terça-feira, 19 de julho de 2011

Mais uma queda no meio do caminho

Quando eu pensava que estava me recuperando da falta que o João Pedro me faz, levei outro tombo....

As coisas estavam acontecendo naturalmente. A data do casamento estava marcada e eu já me sentia um pouco mais forte em relação a todo o acontecido, mas sabia que só conseguiria me sentir completa quando tivesse outro filho. Isso era um objetivo. Jamais pensei em desistir e sabia que assim que meu médico me desse o ok, partiria para as tentativas.

Tive consulta com meu gineco obstetra no início de março, quando completava 3 meses. O médico me examinou e nos disse que não havia problema algum e que poderíamos tentar engravidar novamente se nos sentíssemos preparados.
Lembro bem das palavras dele: “isso é como andar de bicicleta! Tu pode voltar a pedalar, mas tem que estar ciente que pode cair outro tombo”. Entendi perfeitamente o que ele quis dizer, mas diante das evidências de que minha saúde ginecológica estava tudo bem, nem pensei em nada.

Como da primeira vez tive muita dificuldade pra engravidar (demoramos quase 1 ano e meio), pensei que desta vez também demoraria. Mas aí veio uma grande surpresa...

No meio do mês de abril, uma semana depois de terminarmos a trezena de Santo Antônio, onde pedíamos a graça e poder ter filhos novamente, tivemos um teste de HCG positivo. Meu Deus, quanta felicidade. Na primeira tentativa já conseguimos.

Eu e o Amaral choramos muito, não acreditávamos que estava acontecendo.  Parecia que todo aquele tormento que havíamos passado estava se diluindo em meio a felicidade que sentíamos. Decidimos não contar nada a ninguém, por enquanto. Daríamos a notícia no dia do casamento. Eu ficava imaginando como seria emocionante...

Eu ainda não tinha voltado a trabalhar, estava terminando meu período de licença maternidade e o Amaral havia tirado férias pra ficarmos juntos. Foram dias muito felizes, pensando e planejando nosso futuro com nosso segundo filho.

A primeira eco estava marcada para dia 3 de maio. Pelas minhas contas eu estaria completando 8 semanas. Só que no dia 2 de maio eu tive um sonho estranho. Sonhei que saí na frente de casa e tinha uma lua cheia muito linda. Olhei pra lua e de repente ela se transformou no Santo Antônio com o João Pedro no colo. De repente os dois me abanavam sorrindo, como se Santo Antônio me dissesse: “fica bem, pois teu filho está comigo”. Acordei com uma sensação estranha, uma paz... que foi interrompida logo a seguir...

Quando me levantei percebi que eu estava sangrando. Me apavorei... o Amaral deu um salto da cama e enquanto ele se arrumava eu tomava um banho. Nos arrumamos em minutos e saímos voando direto pro hospital.

Tentei me manter calma, mas era impossível não passar um filme pela minha cabeça. Não queria acreditar que pudesse estar acontecendo o pior.

Chegando no hospital demoraram um pouco pra me atender, até que a médica veio e então percebi que era a mesma que havia me atendido no dia do parto do JP. Ela tentou me tranquilizar, dizendo que sangramentos nessa fase poderiam ser normal que eu não devia ficar nervosa.

Me encaminhou para o exame de US e assim que o médico posicionou a sonda ele já disse: “não é 8 semanas não, é 5. Olha aqui ó, tem batimentos, mas ainda é muito pequeno, tem só 2 mm, por isso não conseguimos ouvir. Fica tranquila que esse sangramento é normal”.

Fiquei um pouco mais calma. Já tinha passado por isso uma vez e sabia que sangramento nem sempre levava ao pior.

Fui no meu médico e ele me disse a mesma coisa. Ele me explicou também que até as 12ª semana de gestação, quando uma mulher entra em processo de abortamento, não há o que fazer, então que se fosse isso que estivesse acontecendo, a única coisa que poderíamos fazer era ESPERAR. Ele me pediu uma eco para dali 10 dias e disse que eu não fizesse nenhum esforço pra não facilitar.

Tentei seguir minha vida sem encucar. Afinal, eu tinha pedido através da trezena e Santo Antônio me atendeu, além disso, eu sonhei com Ele naquela noite e interpretei aquele sonho como um “fica tranquila, tá tudo bem”. Então, o que poderia dar errado???

Diante destes fatos, eu tive a certeza que tudo daria certo. Conversei com o Amaral e decidimos que contaríamos pras nossas famílias. Faríamos igual da outra vez, contaríamos no dia das mães, que seria no domingo seguinte.

Como nós teríamos que nos mudar no outro final de semana, convidamos nossas mães pra almoçarem com a gente com a desculpa de ser o último churrasco naquela casa. Elas aceitaram e não desconfiaram de nada.

Neste meio tempo, eu retornei ao trabalho. E claro, tive que contar pro meu chefe o que estava acontecendo. Alguém no trabalho precisava saber, pois eu precisaria sair mais cedo de vez em quando pra ir ao médico, então abri o jogo pra ele. Como ele é muito gente boa (não é o mesmo chefe que eu tinha no ano passado) me deu a maior força e respeitou a minha vontade de não contar pra ninguém ainda.

Aproveitei que estava trabalhando em São Leopoldo, onde tem um centro muito movimentado e cheio de lojinhas e fui às compras. Comprei pra dar de presente para as futuras vovós uma guirlanda de porta, onde tinha umas vovozinhas sentadas e dizia “na casa da vovó a gente pinta e borda”. Coisa mais linda, tinha certeza que elas iam amar.

Chegou então o dia das mães. Eu estava com dois sentimentos: feliz pelo novo bebê, mas triste pela falta do João Pedro. Este seria meu primeiro dia das mães com e sem ele. Eu estava confusa...

Nossas famílias chegaram e então era hora dos presentes. Chamei o Amaral e entregamos os presentes pras nossas respectivas mães. Quando minha mãe abriu o pacote, percebi que ela ficou sem jeito, um pouco envergonhada. Acho que ela não estava entendendo. Então eu coloquei a mão na barriga e disse "isso é pra esse que tá aqui dentro poder dizer que pinta e borda na casa da vovó”. Todo mundo ficou se olhando, ninguém se entendia, até que minha irmã deu um salto e começou a choradeira. Era todo mundo de novo, igual ao ano passado, se abraçando e chorando. A história se repetia, mas eu tinha certeza que desta vez o final seria diferente.

Acalmamos os ânimos e então contei sobre o sangramento. Ficaram todos apreensivos, mas com fé e acreditando que tudo teria um final feliz.

Na quinta-feira seguinte, dia 12, eu teria nova eco. Marquei no melhor lugar de Porto Alegre, pra não ter perigo de erro. Chegando lá, de cara já vi que tinha algo estranho. A médica ficou remexendo, disse que tinha crescido, mas.... aquele MAS foi pavoroso. Eu já tinha experiência em ecografia, e antes mesmo que ela me dissesse, percebi que não havia batimento cardíaco. O embrião tinha crescido, estava com 8 mm, mas além de não ouvir o som dos batimentos, não tinha nem a pulsação. Ali já vi que tinha algo errado.

A médica que realizou o exame tentou me tranquilizar, disse que poderia ser muito cedo e que por isso não tinha batimentos ainda. Percebi que ela estava tentando me enrolar. Saí de lá desesperada e fomos direto pro meu médico. Lá ele me disse que poderia ser muito cedo sim, mas que isso é muito pouco provável, pois na eco anterior víamos pelo menos a pulsação e agora não víamos nada. Ele me alertou que poderia sim ser um aborto. Ouvir aquilo foi desolador. Não podia ser.... não era verdade.

Ele me disse que seria prematuro fazermos um procedimento de curetagem, que teríamos que ESPERAR pelo menos mais uma semana, fazer outra eco pra garantirmos que realmente não era um engano. Além do mais, se fosse um aborto, eu poderia expelir espontaneamente, e para isso só podia fazer uma coisa: ESPERAR.

Saí do consultório em desespero. O Amaral como sempre, conseguiu manter a calma, mas eu percebi que ele estava mal. Fomos direto pra casa da minha mãe e quando cheguei lá, já cheguei em prantos. Contar pra ela e pra minha irmã foi horrível. Lembro que a minha mãe me olhou chorando e disse “minha filha, mais uma vez, nós vamos passar por isso juntas”. Foi horrível aquele dia.

Eu me senti uma incompetente, uma inútil, que não era capaz nem de conseguir segurar uma gravidez. Deixei escapar pra minha mãe que eu estava com vergonha de olhar pro Amaral, dele pensar que eu não era capaz de lhe dar um filho. Ele ouviu e ficou louco, perguntando como eu era capaz de pensar uma coisa dessas.... Que acima de qualquer coisa eu era a mulher dele, a pessoa com que ele havia decidido ficar, com ou sem filhos. Mas na minha cabeça não passava outra coisa, só que eu era uma inútil, incapaz...

Fiquei muito mal, não consegui nem ir trabalhar no outro dia. E ainda por cima, tinha uma mudança pela frente. Éramos obrigados a nos mudar naquele final de semana, tínhamos que entregar a nossa antiga casa para os novos moradores. Então mesmo com tudo isso acontecendo, tivemos que arrumar as malas, desmontar os móveis e ir levando as coisas.

Tivemos que dar a notícia pras minhas cunhadas em meio à bagunça da mudança. Minha amiga Vivi, que era madrinha do JP e seria uma das madrinhas deste bebê, também soube desta forma conturbada. Foi um tormento pra todo mundo. Mas no fundo todo mundo ainda tinha uma esperançazinha de na outra eco estar tudo certo.

O fardo era grande, e carregar tudo aquilo era de mais pra minha cabeça. As poucas pessoas que sabiam, ficavam apreensivas e me diziam: “tu não pode ficar esperando, vai no médico porque se é mesmo um aborto, tu pode ganhar uma infecção”. Coisa de leigos, sem conhecimento técnico do assunto. Como eu também não conhecia, acabava acreditando e ficava encucada. A essas alturas eu nem sangramento tinha mais, mas ficava só pensando que se era um aborto, que tinha que expelir logo, senão eu teria uma infecção e com isso ficaria com problemas e nunca mais poderia engravidar. Tanta coisa passava pela minha cabeça, a pressão era tanta, eu estava tão encucada que comecei a achar que minha barriga estava inchando. Então no domingo de tarde no mercado uma senhora olhou pra mim e disse pro netinho dela “olha alí ó, tem um nenê na barriga daquela titia”. Fiquei tão apavorada, que tinha certeza que minha barriga estava inchando. Comecei a ficar neurótica, achando que estava com infecção e pedi pro Amaral me levar pro hospital.

Chamei a minha mãe pra ir com a gente. No fundo no fundo eu queria mesmo era fazer de vez uma outra eco pra saber se aquela outra não estava enganada. Lá no hospital fizeram o exame e constataram que realmente era uma gestação não evoluída. O inchaço era psicológico. Não havia nada de errado fisicamente comigo. O embrião estava bem implantado, sem sangramento e sem sinal de aborto espontâneo. Tinha que continuar ESPERANDO....

Não havia mais o que fazer. Já era a segunda eco afirmando a não evolução. Os médicos me diziam que era melhor ESPERAR pra sair sozinho, pois seria mais saudável pra mim e a recuperação seria melhor, mas em contrapartida, tinha o meu emocional. Como ficar com aquele bebê dentro de mim sabendo que não vingaria???? Era tão horrível aquela situação. Estava vivendo de novo toda aquela angústia.

Depois que descobrimos a HDC do João Pedro, eu tinha o sentimento de estar carregando dentro de mim uma criança que eu não sabia se sobreviveria, mas desta vez era diferente, eu estava carregando uma criança que era certo que não sobreviveria. Isso era horrível, eu estava e não estava grávida ao mesmo tempo. Sabia que não teria aquele bebê, mas continuava enjoando, vomitando e com tonturas. Era horrível.

Fui trabalhar na outra semana. Só meu chefe e um colega que sabiam, mas quando retornei, todos me perguntaram o que tinha acontecido que eu tinha desparecido na semana anterior. Contei pras pessoas que estavam na sala e pedi discrição. Não queria que aquele assunto se espalhasse pela empresa. Pensa bem, eu tinha acabado de retornar de licença maternidade, e ter uma bomba dessas rolando pelos corredores não seria legal.

Tentei seguir meu trabalho normalmente. Não estava fácil. Tinha acabado de retornar, tinha me mudado no final de semana, tinha recebido a notícia do aborto e tinha pela frente o casamento. Era muita informação pra mim, parecia que eu ia ficar louca.

Chegou então a quinta-feira, dia que eu teria eco e consulta novamente. Eu ainda tinha uma pontinha de esperança de tudo aquilo ser um grande engano, mas a médica que fez o exame foi categórica: “é, infelizmente, a gestação não evoluiu”. Fazer o que né??? Não tinha o que pudesse ser feito. Fui no  meu médico e a preocupação dele era em como eu estava emocionalmente.

Ele explicou que tudo isso que aconteceu é normal. Acontece em 80% das gestações até a 12ª semana. Ele me explicou que na maioria das vezes os abortos são sem motivo significante, e que no meu caso, não haveria motivo para investigação, já que todos os meus exames clínicos eram normais. Este caso era um aborto retido, o corpo não expeliu naturalmente. Então o médico me perguntou se eu queria continuar ESPERANDO até que saísse sozinho ou se eu queria fazer a curetagem. Naquele momento fiz uma viagem no tempo. Decidir aquilo foi igual ao momento em que tive que decidir se cremava ou se enterrava o João Pedro. Foi horrível reviver tudo aquilo. Era mais um filho que eu tinha que me desfazer. Optei pela curetagem, não aguentava mais viver daquele jeito. O médico me perguntou se eu tinha disponibilidade no próximo sábado por voltas das 18 horas e então respondi “sábado às 18 horas nós vamos estar entrando na igreja pra nos casar”. O médico ficou surpreso, não imagina mais esse detalhe.

Não quis fazer antes do casamento, pois eu não sabia como seria o procedimento, se eu teria dor, muito sangramento... sei lá. Então decidi que tentaria controlar meu emocional e faria tudo depois. Agendamos o procedimento pra dia 24 de maio, terça-feira da semana seguinte.

Neste intervalo, eu quis ir no centro espírita, conversar com a Dona Gilda e buscar uma orientação. Chegando lá, contei a ela tudo que estava acontecendo e ela me olhou com um olhar de quem já sabia de tudo e me disse “é, pode ser ele tentando voltar. Mas como ele ainda não está pronto, preferiu retornar pra não causar maiores problemas lá na frente”.

Ouvir aquilo foi uma coisa muito estranha. Ela estava me dizendo que poderia ser o João Pedro retornando. Um tempo atrás uma amiga tinha me contado sobre um sonho que ela teve que dizia que o JP voltaria no final do ano. Se aquela gestação fosse adiante o parto aconteceria em 20 de dezembro. Meu Deus, era muita “coincidência”. Saber que aquele espírito que tentou ficar comigo poderia ser novamente o espírito do JP foi desolador e ao mesmo tempo consolador. Desolador pelo fato de pensar que de novo não conseguimos ficar juntos, mas consolador quando eu pensava que a nossa história não estava acabada e que ainda teríamos algo a viver juntos.

A Dona Gilda me perguntou se eu já tinha lido o livro “Nossos Filhos são Espíritos”, do autor Hermínio C. Miranda, e casualmente eu já tinha lido mesmo. Lá explica sobre o termo “meia volta no útero”, que é quando o espírito resolve voltar pra não ser pior mais adiante. Isso explica os casos de aborto retido. Encontrei um link que dá uma sinopse do livro, se alguém se interessar...

Tentei buscar meios para ficar bem até passar o casamento, e acreditar que o JP teria voltado foi o meio que mais me deu forças. Só quem é mãe pra entender o que é o amor de mãe pra filho, independente do plano em que se esteja. Eu amo o João Pedro com todas as minhas forças, e pensar que ele pudesse ter tentado voltar pra mim era coisa mais alentadora que tinha para o momento.

Passamos então pelo final de semana do casamento, foi lindo como contei no post anterior. Tinha uma força superior que me dava motivação pra estar feliz. Tentei não pensar naquilo que estava acontecendo de ruim. Tentei me focar apenas no momento do casamento, na minha relação com o Amaral, na proximidade que precisaríamos ter cada vez mais. Conseguimos, passamos por aquele final de semana. Com certeza não foi como gostaríamos, mas dentro do possível, foi muito bonito.

Chegou então o dia do procedimento. Fui pro hospital Moinhos de Ventos lá pelas 11 horas da manhã como meu médico pediu. Lá me receberam, me encaminharam pra uma sala pré-operatória e me deixaram aguardando até conseguirem reservar a sala para o procedimento. Meu médico disse que seria por volta das 17hs, mas já era 14hs e ninguém vinha falar comigo. Disse então pro Amaral ir almoçar, porque pelo jeito iria demorar. Logo que o Amaral saiu veio a médica pra introduzir os comprimidos que fariam meu colo do útero abrir. Foram inseridos dois, pra fazer efeito mais rápido, pois o procedimento seria em poucas horas.

Foi um dos piores momentos. Eu estava ali sozinha, sem o Amaral pra pelo menos segurar a minha mão. Senti como se estivessem matando o meu bebê. Depois de introduzir os comprimidos me deu uma crise de choro, um desespero, pois agora estava certo, não tinha mais volta. Eu tinha só que ESPERAR, ESPERAR e ESPERAR...

Um tempinho depois a médica voltou e me disse que tiveram que remarcar, pois a sala de cirurgia estaria ocupada naquele horário, então foi marcado pras 21 horas. Passei praticamente o dia inteiro no hospital, ESPERANDO o momento do procedimento. O tempo se arrastou até lá, e enquanto isso eu ia sentindo cólicas horríveis, as piores que já senti em toda minha vida. Pedi medicação. Me deram remédio na veia e oral. A dor era tanta que eu me torcia na cama. Já não estava mais aguentando e o que eu mais queria era acabar com aquilo tudo.

A psicóloga do hospital foi conversar comigo. Ela já tinha nos acompanhado durante o processo do JP e estava ali novamente pra tentar me ajudar, mas naquela hora, nada poderia acalmar.

Meu médico chegou e foi direto saber como eu estava. Conversou um pouco comigo e pediu que me levassem pra sala de operação. Lá estavam duas enfermeiras e o anestesista, que foi o mesmo que participou do parto do JP. A equipe que se envolveu desta vez foi praticamente a mesma da outra vez, e todos estavam muito sensibilizados com tudo que se passara nesses últimos 6 meses. Quando o anestesista conversou com o Amaral ele disse “espero que a próxima vez que nos encontramos seja em um momento de alegria”. Até os médicos estavam tristes.

O procedimento em si foi tranquilo. Durou menos de 30 minutos e eu me recuperei rápido da anestesia. Não aguentava mais estar dentro do hospital. Tudo aquilo me causava angústia, e eu não via a hora de ir pra casa. Saí do hospital meia noite e fui direto pra casa da minha mãe. Pois como minha nova casa estava em reforma, não queria ter que ficar em casa naquela situação e ainda ter que ficar atendendo o pedreiro. Mais isso ainda pra ter que suportar: obras em casa...

No dia seguinte o Amaral não foi trabalhar pra ficar comigo. Ficamos na casa da minha mãe pois eu tinha ainda um pouco de cólicas. Com o passar dos dias as cólicas e o sangramento iam diminuindo e eu pude retomar a minha vida “normalmente”.

O sentimento de fracasso, de perda e de tristeza era enorme, mas acreditar que aquele era o espírito do João Pedro tentando voltar pra mim era o que tornava os meus dias menos desesperadores. O difícil foi controlar o depois....

2 comentários:

  1. Grace,sei bem o que é esta sensação de perda,pois tive uma gestação interrompida.Eu era técnica de enfermagem na neo do Moinhos,quando o JP nasceu.
    Mas Deus sempre tem algo para nos,e no momento certo e na hora certa será revelado.Grande abraço e que Deus os iluminem sempre.

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  2. olá grace, sou prima da pauline que trabalhava com vc, recentimente passei pela mesma situação que vc, meu bebê não evolui desde as 8 semanas e 5 dias..vendo vc descrever os sentimentos no pré operatório pude perceber que os sentimnetos são muito semelhantes. sou enfermeira e estudante da doutrina espírita, sei que vários fatores interferem e vários motivos surgem para explicar esses acontecimentos, mas como mãe é dificil aceitar e compreender tudo isso. tento me confortar no centro espírita e nos livros pois a dor e enorme. fique com deus que nosso mestre jesus te ilumine e fortaleça sua fé. assim como vc seguirei tentando novamente...espero que em breve teremos noticias boas..não desanime..bem aventurados os aflitos!

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