Oi pessoal....
Hoje resolvi escrever sobre um assunto muito vivido por nós, mães
de anjos. Será que um dia essa dor vai passar????
Pois é, essa pergunta eu me faço todos os dias e não
encontro resposta. Será que passa? Será que só ameniza? Ou será que continuamos
sentindo, porém nos acostumamos com ela???
Pois bem, das mães de anjo que tenho contato, eu sou a que
já vive esse dilema há mais tempo. Através
do blog e do grupo de HDC no facebook comecei a me relacionar com algumas
virtualmente, e muitas vezes me envolvi ao ponto de chorar e sofrer a perda
junto com elas.
Hoje, mais vivida e calejada dessa dor, consigo controlar os
sentimentos e não sofrer tanto, até mesmo porque não estou mais tão ativa no
grupo por conta dos compromissos do dia a dia. Porém tenho visto os
comentários, frases e pensamentos que as amigas mães de anjos postam em suas
redes sociais e vejo que não fui só eu que pensei assim, mas que todas nós
pensamos e desejamos muito ter outro filho.
Lembro que logo que tudo aconteceu, tive que ir ao meu
trabalho levar uns documentos e uma (agora ex) colega me perguntou com todas as
letras “e tu vai ter coragem de tentar de novo?” Meu Deus, quando ela me
perguntou isso tive vontade de metralhar a cara dela. Ora... Que mãe vai
desistir do sonho de ter um filho??? Tudo o que eu mais queria era outro bebê,
e logo. Não pra substituir o João Pedro, por que isso é impossível, mas sim pra
ter um motivo de alegria e acalentar meu coração.
Tanto eu quis, que fiz. Quatro meses depois eu já estava
grávida novamente, porém de novo, tivemos uma fatalidade, e desta vez a
gestação foi interrompida. Situações diferentes, mas sofrimentos iguais. Por
causa disso eu desisti de tentar??? Não, nunca vou desistir, porém preferi me
estabilizar emocionalmente e deixar meu corpo se recuperar, para um dia eu
estar totalmente bem pra tentar novamente.
Já faz 1 ano e meio que o João Pedro não está mais conosco,
e já faz mais de 1 ano que tivemos a segunda fatalidade, porém ainda não quis tentar novamente, mas o
fato de eu não estar tentando, não significa que eu não queira. Quero sim, e
quero muito, porém são vários fatores que envolvem um planejamento familiar.
Hoje eu me sinto totalmente recuperada e preparada para uma
nova tentativa, mas isso também não quer dizer que eu não sofra mais e não
sinta falta de ter um filho. Respondendo às perguntas que iniciaram este post,
tem resposta pra todas: tem dias que sofro, que dói de mais, que a falta que
meu filho faz causa um buraco sem tamanho no meu peito, mas confesso que com o
passar dos dias, esse sentimento tem se dissipado, foi amenizando até que
acostumou. Essa dor que eu vivi, me tornou uma pessoa forte, que as vezes até
me confundo se estou mais forte, ou se me tornei insensível. Assisti ao filme “As
mães de Chico Xavier” e não derramei uma lágrima. Se tivesse assistido logo no
início, ou até mesmo antes de tudo acontecer, certamente teria me acabado de
tanto chorar, e como já sabia disso, esperei o momento certo. Sempre fui muito
chorona, mas agora, não é qualquer coisa que me faz chorar.
Mas uma coisa que me chateia e me faz chorar é não ser considerada
mãe. Vivi uma situação assim no dia das mães, que acredito, que chorei mais de decepção
do que qualquer outra coisa. Não fui considerada mãe, pelo simples fato de eu
não estar com meu filho nos braços, pelo fato de meu nome não constar em uma
lista de pessoas com dependentes. Me perguntei: “se minha mãe morrer eu vou
deixar de ser filha?” Não.... então não é porque meu filho morreu que eu deixei
de ser mãe.
Nessa mesma ocasião, ouvi de uma pessoa que “tentou” (só
tentou, por que não conseguiu) me agradar o seguinte comentário: “tu FOI mãe”.
Não... eu não FUI mãe, eu SOU mãe. Não é porque meu filho não vive comigo que
eu deixei de ser mãe dele.
Então amigas, se vocês compartilham desse sentimento, saibam
que não estão sozinhas. Bem provável que todas nós vivemos isso. Àquelas que se
perguntam se isso um dia vai passar, eu relato a minha experiência: Passar não
passa, mas a gente aprende a lidar com a situação. Depende só da gente ter
força e coragem para encarar. E àquelas que, assim como eu, desejam tentar
novamente, eu recomendo que não se preocupem com o tempo, em tentar o mais rápido
possível. Se preocupem em estarem bem, fortes e preparadas para receber um novo
anjo em suas vidas, pois a criança que vir, precisa ser recebida em um lar
saudável e ter todas as atenções voltadas a si, e para isso, nós mamães
precisamos estar com o corpo e a mente sãs. Deus sabe o tempo certo de cada uma
de nós, e se ele ainda não mandou um bebê a quem está tentando, é porque
certamente ainda não é o melhor momento.
Faça acontecer esse melhor momento!
Aproveitando o post de hoje, reafirmo alguns pensamentos:
- Não é porque meu filho morreu que eu deixei de ser mãe.
- Não é porque eu não esteja tentando, que eu não queira.
- Não é porque eu vivo sorrindo, que eu deixei de sentir falta dele.
- Não é porque eu choro de vez em quando, que eu esteja sofrendo.
- Não é porque não tenho mais fisicamente o meu filho, que preciso ser infeliz!
Boa noite e boa semana a todos!