domingo, 11 de dezembro de 2011

Promessa é dívida [a minha tá paga]

Quando descobrimos que o João Pedro teria HDC, eu entrei em desespero (como todas as mães que descobrem isso) e me apeguei a tudo que me desse esperança de poder ter meu filho comigo.

Fui batizada, crismada e me casei na igreja católica. Quando criança cheguei até ser coroinha e na adolescência tentei participar de grupo de jovens, mas isso nunca durou muito e nunca fui assídua á religião. Era bem daquele tipo de pessoa que só lembra de Deus na hora que precisa. E foi justamente na hora em que mais precisei que me grudei a Ele por todos os caminhos. Busquei auxílio pela igreja Católica, no centro Espírita e amigos de outras religiões compartilhavam orações em meu nome. Universal, Batista, Graça de Deus, Luterana.... em tudo que era igreja as orações eram feitas e eu acreditava no poder de todas. Por algum caminho Deus tinha que me ouvir.

Hoje quando me perguntam qual é a minha religião, eu não sei direito o que responder, prefiro dizer que sou de Deus, e Deus pra mim é uma fonte de energia. Frequento muito mais o centro espírita, pois lá é onde encontro repostas pras minhas perguntas. Mas nem por isso deixei de ter fé e acreditar no poder dos santos da Igreja Católica.

Dia 8 de dezembro é dia de Nossa Senhora da Conceição. Ela é padroeira da minha cidade e da igreja em que me casei. Essa igreja é a mais movimentada de Sapucaia, e quem reza as missas lá é o famoso Padre Adilson. Todos os anos nesse dia é feita uma missa campal (no pátio da igreja) e ao fim dela todos seguem em procissão.

Eu havia feito uma promessa de que se Deus permitisse que o meu filho  ficasse comigo, eu o levaria na procissão vestido de anjinho durante 7 anos. Não foi permitido que ele ficasse comigo, mas Deus me deu a graça de tê-lo, por apenas 28 horas, mas eu o tive e pude vê-lo com vida. O que para muitos não significa nada, pra mim hoje vale como um grande presente. Por isso resolvi que iria na procissão mesmo assim. Claro que não foi uma promessa completa, eu não tinha ele no meu colo vestido de anjinho, mas tinha ele no meu coração.

Chegamos cedo e procuramos um lugarzinho pra se enfiar no meio da multidão. Estava muito ruim de acompanhar a missa, pois tinha um pouco de vento e isso dificultava pra ouvir os padres. Mas mesmo assim ficamos acompanhando e rezando. Rezei muito e pedi a Deus que acalentasse o coração de todas as mãezinhas que perderam seu filhos, nãos só por HDC, mas todas que sofrem a falta de um filho. Rezei também pelas crianças que deixaram seus pais, pedi que Deus permitisse que todos eles fossem bem recebidos e que encontrassem a alegria no céu. Rezei muito por todas essas crianças que tiveram HDC que hoje estão com suas famílias, pedi que Deus as proteja e que permita que possam gozar de boa saúde e que suas famílias tenham força para encarar as dificuldades.

A missa seguiu e na hora da comunhão , eu preferi não comungar, afinal não sei mais se sou católica, tendo em vista tantas experiências que tenho no centro espírita. Então optei por ficar em oração, pensando no João Pedro enquanto as pessoas comungavam. De repente fui atraída a olhar pro céu e me deparei com uma linda e enorme lua. Só no sábado entrou a lua cheia, mas na quinta, (dia 8) ela já estava enorme e praticamente completa.

Senti aquilo como um sinal de que ele estava ali comigo. Eu tenho essa coisa de relação da Lua com o João Pedro, já falei sobre isso no blog em vários posts, e pra mim, aquele momento foi sim um sinal de “comunhão” = “comum união” = “estamos juntos”. Me arrepiei, me emocionei e chorei na hora que vi a lua. Certamente ele sabia que eu estava ali rezando por ele, e cumprindo a promessa que fiz por ele.

Estava cheio de mamães com seus filhinhos vestidos de anjinhos, provavelmente pagando promessa também. Várias pessoas distribuindo flores, durante a procissão teve chuva de papel e pétalas. Seguimos o caminho em oração e a procissão terminou na frente da igreja com a coroação da Santa e em seguida iniciou as festividades do Natal Luz da cidade com fogos de artifício e acendimento das luzes da praça central.

A procissão estava muito bonita. Ano passado eu já quis participar, mas como tudo tinha acontecido recentemente e eu ainda estava com os pontos da cesárea, o Amaral me pediu que eu não me expusesse a este desgaste, então acabamos não indo. Mas esse ano não tinha escapatória. Minha promessa foi paga e meu dever foi cumprido.

Com relação a essa “dupla religiosidade”, não me incomodo com isso. Não sei se sou católica, não sei se dou espírita, sei que acredito em Deus e isso sim pra mim tem importância. Hoje vivo em Deus e Deus vive em mim, e não me importa por qual meio ele chegue a mim ou eu chegue a ele.

Não acredito em pecado, não acredito em castigo, e não acredito em demônios, nem em ressureição. Acredito sim que tudo está relacionado com energias (positivas ou negativas) e acredito que cada um é livre pra fazer, pensar e agir como quiser, mas que pra toda ação existe uma reação. A frase “aqui se faz, aqui se paga” eu prefiro trocar por “colhemos sempre os frutos do que plantamos”.

Plante amor, e colherá amor, plante ódio, e colherá ódio.

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