritos não assustassem ela nem os vizinhos. Era desesperador e minha
mãe e o Amaral enchiam os olhos de lágrimas cada vez que eu ia dar de mamá.
Já estava acostumada com a dor, mas o tempo das mamadas
estava acabando comigo. A Lívia ficava cerca de 1 hora e meia mamando e quando largava o peito chorava
o tempo todo. Eu não achava que aquilo fosse normal, então liguei pra pediatra
e ela pediu que eu fosse ao consultório. Lá pesamos a Lívia e ela que deveria
ter ganho no mínimo 400gr naqueles 20 dias, ganhou apenas 120gr.
Que decepção pra mim. Todo meu esforço não estava sendo
suficiente, pois meu leite não a sustentava. Não teve jeito, tivemos que
complementar com leite em pó. O assunto do leite em pó ficará para outro post.
Depois de cada mamada no peito, eu tinha que dar um
complemento de 30ml de leite em pó. Até fazer a Lívia pegar a mamadeira foi um
custo. Tentei no copinho, de colherinha, de seringa e nada, não tinha jeito
dela sugar outra coisa que não fosse meu peito, até que finalmente ela aprendeu
a sugar a mamadeira e pra minha tranquilidade, começou visivelmente a ganhar
peso e espaçar as mamadas.
O grande problema foi que sugando a mamadeira ela
desaprendeu a sugar o peito e todas as fissuras que já tinham sido curadas
voltaram de novo e lá estava eu com dor, bicos rachados e sangrando. Mas ok,
tudo pela amamentação natural.
Na consulta de um mês, a pediatra constatou que a
Lívia tinha ganho peso suficiente e poderíamos ir aos poucos tirando o complemento
de leite em pó. Ok, fui reduzindo a oferta da mamadeira e proporcionalmente a
Lívia foi aumentando o tempo de mamada até que estava novamente levando 1 hora
e meia mamando. E o que era pior, aumentou a frequência das mamadas. Era 1 hora
e meia mamando, no máximo duas horas de descanso e ela já gritava de fome de novo
e lá íamos nós mais 1 hora e meia de mamada. Adivinhem o que aconteceu? Rachou
o peito de novo.
Nossa, que terror... Fomos até quase os dois meses dela
assim, sofrendo a cada mamada.
Conversei com a pediatra, afinal, sempre ouvi dizer que não existe
leite fraco, mas ela me disse que as coisas não são bem assim, e que pode
acontecer sim de o leite não ser nutritivo suficiente. Não tem uma explicação
lógica para afirmar o por que meu leite não sustenta a Lívia. Eu tomo bastante água
(nessa fase da amamentação) e procuro me alimentar bem. Mas essa história de
que toda mãe é capaz de produzir leite suficiente pra seu bebê aqui em casa não
colou.
Não tivemos escolha e tivemos que partir para o leite em pó
em maior quantidade. Segui dando o peito e depois o complemento, mas conforme
ela foi crescendo, a demanda foi aumentando e hoje estamos com 150ml de leite
em pó a cada 3 horas.
Por conta da facilidade com que o leite sai da mamadeira,
nem sempre ela quer mamar no peito. Já conversei com a pediatra sobre tirar de
vez o peito, já que não a sustenta. Mas a dra pediu que eu mantenha enquanto
puder pelo fator de proteção e imunidade que o leite materno dá ao bebê.
Só por isso ainda estou mantendo, porque é duro ofertar à
uma criança um leite que não sustenta. Com o leite do peito e como se ela
tomasse água. Enche a barriga mas em seguida fica com fome de novo.
Hoje procuro dar o peito só à noite, pois é um momento em
que ela se acalma e consegue dormir melhor. As vezes ela dá duas ou três sugadas
e já pega no sono.
Sei que vou ter problemas mais lá na frente, na hora de
desmamar de vez, pois vejo que hoje ela é emocionalmente dependente do peito
pra dormir bem. As vezes que tento fazê-la dormir sem o peito e um chochorô e
ela acorda mais cedo. Mas vou deixar pra resolver esse problema quando for a
hora dele, por agora deixa assim.
Enfim... digo com orgulho EU FIZ DE TUDO PRA AMAMENTAR, mas
infelizmente não consegui manter só com a amamentação natural. E hoje eu
reconheço e tiro o chapéu praquelas mães que conseguem manter um bebê só com
leite do peito. Isso não é pra qualquer um.
Para aquelas que estão grávidas ou pensando em engravidar,
eu alerto: a amamentação não é esse mar de rosas que a mídia mostra. Tem que
ter muita vontade, disposição e força pra aguentar a dor. Mas todo esforço vale
a pena. Eu daria minha vida pela minha filha, então ter os bicos dos
seios rachados não é nada perto disso.
Se puder amamentar, amamente. Além de ser saudável para o
bebê, é um momento único que só a mamãe tem com a criança.
E agora seguem umas fotinhos dos nossos momentos...
Primeira mamada no hospital |
Primeira mamada em casa. Eu com rosto vermelho de tanto chorar de emoção |
Tentando dar o complemento de colherinha |
Enganando ela com a seringa |
E enfim, com a mamadeira |
Hoje em dia, tão adaptada que até segura sozinha |
muito triste isso..que pecado a criança ja ir pro leite em pó vc devia mudar de pediatra ou pedir ajuda no banco de leite do hospital..
ResponderExcluirfernanda sobreira - rj
Olá Fernanda!
ResponderExcluirRespeito a sua opinião, e o blog está aberto para qq pessoa postar, mas na minha opinião, pecado é uma criança ficar chorando de fome.
Trocar de pediatra poderia ajudar no que? Não é o médico que fará meu leite sustentar minha filha.
Sobre o banco de leite... jamais eu daria leite de outra mulher à minha filha, jamais... A menos que eu não tivesse condições financeira de oferecer a fórmula. Por mais que façam testes de saúde nas doadoras, prefiro evitar qq tipo de contaminação.
Vc tem filhos? Amamentou? Normalmente quem tem esse tipo de opinião (radical) é quem nunca passou pela situação. E tomara mesmo que vc não passe por isso, pois realmente é muito triste tentar amamentar um filho de forma natural e não conseguir.
Abraço
Olá Grayce!
ResponderExcluirEntendo o que vç tá passando, apesar que na minha experiência da amamentação foi um pouco diferente, diferente pelo fato de ñ tive dor e nem fissuras, mas achava que minha filha ñ mamava o suficiente, tinha pouco leite é era fraco( com certeza pra mim existe leite fraco bem na real) por minha conta introduzi o Nan, depois de cada mamada dava 30 ml no início, depois fui aumentando as doses, eu como MÃE tinha a absoluta certeza que ela sentia muita fome, só que ela era boazinha tadinha ñ chorava só dormia, pensei comigo ñ vou me culpar e nem martilizar pq meu leite e pouco e fraco, o importante ela ta bem alimentada, lógico ñ foi nada fácil, quase entrei em depressão, pq o sonho de toda mãe e amamentar até um ano de idade acredito eu, mas foi aos trancos e barrancos amamentei até 6 meses. Tenho uma amiga que tbm teve dificuldades na amamentação pq o bebe dela era prematura, ela tinha bastante leite, mas o menino ñ tinha força pra sugar, a saída que ela encontrou foi alugar uma máquina que tira leite, ela armazenava o leite na geladeira e dava na mamadeira, depois que ele ficou grandinho pegou o peito. Espero que vç tenha sucesso abraços!
Damiana
Poa