terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Passou... (assim espero)

E os dias mais temidos do ano passaram...

Eu estava “tentando” não sofrer por antecipação, pensando na chegada dos dias 2, 3 e 4 de dezembro, mas foi impossível conseguir resistir aos pensamentos e lembranças desses mesmos dias do ano passado. Tanto que uma semana antes eu praticamente surtei e não aguentei o tirão....
Porém, surpreendentemente os temidos dias foram bem menos aterrorizantes do que eu estava esperando.

No dia 2, dia que o João Pedro comemoraria seu aniversário de um aninho, eu estava com uma certa sensação de felicidade, comentei sobre isso no post anterior.

Naquele dia minha mãe me ligou cheia de dedos, sem saber direito como falar, e então captei a sua intenção e respondi “mãe, não se preocupa que eu to bem, bem mesmo, até me sentindo um pouco feliz”. Minha mãe começou a chorar no telefone, porque na verdade ela tinha me ligado pra me dar os parabéns porque fazia um ano que eu havia me tornado mãe. Ela ficou tão contente de saber que eu estava bem que se emocionou e me disse “filha, nós temos que ficar feliz hoje, porque a final, hoje faz um ano que Deus nos deu o João Pedro”. E realmente foi essa a sensação.

À noite eu fui no centro espírita e rezei muito, conversei com ele nos meus pensamentos e pedi a Deus que tomasse conta do meu menino. E pedi também que onde ele estiver, que pudessem fazer uma festa de comemoração pelo aniversário dele. Mas aí é que me dei conta que no céu, a comemoração só seria no dia seguinte...

Antes de dormir rezei pedindo a Deus que nos desse a permissão de sonhar com nosso pequeno. Que eu e o Amaral pudéssemos nos encontrar com ele em sonho e melhor ainda seria se pudéssemos nos lembrar disso no dia seguinte.  Mesmo estando bem, eu tinha medo de como me acordaria no outro dia, e naquela noite ao invés de um, tomei 2 remédios pra dormir (com o desespero das últimas semanas, tive que me render aos calmantes).

Não sei se Deus atendeu meu pedido, pois quando acordei não lembrava de nada daquela noite. O sono foi tão profundo que poderiam ter levado minha casa e eu não veria nada. Mas estranhamente eu estava bem. Estava consciente do que o dia 3 de dezembro representava na nossa vida, mas sabia que não tinha o que fazer. Então optei por encarar que aquele seria um dia de festa no céu. Sei que é muito “fantasioso” pensar assim, que pareço até infantil acreditando nisso. Mas essa é a saída que eu encontrei pra conseguir driblar o desespero.

Estava em casa, dando um jeito na bagunça, quando minha vizinha me chamou pra me contar sobre a cadelinha que estava grávida do Tião. Contei aqui no blog sobre a importância do Tião na nossa família e do dia em que ele “namorou” pela primeira vez. Pois é, estávamos esperando que a Cindy ganhasse os filhotes perto do Natal, porém ela entrou em trabalho de parto prematuro (igual a mim) e ganhou um filhote antes do tempo. Nasceu dia 2 (mesmo dia que JP), só que na madrugada do dia 3, o cachorrinho morreu (mesmo dia do JP).

A Dani (dona da Cindy), levou ela no veterinário e não tinha uma explicação para o acontecido e para saber se tinha mais cachorrinhos, só esperando ou pagando (caríssimo diga-se de passagem) pra fazer uma ecografia. A Dani optou por esperar pra ver o que aconteceria, já que é praticamente impossível cachorros do porte de chowchow terem apenas um filhote. Até ontem, ainda não tinha nascido mais nenhum e a Cindy estava em depressão e começou a perder bolas de pelo.

Quando recebi a notícia que o cachorrinho tinha morrido, na mesma hora relacionei as coisas, foi tudo igual, até as datas.... Impossível não pensar... Tudo que passamos no ano passado estava se repetindo desta vez com nosso cachorro. Cheguei a comentar com o Amaral que isso parecia uma sina da nossa família, que nem nosso cachorro era capaz de ter um filho. Fiquei triste, comecei e entrar naquele clima de relembrar as coisas, mas graças a Deus e ao Amaral, que me encheu de carinho, logo consegui sair disso. Estava decidida a não sofrer e ia fazer de tudo pra não pensar. O fato de não termos mais um filhote do Tião me deixou triste, mas certamente não faltará oportunidade...

O resto do dia consegui me manter legal. Almoçamos com a família do meu cunhado e nos divertimos muito. À noite jantamos na minha cunhada e espaireci. Todos estavam colaborando e o assunto que era temido para aquele dia não era comentado. Vencemos mais um dia.

Então chegou dia 4, que era o dia que marcava a despedida. Realmente esse é um dia terrível de relembrar, mas este ano, minha irmã e meu cunhado nos convidaram a participar da festa de final de ano da empresa que eles trabalham. A festa acontece numa fazenda e tem o dia livre com piscina, atividades esportivas, barraquinhas de petiscos e bebidas. Era um dia cheio, e não daria tempo de pensar em nada além de aproveitar o dia.

O meu cunhado tem um irmão com síndrome de Down e o levamos junto na festa. Passei o dia junto com o Cícero e por diversas vezes parei pra observar o quanto ele é especial. Especial não por ser “especial”, mas sim porque ele é como qualquer outra pessoa, se relaciona com todo mundo e tem uma vida ativa que bota qualquer um no bolso. Aquele dia pra mim foi um dia de aprendizado em todos os sentidos.

Embora o Cícero tenha 16 anos, ele é como uma criança, e meu dia foi dedicado a fazer o dia dele mais feliz. Então fui com ele pra piscina, dançamos, comemos, fiquei com ele na fila pra chegada do papai Noel... enfim, foi um dia muito cheio e divertido, que encerrou com a nossa ida pra casa ouvindo o frustrante Gre-Nal e rindo com o desespero do Cícero a cada lance do Grêmio.

Segue uma fotinho dele com o bom velhinho...
Acabou.... os dias 2, 3 e 4 de dezembro passaram e eu consegui sair viva deles. Todo aquele medo que eu sentia estava apenas na minha cabeça, mas quando eu me decidi a ouvir a voz de Deus e não dar atenção à tristeza, eu consegui perceber que o medo é uma coisa que nós mesmos inventamos.

Senti como se um ciclo estivesse se fechando, como se estivesse completado e encerrado um período de sofrimento e lembranças tristes.  É claro que todo ano estas datas serão lembradas, mas pelo menos agora eu sei que o “medo” da chegada delas, não faz sentido nenhum. Durante estes dias percebi que estava rolando na televisão a propaganda de final de ano da Globo, e desta vez a famosa letra da música me tocou.

“Hoje, é um novo dia de um novo tempo que começou
Nesses novos dias, mais alegrias serão de todos é só querer
Todos os nossos sonhos serão verdade, o futuro já começou...”

Um comentário:

  1. Grayce, nossa! Q post foi esse? Chorei e me arrepiei tda a cada linha!

    Guria, não sabe como fico feliz em saber q estão bem... Sei que as lembraças ficarão para sempre em vcs, mas vc tirou de letra!

    Parabéns pela força!

    Beijao

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