terça-feira, 11 de outubro de 2011

O dia que minha mãe virou mãe

Dia 10 de outubro é um dia muito especial: é o dia em que a minha mãe se tornou mãe.

Não sou muito fã de comemorar aniversário. Não sei porque, mas fico meio deprimida e sempre tenho vontade de chorar no dia do meu aniver. Ano passado eu estava grávida, a gravidez estava indo tudo bem (ainda não sabia da HDC) então tinha muitos motivos pra comemorar. Resolvi de ultima hora fazer uns salgadinhos lá em casa e chamar alguns amigos, só que me empolguei tanto que chamei todo mundo e não tinha lugar nem pra sentar, tinha gente sentada até o ultimo degrau da escada.

Era um momento especial, seria meu último aniversário como filha, pois no ano seguinte (este ano) eu já seria mãe, e comemoraria com meu filho nos braços. Talvez isso me desse mais alegrias e me desse motivos pra querer comemorar. Mas infelizmente não foi assim, e tudo o que aconteceu tornou o dia do meu aniversário mais deprimente ainda.

Com toda essa função da obra aqui em casa, me envolvi tanto que nem percebi que o dia estava chegando e não tive tempo de ficar deprimida. No domingo, dia 9, conseguimos dar um “jeito de casa” na nossa casa. Conseguimos organizar a cozinha e até sobrou espaço pra poder receber visitas. Como minhas cunhadas disseram que viriam aqui em casa, aproveitei e fiz uns cachorrinho quente para caso viesse mais alguém. Dito e feito: meus amigos irmãos Vivi e Eder vieram, meus padrinhos da casamento Mara e Lécio e meus pais também.  

Isso era pra ter sido a minha “festa” de aniversário antecipada, mas minha mãe insistiu que queria fazer um churrasco no dia 10. Eu disse que não queria, não estava no clima e não estava afim, então ela me disse que se eu não quisesse, tudo bem, mas que ela ia fazer uma festa, porque era o dia em que fazia 29 anos que ela havia se tornado mãe. Me coloquei no lugar dela, e percebi como isso era importante. Então nem questionei. Se era a vontade dela, que fosse feito então o tal churrasco.

No dia 10, segunda-feira, eu estava envolvida em treinamentos e auditoria no meu trabalho que não consegui nem acompanhar as mensagens que recebi dos meus amigos no celular. Foi bom estar super cheia de trabalho, assim não prestei atenção que era dia de aniversário.

Não sei porque tenho essa relação com o dia do meu nascimento. A maioria das pessoas gosta de fazer aniversário, de fazer festa, ganhar presente.... mas eu sou esquisita com isso, não sei porque fico triste nesse dia. E isso não é de agora, é desde sempre. E os dias que se seguem até as festas de final de ano são mais tristes ainda. Sei lá, uma coisa meio maluca, mas o final do ano pra mim é sempre um época de tristeza... E agora então, nem sei como vai ser....

No final do dia de trabalho ofereci uns salgadinhos pros meus colegas de equipe como é de praxe. Sempre o aniversariante oferece os comes e os colegas dão um presente. Ganhei uma blusa linda, pena que não serviu e tive eu trocar....

De noite, fui pra casa dos meus pais, pois o churrasco seria lá. Pensei que seria uma coisa básica, só nós da casa, mas tinha um monte de gente. A felicidade dos meus pais era tanta que eles convidaram um monte de gente.... Só amigos íntimos, mas era um monte...

Até então não tinha caído minha ficha ainda. Eu estava tão cansada e tão envolvida com meu trabalho e com as correrias da obra que não tinha percebido que era uma festa pra mim, mas quando meu pai veio me dar um abraço, e me falou umas coisas lindas... abalei. Comecei então a me dar conta da diferença do meu aniversário do ano passado pra este, da mudança de planos, de tudo que se passou, e cai no choro. Tentei disfarçar,  mas não sei se consegui. Fiquei emotiva o resto da noite, e de vez em quando, algumas lágrimas rolavam escondidinhas...

Na hora do bolo, eu não sentia que aquela festa era pra mim, mas como todos insistiram, cantamos parabéns. Cortei o bolo e o primeiro pedaço eu dei pra minha mãe, e aproveitei a oportunidade pra fazer uma coisa que não é comum entre nós... declarei o meu amor por ela. Só hoje eu entendo qual é o papel de uma mãe, mesmo não tendo podido viver na prática. E hoje eu entendo que o dia do meu aniversário deve ser comemorado sempre, mas não por causa de mim... a comemoração é dela. Não tenho dúvidas que o dia que eu nasci foi o dia mais feliz da vida da minha mãe.

Teve o nascimento da minha irmã também, que com certeza foi o outro dia mais feliz da vida dela, mas foi no dia do meu nascimento que a minha mãe se tornou mãe. Foi nesse dia que ela entendeu o valor da minha avó. Foi no dia 10 de outubro de 1982 que a minha mãe deixou de ser filha e passou a ser mãe, e hoje eu sei que o dia do nascimento de um filho é um dia mágico, de transformação, todo especial e que nunca sai da memória de uma mãe. Já ouvi milhares de vezes a história de como foi o dia que eu nasci, e há 29 anos ouço exatamente a mesma coisa com toda riqueza de detalhes que jamais serão esquecidos.

Acho que depois disso, meus aniversários nunca mais serão os mesmos. Talvez eu continue me sentindo triste, deprimida quando for chegando a data, mas com certeza essa será sempre um dia de comemoração... comemoração pelo dia que a minha mãe virou mãe.

Depois das emoções da noite, vim pra minha casa e na hora de dormir fui fazer meus agradecimentos à Deus, por mais um dia superado. Durante minha oração, o barulho emitido pelo mensageiro  dos ventos que minha vizinha tem pendurado na área me chamou a atenção. Era um som singelo, parecia uma harpa, totalmente diferente do barulho que faz todos os dias. Durou alguns segundos, e silenciou. Durou o tempo suficiente pra fazer me arrepiar e pensar nele. Senti uma sensação de paz, de calma e então em oração pedi um sinal. Pedi que se o que eu estava sentindo fosse real, que o mensageiro dos ventos soasse outra vez. Pedi, pedi, pedi e quando estava quase desistindo de acreditar, o sinal se confirmou: novamente um barulho de harpa, dessa vez mais baixo e mas rápido, mas o tempo suficiente pra eu entender o recado. Agradeci a Deus pela oportunidade, pelo merecimento e ao meu filhote, por estar sempre perto de mim.

Depois disso, o mensageiro dos ventos silenciou  e enquanto eu estive acordada, não soou mais.

Com certeza, não foi um aniversário como eu gostaria que fosse, mas sem sombra de dúvidas, foi muito especial.

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