quarta-feira, 21 de março de 2012

Um down em minha vida

O assunto que vou abordar hoje é uma assunto muito ESPECIAL: Síndrome de Down.

Nunca fui uma pessoa preconceituosa e desde que me conheço por gente, lembro de ter uma simpatia pelos downs, mas até então não conhecia nenhum. Até que minha irmã arrumou um namorado que tem um irmão com síndrome de down. Eu já conhecia o namorado da minha irmã, tinha estudado com ele no ensino médio, mas não conhecia sua família, então resolveram fazer um churrasco pra apresentar as famílias. E lá fui eu como “irmã da namorada” conhecer os “pais e irmãos do namorado”.  A grande expectativa da noite era conhecer o Cícero, que já tinham me dito que “era uma parada”.

Chegamos na casa do meu cunhado e o Cí foi nos receber no portão. Cumprimentou os homens com um abraço e as mulheres com um beijinho na mão. Uma educação que não se vê em muitas crianças. Ele não é mais criança, já tem 16 anos, mas é inocente e puro como uma criança. Simplesmente me apaixonei por ele. A noite foi muito agradável  no dia seguinte estava contando a um amigo como tinha sido e eis que ele me pergunta “o irmão do teu cunhado tem down e mesmo assim tua irmã vai ficar com ele? Se eles casarem, como vai ser os filhos?” Noooossa, fiquei tão braba com aquele comentário que até acho que me exaltei. A ignorância das pessoas é algo impressionante. Se ainda fosse uma pessoa sem instrução, até era aceitável, mas nos dias de hoje alguém não saber que a síndrome de down não é hereditária.... ah por favor. E mesmo que fosse, isso não era motivo pra não manter um relacionamento. Naquele momento defendi o Cícero como se ele fosse meu e fiquei louca com a forma como esse meu amigo se referiu mesmo sem o conhecer.

Bom, no dia que conheci o Cícero me encantei por ele a ponto de sentir saudade quando ficava tempos sem ver. Começamos a nos ver com mais freqüência, a estar mais próximos e não só a mim, mas a toda a minha família o Cícero se tornou mais do que especial. Meus pais são loucos por ele, principalmente meu pai, que visivelmente mudou seu jeito e sua maneira de pensar depois que passou a conviver com o Cí.

Só quem conhece esse anjo sabe o quanto ele é especial, o quanto ele é puro e como ele ama... Nossa... quando ele diz que ama, é porque ama mesmo, não é fingimento, os downs amam com facilidade e se apegam as pessoas. No final do ano passado passamos um dia inteiro juntos, contei sobre este dia aqui.Depois, fomos pra praia em vários finais de semana e aprontamos várias....  No carnaval foi o auge.... Conheci a Bárbara, amiga do Cícero que também que down. Contei sobre este dia aqui também.

Conviver com o Cícero mudou a minha vida: aprendi a falar e entender o downês, (o Cí tem dificuldade em pronunciar algumas palavras), pude viver o amor puro, aquele que não cobra nada em troca, aprendi que ser diferente é normal, e principalmente, aprendi que quem cria a diferença somos nós, os ditos normais. O Cícero é criado e educado como uma pessoa sem necessidades especiais, e isso faz toda a diferença. Ninguém fica com peninha dele, ninguém trata ele diferente, não deixam ele fazer tudo que quer e não é mimado. Ele é sim bajulado por todos que o conhecem, mas tudo dentro do limite. Ele estuda na escola regular e isso pra ele é ótimo, pois realmente a inclusão acontece e ele participa de todas as atividades com os colegas normalmente.

Enfim, queria deixar uma mensagem no dia de hoje, 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Donw, e dizer a todos que ainda olham com diferença, que o maior problema da síndrome de down é o PRECONCEITO. 

Minha amiga Viviane publicou em seu face um texto que achei perfeito ara a ocasião: 
" O maior defeito que podemos enxergar em um alguém, que não tem, é uma falta de amor que não se sente.
Não se sente, por qualquer um que de nós, que são apenas diferentes.
Com um amor incondicional, não pode existir alguém que não mereça ser amado.
Descobrimos finalmente, que o anormal são os nossos sentimentos sempre condicionados.
Passando toda uma vida, em uma busca feia e egoista.
Querendo sempre, um alguém que julgamos ser perfeitos...
Para que possa, finalmente, ser por nós amado
Para que possa, finalmente, ser por anós amados.”

Na praia, Eu, minha irmã Glaucia, o Cícero, Minha amiga-irmã Viviane e minha mãe Elaine

Lembrei do Cí quando estava em Bento semana passada

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