segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Descobrindo várias coisas

Na última sexta-feira, dia 26, teve uma palestra no centro espírita com o título “A criança e seu desencarne”. Lógico que eu ia participar. A palestrante era uma médica pediatra de Brasília que usa a espiritualidade no atendimento aos seus pequenos pacientes.

Fomos eu, o Amaral e a Daia (minha cunhada) para assistir a palestra. A casa estava lotada, e a maioria das pessoas eram trabalhadores do Boa Nova e pessoas que perderam crianças na família.

A palestrante iniciou falando que decidiu abordar esse assunto nas suas palestras porque a morte de uma criança é sempre mais dolorosa, e por ser tão dolorosa, é pouco tocado no assunto, mas ela achava que exatamente por isso é que deveria se falar mais, porque o sofrimento da família nestes casos é tão grande, que precisa um respaldo. E que que na maioria dos casos, quando há o desencarne de uma criança, mesmo que não haja culpa de ninguém, as mães acabam se culpando, sempre acham que poderiam ter feito algo a mais pra salvar a vida de seu filho.

A medida que ela ia falando, eu ia me identificando e era impossível conter a emoção. Eu me culpei muito no início, tanto na perda do João Pedro quanto quando houve o aborto. É impossível a gente não se sentir inútil, responsável por tudo o que está acontecendo. Eu me sentia uma incompetente, incapaz de poder gerar um filho sadio e por um certo tempo acreditava que era culpa minha o João Pedro ter tido HDC e a outra gestação não ter evoluído. Mas graças a Deus e ao auxílio espiritual que tive no Boa além do apoio total da minha família eu consegui me desligar desse sentimento.

A palestra seguiu e foi sendo falado sobre o plano espiritual, sobre quem recebe as crianças desencarnadas, onde elas ficam, quem as cuida. A palestrante foi falando exatamente aquilo que eu tinha dúvida. Acredito que exista vida em um outro plano, mas sempre me perguntava como o João Pedro estaria vivendo neste plano sendo tão pequeninho e indefeso. A medida que a palestra foi transcorrendo as minhas dúvidas foram sendo respondidas e o meu coração foi ficando menos apertado.

Teve alguns fatos que me chamaram muito a atenção.

Explicaram que no plano espiritual existem creches e escolinhas iguais as aqui da Terra. Nessas escolinhas há um trabalho mútuo, pelo bem da criança desencarnada e das mães que ficam aqui neste plano.
Lá as crianças estudam, brincam, cantam, fazem todas as atividades normais de uma criança para o desenvolvimento e evolução de seu espírito e durante o sono físico das mães aqui na terra, as babás dessas creches, vêm até aqui, buscam o espírito destas mães e as levam ao encontro de seu filhinhos. Quando a palestrante falou isso, ela concluiu perguntando quantas mães que perderam filhos já não haviam sonhado com seus pequenos, que estavam se encontrando em um lugar belo, cheio de vida e que aquele “sonho” parecia real..... Eu não suportei o engasgo na minha garganta e cai no choro. Diversas foram as vezes que tive esse tipo de “sonho”. Num deles lembro nitidamente e eu estar num campo lindo, com uma árvore enorme e de repente ver o João Pedro, aparentando ter uns 2 aninhos, bem branquelo, vestindo um macacão de jeans azul correndo de bracinhos abertos e na pontinha dos pés vindo ao meu encontro, e quando nos abraçamos foi como se realmente estivesse acontecendo. Agora sei, que realmente estava acontecendo.

Sempre me perguntei porque toda vez que eu sonhava com o João Pedro, ele nunca era uma bebezinho de colo e sempre parecia ser uma criança na faixa dos 2 aninhos. Lá na palestra e nos livros que tenho lido eu encontrei essa reposta: quando uma criança desencarna, ela é imediatamente resgatada e levada a uma local tipo um hospital, onde passa por um período de recuperação. Por mais que fisicamente se pareça com uma criança, seu espírito é um espírito maduro, pois já viveu outras vidas e tem consigo uma bagagem. A medida que esta recuperação vai acontecendo no plano espiritual, o espírito da criança vai tomando consciência de sua situação e quando enfim se dá conta de tudo e percebe que está do outro lado, começa a por em prática o conhecimento que seu espírito adquiriu em outras vidas, e pode assumir a forma física que desejar, podendo ser um bebê de colo, ou uma criança maior. Tudo depende do grau de evolução do seu espírito e do seu merecimento.

É sim um pouco complexo isso tudo, eu mesma ainda tenho minhas dúvidas. Tanto que tomei a decisão de iniciar oficialmente no grupo de estudo doutrinários. Eu tenho muitas curiosidades e dúvidas. Sempre fui o tipo de pessoa que pra acreditar em algo, preciso me convencer por mim mesma, e pra isso eu preciso buscar as evidências. Já vivi tantas experiências confortadoras, mas ainda quero mais, não quero apenas me contentar com o que me dizem, quero entender tudo que acontece.

Durante a palestra foi falado também nos porquês da morte na infância, e neste momento me vi totalmente dentro do exemplo citado. A palestrante explicou que toda morte, com exceção do suicídio, está programada. Que todos nós antes de nascermos já fizemos um acordo de tudo que iremos passar neste plano, inclusive de como e quando morreremos. Ela explicou que muitas vezes, um espírito pede e combina uma vida curta para fazer com que os pais que receberem este filho busquem o caminho de Deus através dele. Deus é tão perfeito em suas obras, que sabe que se não for pelo amor a um filho,  talvez os pais não se mobilizariam em buscar o amor divino.

Me vi totalmente nesta situação. Desde adolescente eu sempre tive vontade de ir a um centro espírita, mesmo tendo sido criada para uma educação católica, mas não praticante. Fui batizada, fiz 1ª comunhão, crisma e recentemente me casei na igreja católica, mas sempre tive curiosidade de conhecer o espiritismo, pois desde cedo eu sempre fiquei impressionada com meu sexto sentido e queria saber o que é que tem por trás disso, mas acabei nunca procurando uma casa espírita.

Até tentei umas vezes ir, mas no meio no caminho alguma coisa me desviava, ou um passeio com as amigas, ou o local estava fechado.  Talvez naquele momento Deus já estivesse me chamando, mas eu, pelo meu livre arbítrio, optei em me omitir. Só que quando descobrimos a HDC do João Pedro, depois que eu recobrei a consciência, foi a primeira coisa que eu quis fazer. Liguei pra minha prima e pedi que ela me levasse no Boa Nova. E desde esse dia, não parei mais de frequentar. As pessoas buscam uma casa espírita pelo amor ou pela dor. Na maioria das vezes, como foi o meu caso, pela dor.

Deus viu que a única forma de me levar a Seu encontro era através da minha busca pelo meu filho, e quem sabe essa foi a forma que Ele encontrou de me levar até Ele e fazer ficar ao Seu lado.

Claro que tudo isso é muito hipotético. Para muitos isso é um absurdo, uma ilusão, uma coisa sem pé nem cabeça. Muitas pessoas me perguntam se me faz bem ir ao centro espírita, se eu não estou me iludindo. Se estou, eu não sei, mas que me faz muito bem, ah faz....

Vi uma frase no facebook de uma amiga e achei bem interessante: “a nossa vida tem a cor que a gente pinta”. Fui a fundo nessa analogia e interpretei que nós é que escolhemos como queremos ver a vida, se cinza ou cor-de-rosa. Nós é que escolhemos a forma como queremos viver, se felizes ou tristes. Óbvio que para uma pessoa tomar estas decisões sozinhas e conseguir aplicar na realidade ela tem que ser um ser muito iluminado. Como eu ainda não cheguei neste patamar, busco formas que me ajudem a me manter cor-de-rosa, alegre e acreditando que um dia tudo será explicado.

O que quero dizer é que nem eu mesma sei se isso que eu acredito é realmente verdade, mas alguém sabe me dizer o que é a verdade? A verdade está dentro do coração de cada um, a verdade é quilo que te faz bem, a verdade é aquilo que te conforta e que te deixa feliz, independe de que verdade seja essa. Eu sou feliz porque sou gremista, o Amaral é feliz porque é colorado, cada um à sua escolha, feliz à sua maneira. O que temos que aprender é a não julgar as pessoas. Cada um tem o direito de ser o que quiser e de acreditar no que quiser acreditar e não temos o direito de julgar e criticar as escolhas de cada um.

Enfim, acabei desviando do assunto inicial que era a apalestra, mas me empolguei tanto escrevendo que deixei fluir....

Bom, no final das contas, a palestra foi muito proveitosa. Mesmo sendo um assunto delicado, que me fez aflorar a emoção, aprendi mais algumas coisas que confortaram meu coração e que com certeza me darão força para seguir meus passos.

Nesta semana inicio uma nova caminhada, em busca de mais conhecimento e quem sabe com isso, poder ajudar as pessoas, se elas se permitirem, claro. Quero aproveitar e dedicar este momento da minha vida ao meu filho, que só por ele é que estou vivendo, e só por ele é que encontrei o caminho de Deus. Mesmo não tendo ele em meus braços, esse anjinho mudou a minha vida. E hoje posso repetir com firmeza uma frase de Chico Xavier: “Só existe algo mais marcante que perder um filho: descobrir que ele continua VIVO”.

Fiquem com Deus.

Um comentário:

  1. Grayce fico feliz q esteja seguindo seu caminho e encontrando suas respostas!

    Beijao e continue com Deus!

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Obrigada por comentar.
Fique atento(a), pois respondo os comentários no próprio comentário.
Abraço, fique com Deus