Eu nasci de parto normal e isso foi extremamente traumatizante pra
minha mãe. Já passava 10 dias da data prevista quando a bolsa rompeu num
domingo de noite e minha mão não tinha dilatação, então mandaram ela ficar
caminhando de um lado pra outro no hospital e eu só fui nascer na segunda-feira
as 9hs da manhã. Um bebê de 51cm, com 3,5kg num parto seco e sem dilatação,
totalmente forçado a ser “normal”. Vem cá, isso pode ser considerado “normal”???
Tiveram que fazer episiotomia (aquele corte vaginal pra auxiliar e
aumentar o espaço para a saída do bebê) e não deu outra... minha mãe teve
problema de infecção hospitalar e ficou por vários dias com infecção, sangrando
e com dor. Tudo isso porque a médica do plantão disse que minha mãe era novinha
e “tinha que ser normal”. Ah vai se catar....
Cresci ouvindo da minha mãe sobre esse trauma e ela fazendo comparações
com o parto da minha irmã, que foi cesárea e conforme ela, correu tudo
maravilhosamente bem. Eu já tinha 6 anos quando minha irmã nasceu e lembro de
ver minha mãe bem depois do parto. Então por conta disso, sempre tive a certeza
que quando tivesse filhos, seria parto cesárea.
Daí quando engravidei do João Pedro, eu e o Amaral fizemos o cursinho
de gestantes, e numa das aulas o assunto é o tipo de parto. O parto normal foi
apresentado de uma forma tão bonita, perfeita e agradável que estava quase me
convencendo de que realmente a cesárea era uma brutalidade. Mas aí veio a
notícia da HDC e obrigatoriamente a necessidade de cesárea e eu nunca mais
pensei no parto normal.
Fora tudo que aconteceu depois, posso considerar que meu parto foi
perfeito. Não tive problema nenhum com a anestesia, com o corte, com os pontos,
com a recuperação.... Nada, não senti nada. O parto foi quinta de manhã e sexta
meio dia (em função do falecimento dele) eu estava de alta. Saí do hospital
direto pro velório, passei a noite toda acordada e caminhando normal.
Praticamente sem dor. Lógico que sei que o fator emocional conta muito... A
minha dor no coração era tanta que eu era incapaz de sentir qualquer outra dor.
Sendo assim, aquele papo que falaram no cursinho de gestante perdeu
força e voltei a acreditar que a cesárea é melhor.
Eu não sou aquele tipo de pessoa defensora da cesárea. Acho que cada
mulher tem o direito de escolher o tipo de parto que mais lhe convém baseado
naquilo que acha melhor.
A minha impressão sobre a cesárea sempre foi pensando na dor e
sofrimento que a mulher sente ao ter um parto normal. Claro que sei que cada
corpo reage de um jeito e tudo pode ser diferente. Até acredito que eu teria um
bom parto normal: tenho quadris largos (muito largos diga-se de passagem) e no
parto do JP, só 3 horas depois de romper a bolsa eu já tinha 4 dedos de dilatação.
Então por conta disso, acredito sim que teria um parto normal, praticamente “normal”.
Só que tem o fator bebê, que é a principal preocupação na hora do
parto. Afinal, o parto só estará acontecendo em função do bebê. Mas não se tem como
prever as coisas que podem acontecer durante um parto normal, e depois de
assistir muitos programas “Um bebê por minuto” no canal 36 da Sky, tenho
certeza que um parto normal cheio de imprevistos não é nada saudável pra um
bebê, nem pra mãe. E imprevistos, como já diz o nome, podem acontecer com
qualquer um e em qualquer situação.
Acho muito legal quando ouço mulheres falando do vínculo que o parto
normal dá entre mãe e bebê, da harmonia e do clima que se cria nessa situação.
Mas convenhamos.... não é só no momento do parto que se cria clima, harmonia e
vínculo com o bebê.
Como eu já disse, não sou defensora da cesárea, mas compro briga com gente ignorante que recrimina e
critica essa escolha.
Um dia, eu estava no aniversário de uma amiga, conversando com outra
amiga que também está grávida e surgiu o assunto do tipo de parto. Ela opta pelo
normal e eu pela cesárea. A tia da aniversariante (mãe de gêmeos de parto
normal) ouviu nossa conversa e me botou a boca, na frente de todo mundo que
tava na festa. Ela disse num tom nada agradável que eu não era mãe se não passasse
pelo parto normal. Dizia e repetia várias vezes “mãe que é mãe tem filho de
parto normal”, “olha que bonito a fulana, ela sim sabe o que é bom pro filho
dela e escolheu parto normal”, “mãe sou eu que tive dois de parto normal em
menos de 3 minutos”. Nossa, conforme ela ia falando, eu ia me esquentando e tava
segurando pra não fazer um fiasco. Só que ela insistiu tanto nesse assunto, e
me colocou numa situação tão constrangedora na frente dos convidados da minha
amiga, que eu não aguentei. Dei um grito e disse “chega, meu conceito de MÃE é
outro, e vai muito além do tipo de parto escolhido”.
Perdi as estribeiras, mas com isso, calei a boca dela. Ela enchendo a
boca pra falar que ela que era mãe, quando os dois filhos dela assim que
entraram na adolescência viraram dois marginais, drogados, vivem presos, roubam
as coisas de dentro de casa e aprontam todas na vizinhança. E ela como boa mãe que
diz ser, a única coisa que faz é pagar a fiança pra tirar eles da cadeira e
nada mais. Educação, carinho, e lar ela nunca deu. Sei por que a conheço desde
sempre e acompanhei como foi a criação desses guris.
Então depois que ela me insultou dizendo que eu não era mãe pela
escolha de parto que eu fiz, não medi as palavras e soltei o verbo. Não
insultei, nem coloquei ela na saia justa, porque poucos que estavam alí sabiam
a que eu me referia, mas ela engoliu seco e depois veio se justificar. Não quis
nem papo.
Comigo não tem essa de que mãe tem que sentir as dores do parto. Pra
que? Me digam se realmente há necessidade. O tipo de parto pouco me importa, o
que importa é ter minha filha no meu colo com saúde pra eu poder amar a dar
todo carinho e sentimento de mãe que tenho abafado dentro do meu peito.
As
defensoras do parto normal que me desculpem, minha opinião está bem formada.
Respeito opinião diferente, mas por favor, não tentem me convencer a mudar pois
será perda de tempo.
Grayce,
ResponderExcluirTbm ouvi mto esse papo na gravidez que é mãe de verdade quem opta pelo parto normal...DESCORDO...
Meu filho nasceu de cesarea, foi ótimo pra ele e pra mim e se eu tivesse mais 10 filhos, seriam 10 cesareas, acho q tu deve optar pelo q tem menos riscos pra vcs...
Ah, não esquece que não é o tipo de parto que te faz mãe...mão é cuidar, é carinho, é amor, é viver incondicionalmente pelo seu filho (a)... Mãe é a convivência, são as noites em claro e todos os momentos maravilhosos e especiais que tu vai passar com a Lívia...
ResponderExcluirPois é Lu.
ResponderExcluirPra mim está decido, a menos que a Lívia queira vir muito rápido e não dê tempo da cesárea.
Não vejo diferença no tipo de parto. Até porque não acho que precise um parto pra uma mulher se tornar mãe. Pra muitas a única saída é a adoção e nem por isso são menos mães do que as que pariram.